Dias Tranquilos no Palácio

139 21 3
                                    



             "Vamos, milady..." – incentivava Cecilly. "É só seguir os passos! Um pra cá, um pra lá... sempre no ritmo da música! Agora, uma rodada e vamos repetir..."

             "Eu avisei que não sabia dançar..." – respondeu Dipper, tentando acompanhar os passos. "Na verdade, acho que nasci com dois pés esquerdos!"

            "Ah, ah, ah, ah... essa foi boa!" – Antonella gargalhou. "Eu também pensava assim... Mas aprendi e agora consigo dançar até com os olhos fechados!"

           Dipper se esforçava, mas continuava errando. E as garotas, pacientemente, o corrigiam e o incentivavam. Assim que a música parou, ele estava exausto. Ele sentou-se na poltrona para recuperar o fôlego. Uma das novas atividades era a aula de dança, após o almoço. Pela manhã, havia as provas com os novos vestidos e aulas de etiqueta. Cecilly o ensinava a usar os talheres, tomar chá, enfim, coisas que uma rainha deveria saber fazer com classe e elegância.

            "Sei que é cansativo, milady... mas precisa saber dançar!" – Antonella avisou. "Em breve, teremos um baile e milady terá que dançar com o rei. É a tradição que o rei e a rainha iniciem o baile..."

            "Um baile? Eu... eu nunca... fui a um baile! Nem sei como é..." – Dipper confessou, envergonhado.

               "Nunca foi a um baile, milady? Nem mesmo em sua casa?!" – espantou-se Cecilly.

              "Não... quando havia uma festa, eu ficava na cozinha para lavar louça ou arrumar as bandejas. E depois tinha que limpar tudo, antes de dormir, quase de manhã. E quando a família ia a um baile, eu era obrigado a esperar acordado para ajudar a Senhora a trocar de roupa... e era castigado se estivesse cochilando, mesmo após trabalhar duro o dia inteiro. E tinha que lavar as roupas, antes de finalmente poder dormir. Isso quando não amanhecia antes de terminar de lavar..." – Dipper revelou tristemente.

             "Isso é cruel... essa mulher era um monstro!" – Exclamou Antonella, horrorizada.

              "Ela era minha progenitora! A mulher que me pôs no mundo..."- respondeu ele.

              Sem falar mais nada, Cecilly e Antonella se aproximaram e abraçaram Dipper com carinho... Elas o confortaram em silencio. Ambas pensavam a mesma coisa: a rainha não havia merecido passar por tanto sofrimento, principalmente, por causa daquela que seria sua mãe. Uma mulher maldita que desonrava a maternidade.


           

             Naquela noite, como de costume, Dipper foi levado à presença do rei para jantar. Novamente, Bill lhe perguntou como passara o dia.

            "Foi até divertido... senhor meu rei!" - respondeu Dipper ainda tímido.

             "Chame-me de Bill, Pinetree... nós estamos sozinhos! Não há necessidade de termos tanta formalidade"- Bill pediu suavemente.

             "Desculpe-me... eu esqueci, meu rei, digo, Bill!" – Dipper respondeu humildemente.

             "Não precisa se desculpar... Pinetree! Eu não estou zangado com você! Nada do que faça irá me aborrecer... nunca!" – Bill sorriu, mesmo sabendo que Dipper não veria seu sorriso. "Eu sei que esteve tendo aulas de dança..."

           "Sim... Cecilly e Antonella estiveram tentando de ensinar a dançar. E também a me comportar como uma rainha! Elas disseram que teremos um baile em breve. E que eu terei que dançar com você, Bill!"

Os Dois PinheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora