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                                    Eleanor

 Chegar no aeroporto de Birmingham me trouxe muitas recordações da minha adolescência

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Chegar no aeroporto de Birmingham me trouxe muitas recordações da minha adolescência. Eu nasci em Boston e quando cheguei aos 13 anos vim morar em Birmingham com meu pai. No ensino médio aqui eu não fui lá aquelas populares. Na verdade eu só havia tido dois amigos, Linda que ainda estava por aqui, mas que por causa da minha volta para Boston acabamos perdendo contato. E Arthur, que hoje eu sei que está com Linda. Na verdade, Arthur nem sei se lembra de mim, eu lembro apenas que ele tinha irmãos e que gostava muito de brigar.

Passou 10 anos desde a ultima vez que estive aqui, assim que terminei meu ensino médio voltei para Boston e cursei medicina, fiz a residência de 2 anos e fiquei mais 3 anos trabalhando na área de cirurgiã. Estou voltando para Birmingham mais pelo meu pai. Ele está doente e eu vou cuidar dele a partir de agora. Nunca perdi contato com ele e ele sempre estava indo me visitar em Boston, então posso dizer que minha relação com ele é boa.

Quando sai da área de desembarque, fui direto para onde meu pai ia estar, assim que o vi corri até ele e dei um abraço apertado. Eu estava com muito medo de perde-ló e iria fazer de tudo para salvar sua vida. Ele estava com um tumor muito próximo ao coração e por "sorte" era a área que eu havia me especializado.

- Oh minha menina, que saudade eu estava de você - ele disse me soltando e me puxando pela mão em direção ao carro.

- Eu também estava pai e vim especialmente para cuidar de você.

- Pretende ficar por aqui quando eu partir? - disse em tom mais cabisbaixo, está a nítido que ele estava com medo de morrer.
- Pai, eu vou fazer de tudo para garantir que o senhor ainda viva muito, e sim vim para ficar. - digo e o vejo sorrir enquanto liga o carro e da partida.
- Está com fome querida?
- Faminta na verdade, poderia ir ao Garrison? Ouvi dizer que agora deixou de ser um bar pra bandido e virou o melhor hambúrguer de toda essa cidade.
- Com certeza filha, mas você tem que saber que por aqui ainda existem um grupo que domina essa cidade, o prefeito não faz nada sem autorização deles. De um em especial. - meu pai virou à esquerda indo em direção ao bar que agora também era restaurante.
- De quem o senhor está falando? - me deixou intrigada, achei que Birmingham já havia se desprendido desse tipo de "política".
- Os peaky Blinders, o líder é o Thomas Shelby, são pessoas boas até certo ponto, eu mesmo era muito amigo da Polly, mas hoje em dia mal a vejo por aí. - ele da risada e depois fala - também né, seu velho não aguenta mais um gato pelo rabo.
Dou risada junto ao meu pai, peaky blinders... eu havia escutado algo sobre eles e até onde sei, Shelby era sobrenome do Arthur, será que são os mesmos? Será que ele estaria dominando essa cidade junto com sua família? Meu Deus em pleno século 21 ainda existem essas coisas. Meu pai vira mais uma vez a esquerda e então para em frente ao Garrison. Eu vinha aqui com meu pai na minha adolescência, jamais vim sozinha ou com Linda que era minha amiga. Me pergunto como ela está, além do que via pela página dela no Facebook, queria falar com ela, ver ela. O bom é que agora tenho todo tempo do mundo pra tentar reaver nossa amizade.
Desço do carro junto a meu pai e entramos no bar, estava lindo por dentro, eles continuaram apenas com a fachada de fora, mas por dentro estava tudo mais moderno e climatizado, apesar de fazer frio do lado de fora. Procuramos uma mesa e nos sentamos, senti olhares pra cima de mim e apenas ignorei. Era bom estar de volta.
Pedi hambúrguer e batata frita, e meu pai ficou apenas na salada e suco, ele não podia ficar comendo essas coisas até a cirurgia acontecer. Conversamos bastante sobre como as coisas mudaram desde a última vez que estive aqui e enquanto conversávamos, percebi olhares direcionados a mim. Eram os mesmos olhares de quando eu entrei, porém só agora parei para prestar atenção. No canto ao meu lado a umas 4 meses de distância estavam 3 homens e uma mulher sentados e conversando, dois deles me encaravam direto, mantendo seus olhares fixos em mim até quando alguém falava com eles. Os dois estavam de terno muito bem colocados e provavelmente muito caros, ambos tinham olhos azuis e eram muito, muito bonitos.
Meu pai é claro notou os olhares para nós e percebeu quando eu os olhei de volta.
- Esses são os caras do qual falei no carro, os Peaky Blinders. Parece que estão sempre andando em bando. - ele deu outra risada e tomou outro gole de suco - não gostaria muito de você andando com qualquer um deles, mas aí quem decide é você.
- Quem são os dois me encarando? - perguntei deixando de olhar para eles, afinal não queria ser morta já que eles eram perigosos.
- Thomas e John Shelby. Não me espantam estarem TE olhando, você é a mulher mais linda que já pisou nessa terra Birmingham.
Ri com seu comentário, ele sempre falava isso pra mim desde pequena. Os quatro continuavam ali perto conversando e bebendo, eu apenas evitei olhar para eles, mas sentia seus olhares queimando sobre mim.
Olhei para a porta e em seguida duas pessoas entraram, um homem e uma mulher. De começo eu não reconheci, mas depois eu a vi. Linda estava bem na minha frente e quando seu olhar parou em mim, a mesma congelou e eu também. O olhar assustado logo virou um sorriso de orelha a orelha e então a mesma gritou:
- ELEANOR - e correu até mim. No mesmo instante me levantei e olhei para a mesa perto de mim, os rapazes olhavam curiosos pra cena. Ela praticamente pulou em mim e me abraçou, eu a abracei de volta. - Garota quanto tempo eu não vejo você, 10 anos? Como você está espetacular de bela. Eu sinto muito ter perdido contato com você - disse me puxando pra mais um abraço.
- Eu que peço desculpas, depois que fui para Boston o único com quem falei daqui era meu pai, perdão Linda.
- Então aí está você, ficou mais bonita desde o ensino médio - dessa vez foi o homem ao lado de Linda que falou.
- Arthur? Tipo, Arthurito? Aí meu Deus eu não te reconheci, você deixou de ser feio - eu e ele demos uma risada e nos abraçamos - não acredito que é você! Nossa, eu só tinha visto que vocês estavam juntos, casados. Uau!
- É Eleanor, muita coisa mudou nesses 10 anos. Olá senhor Ross, como vai? - Arthur cumprimentou meu pai.
- Muito bem Arthur, mas não graças a você seu pentelho - estranhei meu pai falar assim, mas aí lembrei que no ensino médio, Arthur sempre atentou meu pai e tinha muito respeito pelo mesmo.
- Olhe lá hein senhor Ross, ainda tá em forma pra cair na porrada comigo - falou dando risada - então Eleanor, meus irmãos estão ali, quero te apresentar a eles, o que acha? - me perguntou se direcionando a mesa onde estavam os dois que me encaravam.
- Você tem que conhecer a família Shelby, Els. Afinal, sua melhor amiga do ensino médio é uma.
Olhei para meu pai e o mesmo mostrou certo desconforto, mas depois assentiu em eu ir conhecer os Shelbys.
- Vá filha, daqui a pouco preciso voltar para casa, se quiser pode me levar e depois voltar aqui.
- Tudo bem pai, já volto pra levar o senhor. - falei e sai em direção a Linda.
Rapidamente ela já me puxou e me colocou ao seu lado e então os vi de perto, eram todos lindos, mas Thomas e Jhon em especial, tinham toda minha atenção. Todos na mesa ficaram seus olhares em mim, mas apenas os dois não desviaram e pareciam que me analisavam de perto. Não estavam sérios, mas também não estavam descontraídos. Pareciam intrigados.
- Família, essa é Eleanor, estudei com ela no ensino médio e éramos muito amigos, mas essa pentelha resolveu voltar para Boston e nos deixou sem notícias durante 10 anos - Arthur me apresentou para a família que se antes pareciam estar intrigados comigo, agora eu tinha certeza que estavam.
- Não fiquei sem dar notícias, tentei procurar vocês, mas nunca me responderam. E vocês sabem que fui pra estudar medicina - falei em minha defesa. Quando ele falou pela primeira vez em minha direção:
- Então estamos diante de uma médica? -
A voz de Thomas sai em seguida que ele soltou a fumaça do cigarro pela boca, meu coração acelerou com o olhar que ele lançou sobre mim.

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