C A P I T U L O 01

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eu sou tão novo para me sentir tão
vazio, vazio, vazio vazio.

Música: Feel something, James Young.

Emma Darvis conhecia bem o que era Solidão

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Emma Darvis conhecia bem o que era Solidão.

Grande parte dos que ajudava estavam sozinhos por ai. Em sua própria solidão. Estar sozinha também fazia dela uma moradora da solidão? Não sabia dizer. Boa parte de sua vida, até os 15 anos especificamente, esteve sempre rodeada de muitas pessoas. Acho que solidão se encaixa apenas em quem passou a vida inteira sozinho. Não era o caso dela.

Talvez envolvesse nunca ter o que fazer ou a cabeça sempre vazia, pensava, mas em boa parte do tempo Emma tinha seus pensamentos ocupados, estava sempre fazendo alguma coisa; sendo sempre solicitada. E nós raros momentos em que não acontecia, percebia sua órbita girar em torno de uma única coisa: carreira.

Todos pensam sobre isso. Aos 5 anos. Aos 10. Aos 13. Aos 18. Aos 30 também. Até no leito de morte, quem sabe. A única diferença entre as fases são as respostas, a medida que se vai crescendo. Bom, torcia para que os outros tivessem o que ela não pode ter: A opção de escolha. Seu futuro já estava pré-determinado antes que viesse ao mundo. Na verdade, esse "pré" só existiu porque houve um erro no meio do percurso, que seus criadores não contavam.

Criada para ser uma máquina de matar, Emma foi milimetricamente calculada e esperada. Treinada para ser a melhor caçadora. A perfeição que os gregos buscavam. Nascida com o propósito de exterminar o sobrenatural. Entretanto, não há como controlar a ordem natural da vida. E, ironicamente, a que deveria aniquilar os seres sobrenaturais é aquela destinada a protegê-los. Não é algo que se ignora, finge não estar ali, mas ela bem que tentou. O esforço até foi válido. E até poderia desistir do "emprego", se não fosse sucessora de um papel tão grande.

Os Protetores surgiram ao mesmo tempo que os primeiros seres sobrenaturais. Eles viajam pelo mundo protegendo-os de caçadores e sobrenaturais que ameaçam outros. Alguns protetores nascem designados a uma alcateia específica, e navegam pelo mundo em busca dela, outros são destinados ao mundo.

Porém, é relevante destacar que Emma tinha uma pequena diferença em comparação ao seus antepassados: as vozes em sua cabeça. A garota não sabia, mas nenhum protetor tinha esse dom. Na verdade, nem ao menos sabia que já existiram outros como ela, apenas que seu destino era proteger aqueles que foi treinada a vida inteira para matar. Soube disso por uma leoa.

Os Protetores tinham um animal como guia, cada um recebia um diferente. Um macaco, um gato, um cachorro, papagaio, uma baleia, um peixe. As possibilidades eram infinitas. Emma tinha Nala, na qual apelidou carinhosamente. Não, o animal não falava em si, como em desenhos animados, mas os protetores tinham uma conexão com eles e os entendiam.

E era em Nala que Emma pensava neste exato momento. Tinha acordado aquela amanhã atordoada depois de uma revelação, podemos dizer, mas que Emma considerava chamar de pesadelo, e a leoa não tinha aparecido, como sempre fazia. Dessa vez tinha sido diferente. Normalmente ela apenas vê algo que identifique onde estariam precisando de ajuda e qual era o problema, caçadores ou outros seres sobrenaturais. Dessa vez as vozes em sua cabeça gritavam, algo ainda incompreendido por ela que pensava sobre desde que acordou. Via silhuetas, um cabelo ruivo, um braço com uma tatuagem, folhas secas no chão, uma árvore cortada, ouvia uivos e uma placa de cidade. Tinham vozes, achava ser das pessoas ali, mas as vozes de sua cabeça gritavam por cima.

"Nós damos um jeito. Eu dou um jeito."

"Somos irmãos agora"

"Eu era um coiote"

"Eu com muita vontade de gritar"

Não podia esperar. Talvez o animal aparecesse depois, quando estivesse a caminho, torcia por isso. Arrumou as malas e foi ao banheiro fazer as higienes antes de entregar as chaves. Mas, ao se olhar no espelho encontrou o problema de sempre. Se acha que seja de autoestima, não é. Pelo menos não naquele momento. Era contente com sua aparência, é claro tirando os dias que suas crises resolviam dar um "olá, quanto tempo. Como estão as coisas?" e nos trágicos dias de tpm. Não era nenhuma das duas opções, o problema estava em seu pescoço. Na correntinha que usava. Uma estrela do mar. Todos os dias que se olhava no espelho, tentava não olhar para aquela parte do corpo e falhava miseravelmente, é claro. Talvez fosse mais fácil joga-la em algum oceano ou lago artificial por ai, pensava. Mas nunca tinha coragem. Era a única lembrança que tinha coragem de ainda olhar. E a convicção de que foi real.

- Olá, bom dia. Quero fazer o check-out, por favor. - ofereceu um sorriso fechado, mas sincero, a recepcionista do hotel e esperou.

Vinte minutos depois estava dentro do seu carro, abrindo o teto solar e saindo do drive tru da lanchonete mais próxima com um copo enorme de frapuccino, seu favorito, e vários croissants. Eram dez horas de viagem e precisava se manter acordada. O que seria fácil, já que as vozes pareciam inquietas hoje. Não estavam gritando como no sonho, pelo menos, e isso já era alguma coisa.

Sua próxima parada era Beacon Hills. E algo a dizia que seria por muito tempo.

 E algo a dizia que seria por muito tempo

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