2. Levo o mendigato para almoçar.

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Levo o mendigato para almoçar.





— Desista. Esse nó é de marinheiro, ninguém consegue escapar, a não a ser a própria pessoa que o fez. — Digo para o tal Magnus que mordia a corda amarrada em seu pulso, tentando se livrar do nó, como um verdadeiro selvagem.

Após ouvir o que eu disse, ele para de tentar morder a corda, percebendo o quão inútil é o que está fazendo e então bufa batendo a parte detrás da cabeça contra a parede de tijolos exposta do beco, do qual Carlos e eu o arrastamos contra sua vontade, depois que peguei uma das cordas grossas — que comprei em uma das lojas de ferramentas de Boston — e a amarrei em seus pulsos fortemente.

— O que vão fazer comigo?

Sorrio diabolicamente.

— Não sei... Mas vender seus órgãos no mercado negro, me parece uma ideia tentadora... — Ele me olha assustado e em seguida Carlos me da um cutucão, me olhando feio.

— Precisava mesmo amarrar ele?! — Meu irmão me questiona, irritado.

— Carlos ele é um rato. Assim que conseguisse se livrar do meu peso sobre ele, ele sairia correndo e se esconderia na próxima sarjeta nojenta que encontrasse e você não conseguiria fazer o que quer fazer com ele. Então de nada, honey.

— Você falando assim, nem parece que nós nunca estivemos na mesma situação que a dele.

Trinco os dentes.

— Não é a mesma coisa você sabe.

— Olha... Eu detesto interromper a briguinha de vocês, mas me lembrei de que tenho um compromisso importante, então se me derem licença... — Magnus diz se levantando do chão, mas eu o encaro fuzilando o olhar e prestes a empurrá-lo de novo, mas Carlos me impede de fazê-lo, se colocando entre mim e o ladrãozinho de merda.

— Você é Magnus Chase, certo?

Os olhos cinza do mendigato alternaram, olhando em todas as possíveis direções, provavelmente procurando uma rota de fuga segura. Eu conheço esse olhar, porque, por mais que tento esquecer, eu já fui como ele. Já vivi nas ruas e sei bem como é. Mas isso não significava que o deixaria escapar.

Ele ficou em silêncio por um longo tempo, até ter a decência de responder meu irmão:

— Não. — Diz. — Não sei quem é essa pessoa, mas vocês pegaram o cara errado, então dá para me liberar?!

Cruzo os braços e reviro os olhos.

— Além de um péssimo ladrão fedorento é o pior dos mentirosos. Lamentável... — Resmungo e sinto Magnus e Carlos me fuzilarem com o olhar, como se estivessem juntando forças para iniciarem uma revolta contra minha tirania e humor ácido.

O loiro rapidamente abre e fecha os lábios repetidas vezes na intenção de me responder à altura, mas é rapidamente interrompido por Carlos.

— Não somos policiais ou coisa do tipo. — Meu irmão explica. — Eu sou Carlos e ela é minha irmã, Doraalice. Queremos te ajudar.

— Que forma engraçada vocês tem de demonstrar ajuda... Sempre quando querem ajudar alguém vocês os espancam e ainda o amarram? Que jeito incrível de demonstrar isso. — Mais uma vez ele usa o sarcasmo para nos atingir e por um momento penso seriamente em arrancar a língua fora dele.

— Fale por você, maninho. — Digo. — Por mim, ainda estaria usando ele como saco de pancada. — Respondo mal humorada e Carlos bufa, antes de me encarar com uma expressão que dizia: sério, Dora, você não está ajudando. Em resposta aquela expressão, apenas dou de ombros pouco me importando.

Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora