6. Eu sempre quis incendiar uma escola.

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Eu sempre quis
incendiar uma escola.


EU REALMENTE NÃO ESTAVA nenhum pouco bem. E como poderia estar?

Tinha vomitado nas montanhas uma ou duas vezes, sob as cinzas de Phill, antes de entrar no meu carro e sair dirigindo de volta para casa completamente transtornada e com diversos pensamentos confusos na minha mente. Acho que tinha avançado três ou quatro sinais vermelhos, e por muito pouco, não atropelei um veado no meio da pista, mas posso ter assassinado alguns esquilos inconvenientes, passando com a roda do meu carro sob eles. E outra coisa que por muito pouco não aconteceu foi eu ter quase batido violentamente contra outro carro quando entrei inconscientemente na contra mão na pista.

Não fazia ideia de quantas horas poderiam ser e acho que nem me importava mais. Droga! Tudo realmente estava uma bagunça.

Após dirigir feito uma descontrolada pelas ruas de Los Angeles, não sei como algum policial não me viu ou me parou, mas de qualquer forma estava aliviada por isso não ter acontecido, porque eu não tinha carteira e todos meus documentos eram falsos, decidi estacionar o meu carro em frente a uma loja de conveniência em um posto de gasolina qualquer à beira da estrada.

Repousei minha cabeça no apoio do banco, antes de suspirar pesadamente diversas vezes e rezando para não ter um ataque de pânico. Em um momento em que fui completamente cegada pela raiva, soquei furiosamente e repetidas vezes o volante. Fiquei ainda mais com raiva ao perceber que tinha esquecido a minha arma com as minhas digitais no mesmo lugar onde estava meu vomito e as cinzas de Phil.

Eu não conseguia entender como em um único dia minha vida conseguiu se transformar nesse verdadeiro circo de terror.

Recapitulando... Assassinei meu padrasto e vinguei minha mãe. Meu pai era um jotunn de fogo, pior ainda, ele era Surt, o senhor supremo de Muspellheim e me fez uma proposta tentadora da qual se eu recusasse, ele não hesitaria em matar todos aqueles que eram importantes para mim. E... Ainda tinha a espada do crepúsculo...

Olhei desanimadamente para minha palma da mão vendo a runa hagalaz tatuada ali. Não tinha sido um sonho, ou um pesadelo ou alguma alucinação. Não. Tinha sido tudo real. Céus, eu estava completamente ferrada.

Minha mente estava a mil por hora. Pensando um milhão de coisas, que minha cabeça estava até doendo, muito mesmo. Como forma de calar esses pensamentos, mordi fortemente meu pulso, na tentativa desesperada que a dor da minha mordida pudesse me despertar e me livrar de todos esses pensamentos.

Eu sempre sofri de ansiedade e dessa mania doentia de morder minha própria pele desde que minha mãe morreu. Acho que isso era uma consequência de todo o estresse pós-traumático que sofri por causa dos abusos e da perda violenta que a morte da minha mãe significou para meu psicológico.

Na maioria das vezes, eu ficava com feridas feias de marcas de mordidas por todo meu braço e no pior dos casos, mordia tão forte o interior da minha bochecha ou língua que conseguia arrancar altas quantidades de sangue de mim mesma.  Mas inexplicavelmente eu sempre me curava rápido de uma forma assustadora, as marcas ou qualquer sinal de masoquismo ou maus tratos contra a mim mesma, sumiam rapidamente sem deixar qualquer resquício, nunca me importei com isso antes, agora me pergunto se isso não só acontecia porque era parte jotunn.

Esfreguei meu rosto furiosamente, antes de puxar meus cabelos para trás e segurar a imensa vontade de chorar. Não sabia por que queria chorar, talvez fosse apenas para aliviar toda a frustração, ansiedade e agonia que estava sentindo nesse momento. Respirei fundo, tentando controlar as lágrimas e ardência repentina que sentia em meus olhos e nariz. Sempre que chorava ou algo do tipo, ficava com o rosto completamente vermelho igual a um tomate.

Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora