Capítulo 2

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*sem revisão

Mais um dia de luta chegou e minhas pernas doíam muito pelo tempo que havia ficado de pé no dia anterior. Oh meu Deus, como meu corpo doía. Tomei um relaxante muscular e agradeci por ser sexta-feira e não ter que trabalhar no final de semana. De um lado era uma notícia terrível, eu não estava conseguindo vender todos os doces que eu fazia e as contas não paravam de chegar.

Katherine é uma senhora muito bondosa, ao contrário do Lucian, seu filho. Arrogante e asqueroso eram duas palavras que poderia definir muito bem ele. Toda vez que chegava perto do dia do pagamento, ele ficava o dia inteiro sentado na saída do prédio nos esperando para alertar e soltar suas gracinhas.

Atrasar meus pagamentos começou a virar rotina, então dobrei a minha produção de doces para vender e agora eu passava mais tempo na rua, não queria ter o desprazer de encontrar Lucian ou escutar mais uma das suas obscenidades.

A temperatura havia caído bastante e o tempo pronunciava a chuva que estava por vir. Agasalhei Liz com seu sobretudo acolchoado rosa e fui atrás de uma roupa que fosse quente o suficiente pra mim. Eu não tinha muito e quando sobrava dinheiro, preferia comprar roupas para a Liz. Havia um brechó atrás da pensão, então conseguia comprar por um preço muito bom, às vezes até ganhava de alguma doação.

Meu guarda-roupa me decepcionou no momento em que o abri, não havia nada que pudesse me manter quente o suficiente para hoje, quem dirá para o inverno que estava por vir. Eu estava acostumada com o frio do outono de New York, mas nunca me acostumaria com o inverno. Era muito mais cruel.

Duas blusas de manga comprida, um casaquinho, touca, calça jeans e nos pés meus velhos tênis que já viram menos rasgos e dias melhores. Teria que servir.

— Mamãe, minha amiguinha Aisha disse que eu não ia ter aniverxário puquê a gente é pobre — comentou Liz rodando em frente ao espelho.

— Que amiga! — bufo. — O que você respondeu?

— Eu falei pra ela que eu ia ter sim puquê eu pedi para as estelinhas e sempre se realiza quando a gente pede pra elas, né mamãe? — Ela me encarou com seus grandes olhos verdes e colocou o dedão na boca.

— Eliza Cooper, o que eu falei pra você sobre colocar o dedo na boca? — repreendi, mudando de assunto.

— Tem bactélia. É só um pouquinho, mamãe. Quando você terminar de se tocá eu tiro meu dedinho da boca.

Eu sorri com a ousadia da pequena, ela estava crescendo muito rápido e eu não conseguia acompanhar como queria, precisava garantir nossa sobrevivência e se isso significava que ela deveria estudar em uma escola por um período integral, teríamos que aceitar.

Depois de devidamente arrumada, pegamos nossas mochilas e cesta e descemos as escadas, tendo a infelicidade de encontrar o Lucian parado no portão.

— Sexta-feira, gatinha. Se você não tiver dinheiro para pagar o aluguel até amanhã, podemos fazer um acordo que te garanto, satisfará as duas partes. — Ele arrastou a língua pelo lábio inferior de forma nojenta e meu estômago embrulhou.

— Acertarei minha parte com a dona da pensão, com licença. — Peguei Liz nos braços e nos afastei a passos rápidos. Todo mês era assim, ele tentava levar alguma vantagem tanto minha quanto de Aline. A única que tinha coragem o suficiente para ir para a cama de Lucian era Quênia, uma alemã que morava no terceiro andar e deixava claro que amava sair com ele.

Deixei Liz na escola e segui para o meu semáforo. Sim, após tantos anos nesse ponto acabei tomando posse e o apelidei de meu.

Sexta-feira era definitivamente um ótimo dia para vender doces. Todos estavam felizes pelo final de semana ter chegado então comprometidos os levavam como presente para suas amadas e outras pessoas apenas compravam para saciar seu desejo de açúcar ou ter o seu dia do lixo.

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