Hoseok suspirou pelo o que seria, talvez, a décima vez naquela noite. Coçou discretamente a gola da camisa social rosa bebê, tentando afrouxar a gravata escura na esperança de aliviar a sensação de sufocamento em sua laringe e talvez encontrar o que fazia sua pele coçar tanto. Provavelmente um pedaço esquecido da etiqueta. No entanto, sequer teve a oportunidade de pensar em reclamar daquela situação antes de estar sob o olhar firme, adornado por uma sombra preto e dourado, de Soyeon.
— Não mexa aí — a mulher foi direta, sorrindo falsamente para um dos executivos que a cumprimentou antes de seguir seu próprio caminho. A taça de champanhe em sua mão ossuda permanecia intocada desde o início da pequena reunião, permanecendo entre seus dedos apenas para dar o exemplo e incentivar seus convidados ao mesmo. — Procure Baekjoon para que ele o apresente a algumas pessoas influentes. Talvez ajude a colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça oca.
O moreno revirou os olhos discretamente, mas ainda assim apenas assentiu e ergueu os olhos castanhos para o salão repleto de pessoas que não conhecia - e sinceramente, não fazia questão de conhecer. Levou apenas alguns segundos de observação sagaz para encontrar o anfitrião da festa rindo alegremente da piada que um dos velhos na pequena roda ao seu redor havia soltado. Mesmo que Baekjoon não fosse um homem de sorrisos e risadas, nunca os poupava para seus investidores.
Seguiu em direção ao mais velho por poucos passos, suficientes apenas para que sua progenitora notasse a ação e desviasse a atenção de si, satisfeita. Contou um, dois, três, quatro passos para finalmente se ver livre dos olhos gélidos da mulher. Fez a curva de seu caminho ao redor de uma moça de decote gritante, passou por um homem de bigode francês e sorriu aliviado ao ver sua salvação a poucos metros de distância. As escadas que o levariam direto para o segundo andar e posteriormente, ao seu quarto.
Hoseok prendeu a respiração, já sendo capaz de sentir a euforia crescer dentro de si só com a ideia de que se veria livre daquele lugar o qual, definitivamente, não pertencia.
Só mais dois passos e finalmente poderia se isolar em seu pequeno mundinho particular, bem longe de tudo aquilo.
O rapaz cambaleou alguns metros para trás quando um corpo grande se chocou contra o seu. O barulho alto de vidro se quebrando atraiu a atenção de metade da festa ao mesmo tempo em que sentia a roupa molhada grudar em seu abdômen.
— Ai, caramba! Desculpa, mas foi você que apareceu do nada na minha frente! Você se machucou?
Hoseok piscou algumas vezes, ainda sem acreditar, quando um moço alto e enorme se abaixou na sua frente, catando os caquinhos de vidro das taças que haviam se quebrado e os depositando sobre a bandeja de prata que outrora levava as bebidas inteiras. Da cintura para cima, usava apenas uma camisa de botões branca sob um colete preto e gravata borboleta vermelha. O moreno não demorou muito a associar que era um dos garçons da festa.
— Tudo... Tudo bem — Hoseok assentiu algumas vezes, inconscientemente corando e se encolhendo em suas próprias roupas ao perceber que ainda eram centro da atenção de pelo menos metade dos convidados e de sua mãe, que o olhava com os lábios pintados de vermelho crispados, numa clara desaprovação.
— Desculpa mesmo — o garçom voltou a dizer quando Hoseok se ergueu, batendo as mãos na roupa apenas para se certificar que nenhum caquinho de vidro havia ficado grudado por ali para o machucar posteriormente.
O moreno quis sorrir e até mesmo agradecer, pois agora que estava com o terno arruinado de champanhe, tinha uma desculpa plausível para subir para seu quarto e talvez ficar enrolando por lá até seus pais esquecerem que deveria descer. Não tivera essa oportunidade, no entanto, alguém logo chegou de forma exasperada, afirmando que o garçom seria despedido ou teria parte de seu salário descontado.
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Meu Pequeno Grande Amor
FanfictionNamjoon nunca quis ter filhos ou sequer cuidar de qualquer criança; ele fugia das pestinhas assim como o diabo foge da cruz. No entanto, quando Hoseok o liga de madrugada chorando como uma criança desamparada, o homem se vê incapaz de resistir ao pe...