Encaminhei-me em direção a Oliver e arrastei-o pelo braço, até fora do quarto de Ben.
Sei que tomara a decisão correta - era quase impossível salvar Ben, como Oliver dizia, mas Oliver tinha a vida toda pela frente sem riscos.
- O que és que estás a fazer, Sarah?! - Perguntou Oliver gritando.
- Cala-te! - Reclamei, virando-me para trás e deixando as lágrimas escorrerem-me pelos olhos fechados.
- Sarah, eu não queria que me salvasses. - Reclamou Oliver, agarrando-me nos ombros.
- Não percebes, pois não? - Perguntei, dando-lhe uma chapada nas mãos. - O Ben nunca teria hipóteses de sobreviver, mas tu sim! - Gritei, tentando limpar as lágrimas dos olhos.
- Mas tu e ele...
- Eu não deixo de gostar dele, de maneira nenhuma. - Disse, interrompendo-o. - Nem tu tomas o lugar dele de maneira nenhuma. Só me pareceu a decisão mais lógica. - Expliquei, voltando-me novamente para a frente e começando a andar.
- Obrigado, Sarah. - Agradeceu Oliver, com alguma ternura na voz.
As lágrimas continuavam a escorrer-me pela cara e eu, continuava a tentálas limpar com as mangas da minha camisola.
Ben, nunca, de maneira alguma, deixaria de ser quem era e ocupar o lugar mais importante da minha vida, como sempre aconteceu, mas agora, teria de viver sem a sua presença.
- Casa? - Perguntou-me Oliver, enquanto saíamos do hospital.
- Casa. - Afirmei, saindo pela porta de vidro do edifício.
É estranho como a nossa vida muda do dia para a noite. Toda a nossa vida fica reduzida a situações que deviam ser simples, mas complicam-se de forma quase inacreditavelmente rápida.
Há um ano atrás, eu e Ben estávamos sentados no alcatrão à frente da minha casa a conversar e a rir, e agora, nem nunca mais olharia para a sua cara.
- Vou fazer uma torrada, queres? - Perguntou-me Oliver, descendo as escadas apenas em boxers.
- Não, mas aceito um café. - Afirmei, enroscando-me mais na manta do sofá.
Oliver acenou e desapareceu para dentro da cozinha.
- A culpa não é tua, Sarah. - Disse-me Oliver, entregando-me uma caneca de café à medida que eu me sentava no sofá. - Eles é que têm.
- Oliver, vamos ser realistas e parar de culpar a empresa por tudo o que nos acontece de mal. - Respondi, suspirando e bebendo um largo gole de café. "É amargo como a porra", pensei, enquanto me esforçava para não fazer uma careta, "E tem imensas borras".
- O que é que estás a dizer?! - Perguntou Oliver, carregando o sobrolho. - Sarah, não estás a pensar em desistir, pois não?
- Qual é o objetivo? O Ben morreu, o meu objetivo morreu. - Respondi, deixando que as lágrimas me escorrecem pela cara e caíssem para dentro da chávena.
- Mas que...?! - Reclamou Oliver, levantando-se bruscamente e ajoelhando-se à minha frente. - Sarah, ouve-me, mas ouve-me bem. - Começou por dizer, agarrando na minha cara com as duas mãos. - Há mais pessoas que, infelizmente, morrem porque ninguém lhes avisa dos efeitos secundários daquela merda e tu estás a ser egoísta ao ponto de só pensares no TEU querido Ben. - Oliver olhava-me com o olhar pesado e as lágrimas a escorrerem-me cada vez mais a cada palavra de Oliver. - Chora o que quiseres, mas que não vai desistir, isso é certo. - Reclamou Oliver. - Se o fizeres, então não és a Sarah que me apareceu aqui em casa e gritou comigo, um perfeito estranho, sobre como tinha de ajudar o melhor amigo.
- Para Oliver. - Pedi, soluçando. - Para, por favor.
- Por favor, não desistas. - Pediu Oliver, olhando para os meus olhos castanhos de forma profunda. - Recompõe-te e, quando te sentires melhor, seja hoje, amanhã, ou daqui a um ano, avisa-me e continuamos. Por favor, Sarah. - Disse Oliver, passando a língua nos lábios. Acenei com a cabeça e limpei o meu nariz e os meus olhos com uma das mangas da minha camisola.
- Oliver? - Perguntei, ainda fungando. Oliver largou-me a cara e apoiou os braços nos joelhos.
- Sim? - Respondeu Oliver, ainda olhando para os meus olhos com os seus incríveis olhos cinzentos.
- Abraças-me? - Perguntei, soluçando. Oliver tirou-me a caneca das mãos e sentou-se ao meu lado, colocando os seus longos braços pálidos à minha volta. - Obrigada. - Disse, enquanto deixava a minha cabeça cair no seu peito forte. As minhas lágrimas escorriam-me pela cara e aterravam na sua camisola cinzenta.
- Estou aqui, Sarah.
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The Stranger In Strangers Land
Khoa học viễn tưởngEm 2020, uma empresa bilionária começa a desenvolver novas experiências em seres humanos, para melhorar o físico, a aparência e a inteligência da espécie. Sarah Lawson nunca esperou que na flor dos seus 17 anos tivesse de lutar pela vida do seu melh...