- Não sei o que fazer agora, Oliver. - Disse, enquanto bebia um golo do meu café. - Não vou voltar a casa. - Continuei.
- Percebo. - Disse Oliver, fumando o seu cigarro. - Podes ficar na minha. O quarto do sótão está desocupado. - Afirmou Oliver, fazendo-me sorrir na sua direção.
- Não te posso deixar correr esse risco. - Afirmei, cessando o sorriso. - Se eles foram a minha casa com o meu irmão de nove anos lá dentro, porque é que não haveriam de fazer o mesmo contigo?
- Sarah, eu acho que tu ainda não percebeste que ao contar-te tudo o que sabia, meti-me em risco. - Respondeu Oliver. - Por isso, esquece. Não te vou deixar sozinha.
- Tens mesmo deixar de ser tão teimoso. - Repliquei, revirando os olhos. - Mas o que é que fazemos agora? - Perguntei, encolhendo os ombros e olhando para ele.
- Não sei, Sarah. - Respondeu Oliver. - Eu sei que queres salvar o Ben, mas não sei se isso vai ser possível. Ao menos não custa tentar e se o fizeres podes salvar muitas outras pessoas.
- Ainda sabes onde é a sede da FAI? - Perguntei, pousando a minha caneca de café mais rapidamente do que desejava, entornando um pouco deste em cima da minha mão.
- Claro que me lembro. - Respondeu Oliver, observando-me enquanto eu limpava a mão. - Mas porque raio é que tu quererias ir lá? - Perguntou, atirando o seu cigarro para o chão e apagando-o com o pé.
- Já vais ver. - Respondi, deixando uma nota em cima da mesa e colocando a minha mala preta no ombro.
A sede da FAI era algo de monstruoso, no mínimo. Era praticamente toda feita em tons de branco e vidro. "Como um hospital psiquiátrico...", pensei, à medida que olhava à minha volta.
- Não é suposto o branco ter um efeito calmante sobre nós, ou qualquer merda do género? - Perguntou Oliver, olhando para o teto.
- Se era, falharam redondamente. - Respondi, aproximando-me da receção, onde estava sentada um mulher nova, muito bem parecida, vestida de branco e preto.
- Bom dia. - Disse ela com uma voz muito carismática.
- Bom dia. - Respondi, de forma seca. - Queria falar com o CEO.
- Isso não será possível. - Disse a mulher, em forma de ameaça, levantando-se.
- Quer ver? - Perguntei, semicerrando ligeiramente os olhos e avancei até ao elevador atrás dela, fazendo sinal a Oliver para me seguir. Este não demorou mais de dois segundos.
- Não pode ir para aí! - Gritou a mulher antes de Oliver carregar no botão para o último piso do edifício.
- Eh lá! A rapariga está revoltada! - Brincou Oliver, colocando as mãos para cima em jeito de rendição, enquanto subíamos a uma velocidade estúpida até ao topo. Olhei para ele e revirei os olhos. - Pronto, okay, aquilo foi fixe, mas qual é o plano? - Perguntou Oliver, olhando para mim, sério.
- Já vês. - Respondi, automaticamente. As portas do elevador abriram-se e o branco, passara a um castanho quase avermelhado. - Não há segurança. - Disse, observando a porta grande.
- E depois? - Perguntou Oliver, colocando uma pastilha de mentol na boca. - Mais fácil para nós.
De certa forma, Oliver tinha razão, mas aquilo parecia demasiado fácil. De certo nada iria acontecer se eu me mantivesse ali no elevador.
Avancei, a correr, até à porta e abri esta com força.
Era um escritório estupidamente simples, mas de uma certa beleza - era daquele castanho de fora e vermelho e, neste, só havia duas estantes gigantes castanhas, dois sofás vermelhos e uma secretária castanha, com uma cadeira, onde estava sentado um homem com os seus vinte e seis e extremamente atraente.
- Sarah Lawson. - Disse ele, olhando para mim. - Já estava à tua espera.
- Peço desculpa pela demora. - Respondi sinicamente. - Parece que estou em desvantagem, uma vez que nem o seu nome sei.
- Chama-me Christopher. - Respondeu Christopher levantando-se e caminhando na minha direção. - Então, és tu a menina que me tem trazido problemas. - Disse Christopher, quase com um riso.
- A culpa não é minha se você é um monstro. - Respondi, fazendo Christopher rir.
- Que palavra tão feia para uma rapariguinha tão bonita. - Christopher caminhava calmamente à minha volta.
- Quer um conselho? Pare com essa coisa que chama de progresso, ou experiência, ou a merda que for e eu não conto nada a ninguém. - Avisei, virando-me para ele e semicerrando os olhos.
- E quem é que vai acreditar em ti? - Perguntou Christopher, rindo.
- Oh, eu garanto-lhe que consigo ser bastante credível. - Respondi, caminhando até à porta, por onde havia entrando.
- Queres um conselho? Não te metas em coisas de adultos. - Respondeu Christopher, voltando para a sua secretária.
- Vamos. - Disse a Oliver, assim que estava completamente fora do escritório.
- Só quero que saibas que ficaste mesmo mazona com aquela do "Oh, eu garanto-lhe que consigo ser bastante credível". - Disse Oliver, entrando para o elevador comigo.
- Para alguém com vinte e dois anos, és um bocado criança. - Respondi, erguendo uma sobrancelha na direção dele.
- Filha, lembras-te do facto que o único emprego que tive até hoje, foi com jogos de vídeo? - Perguntou Oliver, suspirando.
Encolhi os ombros e assim que as portas se abriram, saí do elevador com Oliver a seguir-me.
- E agora, vamos onde? - Perguntou Oliver, assim que saíamos das portas de vidro duplas.
- Quero ir visitar o Ben ao hospital. - Respondi, colocando os meus óculos de sol.
- Então deixo-te lá e depois vou para casa. - Disse Oliver, colocando os óculos de sol dele.
"Não penses que te escapas do Baile, Ben."
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The Stranger In Strangers Land
Ficção CientíficaEm 2020, uma empresa bilionária começa a desenvolver novas experiências em seres humanos, para melhorar o físico, a aparência e a inteligência da espécie. Sarah Lawson nunca esperou que na flor dos seus 17 anos tivesse de lutar pela vida do seu melh...