Capítulo 14

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- Deixa de histórias e me fala onde está o Rúben, não me faça repetir, eu já perdi a minha paciência com você à muito tempo, estou farta de você se intrometer na minha vida e ainda me ameaçar, já para não falar do quanto você tem machucado gente que eu amo e tudo para quê? Para chegar a mim? - Olho bem na cara de pau do meu pai e digo tudo o que tenho entalado. - Porque é que você não veiu direito a mim? Porquê fazer esses joguinhos mediocres que envolve pessoas inocentes?

Ele olha para mim divertido e com um sorriso no rosto, que vontade que eu tenho de quebrar a cara dele, é meu pai, mas nunca mereceu respeito algum, muito pelo contrário, que odio!

- Você ainda não chegou à questão mais importante minha querida. 

- O quê? Como assim? Qual questão?

- O porquê de eu fazer isso tudo com VOCÊ!

- Então me diz, porque você faz isso comigo? - O rosto dele muda num ápice de divertida para uma expressão séria. - Porque você me odeia tanto? Eu sou sua filha pelo amor de deus!

- Aí está meu bem, eu te odeio tanto porque você não é minha filha.

O quê? Não pode ser, não tou acreditando, mas agora entendo tudo o que ele fez, não está certo mas é tudo com raiva por eu não ser sua filha, eu vivi uma mentira..

- Se você não é meu pai então quem é? Porque é que a mamãe mentiu?

- Querida, a vagabunda da sua mãe me traiu quando eu estava em missão, não sei ao certo ainda quem é, mas já tenho uns quantos suspeitos em mão.

- Não chama ela assim! Ela deve ter tido as suas razões, ela amava você! Sempre amou, mesmo quando você só sabia humilhá-la e bater nela!

- E pode ter certeza que batia de novo uma e outra vez, aquela cadela teve uma menininha como eu sempre quis com outro homem! Eu criei você como minha, mas foi aí que eu percebi que você não saía em nada em mim mas não liguei, até que tive a confirmação com um teste de compatibilidade para a sua operação, foi desde esse dia que eu prometi a mim mesmo que ia fazê-la pagar.

Como eu nunca percebi que o meu pai mudou completamente comigo quando eu fui operada nova, eu era criança mas devia ter percebido algo mas não, sempre focada no meu mundo de fantasia e só quando as coisas pioraram é que reparei que ele tinha mudado, mas nunca associei a esse dia, mas porra eu era só uma menina, eu não merecia nada do que passei..

- Mas porque a mim? Eu não tenho culpa, eu não escolhi vir ao mundo.

- Eu sei disso, mas você é a única coisa que me resta da sua mãe que me possa vingar, eu não tive tempo de me vingar dela por isso agora é você a única pessoa que eu me posso vingar.

- Como é que é? Você só pode tar zoando com a minha cara, não fui eu que enfiei nada em ninguém, não fui eu que fiz uma criança, caralho eu nem pedi para nascer porra me diz que culpa eu tenho!?! Me deixa em paz de uma vez por todas!

- Olha os modos, não foi assim que eu te eduquei! - Meu queixo bate no chão e a nostalgia me consome, tenho meros vislumbres de meu pai quando ainda era bem pequena, do carinho que ele me dava mas logo é substituído por memórias da crueldade dele.

- Eu não posso acreditar em você, isto é demais, isto tem que acabar papai, você pode não ser o meu sangue mas você é a única pessoa que eu conheço como pai, porque é que você tem que ser assim, eu já não aguento.. - E me quebrei bem na frente dele, desmoronei em lágrimas, sobrecarregada e farta dessa guerra com ele e todo o stress que tenho passado com Ian e com Carmen, não aguento mais.

A chuva começa a cair e olho para o céu onde vejo os primeiros relampagos, está uma noite bonita, vêm aí uma linda tempestade, nada melhor para descrever o meu estado emocional, uma enorme confusão. Meu pai se ajelha ao meu lado e me acaricia no cabelo, se aproxima do meu ouvido e sussura:

- Eu não queria isto, nem tudo o que acontece é culpa minha.. - Ele faz uma pausa mas logo continua. - Eu tenho muitos inimigos, um dia você vai descobrir tudo, minha menina.

Ele se levanta e caminha me deixando para trás, mas antes de desaparecer por completo ouço-o dizendo:

- Não fui eu que ataquei a sua amiga, eu não a machuquei eu prometo.

E desapareceu por completo me deixando com revelações de uma vida inteira, mas uma coisa eu sei que é verdade quando ele promete e dá a sua palavra é coisa certa, o que me cria imensas dúvidas, se não foi ele a atacar Carmen quem foi?

- "Eu tenho muitos inimigos, um dia você vai descobrir tudo."

Só pode ser isso, alguém está fazendo o trabalho sujo e está querendo culpá-lo, preciso acertar as ideias essa história toda não está batendo certo, preciso descobrir quem é o meu verdadeiro pai, mas com isto tudo senti-me um pouco em paz, dando uma pausa na nossa guerra pessoal. Vou até à cabine mais próxima e tento ligar para Rúben, com quem estou preocupada, mas ele não atende então ligo para seu pai que atende ao terceiro toque.

Alô?

- Afonso? Sou eu, há uma emergência e uma mudança de planos.

- O que é que se passou? Você está bem?

Estou dentro dos possíveis, temos que voltar quando eu encontrar Rúben, tenho novidades e não são boas, acabei de estar frente a frente com o meu pai.

Como é que é? Você é doida menina? Você não sabe o quão perigoso é ele?

Sei e é mesmo isso que quero falar com você, ele não é o meu verdadeiro pai e não foi ele que atacou a Carmen, temos que descobrir quem quer ferra-lo, estou voltando.

- Não demore, beijo. - Disse desligando o telefone.

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⏰ Última atualização: Feb 17, 2015 ⏰

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