Capítulo IX

95 13 2
                                    

O próximo dia foi caloroso, apesar da chuva no anterior, e passamos juntos de novo. Eu estava embebido de todo aquele amor e companhia. Normalmente nos fins de semana eu andaria pela cidade, olhando o movimento e me misturando com a paisagem, mas naquele foi diferente. Era como se minha cabeça fosse uma espécie de labirinto e Jack me mostrasse o caminho de saída.

Alfred também estava muito alegre, havia anos não me via sorrindo de felicidade. Eu contei meus planos de ajudar as pessoas da cidade com o projeto de construções nos bairros pobres a Jack, ele brincou com meu rosto dizendo "O bilionário excêntrico!". Na tarde decidimos dar um passeio, andamos por alguns campos fugindo um pouco da cidade de metal e pedra. O sol batia em minha pele e eu me sentia abraçado. Olha o que a paixão faz com as pessoas. Rico ou pobre, feliz ou triste, sozinho ou em companhia, todos estão sujeitos à paixão, mesmo eu aquele que se doía amargamente sobre o passado e se afundava em vingança.

Ambos tínhamos cicatrizes, mas estávamos curando um ao outro. Sentamos embaixo de uma arvore, ele está desengonçado como sempre porque emprestei minhas roupas para ele usar, o que deixou ele engraçado, nossa diferença de tamanho é aparente.

     — Sabe você é muito generoso comigo, será que conquistei o meu patrão?! — Ele dizia com ar de brincadeira.

     — Na verdade eu fui conquistado por você! — Ele sorriu para mim fechando os olhos.

     — Ei! Vamos lanchar! — Abriu a sexta daquela forma característica.

Algumas maçãs e uns sanduiches, sabor de vida e brincadeira. Outras pessoas também estavam aproveitando aquele dia ali.

A agonia antes de ir foi tanta que quase me esqueci de colocar maquiagem, na presença dele não preciso oculta-las, mas na de outras pessoas chamaria muita atenção ou talvez até assustasse. Preciso tomar cuidado.

     — Por que nós não namoramos? Talvez você tenha outra pessoa, não sei, mas preciso perguntar, de qualquer jeito.

     — Namorar... — Não foi uma surpresa, mas essa era outra palavra que não existia no meu vocabulário. — Namorar... — Pensava com a mão no queixo.

Tinha alguns casais, rindo e felizes. Olhei para eles, estar junto de alguém... Isso é complicado... Por que fui escolher essa vida?! Preciso decidir, ele esta me olhando com expectativa e eu o quero da mesma forma!

     — Quero, quero muito. Está disposto a se aventurar com o excêntrico de Gotham? Sairemos nos jornais e revistas, não que isso me incomode, mas você está certo disso?!

     — Claro... Não tive vergonha por você ser meu patrão, apesar de ficar tímido por isso... Mas é o que eu quero! — Ele colocou uma carinha de atitude, apertando os punhos e olhando nos meus olhos. Dei um beijo em sua testa, daqueles que damos naquelas poucas pessoas que nos são importantes e que nós estimamos.

Aquele final de tarde foi muito bom. Levei meu Jack para casa, meu Jack... Depois retornei as minhas atividades. Arrumei a lista de equipamentos que iria usar aquela noite e rumei para as brumas de Gotham. Estava preocupado com nós dois, não tinha medo quanto a minha coragem ou força para fazer situar a justiça, mas temia por ele. Ou Alfred também. Mas Alfred estava seguro na mansão, seguro com sua mente sabia e conservada. Mas o jovem tímido e carinhoso eu não poderia dar-me a arriscar.

Roubos aqui e ali. As gangues sabiam que eu vigiava na penumbra. Todos já sabiam. Muitos se aliando a mim e protestando. Decidi entrar na jogada! Pedi pro Al costurar o símbolo em coro no peito do meu colete. Gostei do resultado. Acho que aceitei que sou o morcego. Caçando a noite...

Os mais novos às vezes teorizavam que eu era algum vampiro, desaparecer na sombra e aparecer em outro lugar, saltar de lugares altos e usar preto. Quem sabe eu não era um? Escondido em minha sociedade sobre um titulo de nobre rico feito Drácula, mas na verdade uma besta noturna.

Derrubei um vagabundo que ia atacar uma moça. Esses eu faço questão de assustar. Uma surra impõe medo, mas preciso que ele pense em mim toda vez que sair para a rua. Olho para ele pondo o rosto dele perto do meu capacete e esmago uma bomba nas mãos.

     — Está vendo, Vagabundo? Tente de novo outra vez e te mostro muito mais do que você tá vendo aí!

Largo ele no chão, ele ainda esta tremendo de medo. Saio das fumaças e vejo de longe ele ir embora cambaleando. O efeito passa não muito depois da inalação. Mas a memoria fica com a pessoa.

Bruce e Jack (Em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora