Interrupção

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Após sair do banho, Han Seo Joon olhava-se no espelho do banheiro. Com uma toalha preta enrolada sobre o quadril, tinha uma visão privilegiada do seu torso definido. Fez algumas poses, flexionando o abdômen e os braços bem torneados.

Nos últimos três meses, esteve malhando todos os dias e reforçou a alimentação com mais proteína, e os resultados eram bem aparentes agora. Quando era muito difícil ter disciplina, ele lembrava-se de Se Ri e ela surgia como uma motivação para ele.

Não apenas porque queria surpreendê-la, mas também porque ela o motivava a dar o melhor de si em tudo. Ela era tão trabalhadora que Seo Joon às vezes a perguntava porque se esforçava tanto assim, e ela o lembrava de que os resultados sempre compensavam.

"É, realmente". –disse para si.

Passou um creme hidratante no seu corpo e passou um perfume também, mas não muito, porque sua namorada espirrava por qualquer coisinha. Sorriu ao lembrar de que, num de seus primeiros encontros, ele a abraçou e ela espirrou após segundos, sujando a camisa dele.

Ela ficou muito desconsertada, mas ele a acalmou dizendo que ela não tinha culpa por isso. Depois, se assegurou de sempre maneirar na dose de perfume.

Seo Joon passou os dedos nos fios de cabelo úmidos, tentando deixá-los um pouco bagunçados, ficava estranho com o cabelo penteadinho. Contentou-se com sua imagem e foi em direção a sua mala, escolheu um calça de moletom cinza claro e blusa preta de manga longa para vestir.

Jogou-se na cama e satisfez-se com os lençóis brancos fofinhos da cama King Size. Fez questão de pegar um quarto com uma cama grande, já havia avisado à Se Ri que seria assim e ela apenas riu dessa decisão dele.

Ficou deitado ali, com os pés cruzados e as mãos debaixo da cabeça e, inevitavelmente, começou a pensar sobre o que fariam quando ela chegasse da festa. Pegou o celular para ver as horas e se surpreender ao ver que eram quase 1:30.

Mas fazia sentido, saiu para buscar Se Ri no aeroporto umas 23h e ela foi até a festa de Ju Kyung 1 hora depois. Só tiveram tempo de ir até o quarto deixar as malas e se abraçarem um pouco. Seo Joon abriu o kakao –aplicativo de mensagens- para ver se ela tinha mandado alguma mensagem recente e encontrou uma:

"Tô indo daqui uns 5 minutinhos."

Sorriu na hora e sentiu seu peito palpitar. Respondeu apenas um "Ok, tô esperando. J". Se perguntou se ela, assim como ele, também estava ansiosa assim. Quando a buscou no aeroporto, ela parecia normal, talvez um pouco mais cansada. Ela passou o dia inteiro num simpósio sobre direito empresarial, não era um tema que ela se interessava muito, mas precisava comparecer.

O que ela queria mesmo era ser advogada em defesa das mulheres, ter seu próprio escritório e trabalhar para tentar defender vítimas de assédio, estupro e violência doméstica. Quando conversava com Seo Joon sobre isso, mostrava muita empolgação e determinação o que o fazia sentir orgulho dela, ao mesmo tempo que também sentia seu coração partido por vê-la ter que lidar com tanta burocracia e sofrimento.

A justiça na Coreia poucas vezes fazia-se justa como deveria ser, as vítimas sofriam em silêncio, ou frustravam-se no Tribunal ou guardavam um sentimento de injustiça dentro de si. Se Ri sabia muito bem disso, por experiência própria, por ver sua mãe não só sofrer por ser agredida enquanto foi casada, mas também por sofrer com o divórcio.

Agora, a mãe estava muito feliz casada com um homem, um arquiteto famoso e haviam tido um filho, já com 12 anos de idade, Yoo Seong Kwan. Mesmo com uma vida estável e feliz no presente, as marcas de um passado de sofrimento marcavam mãe e filha. Se Ri tomou isso como força motriz para alcançar seu objetivo, de levar justiça que elas não conseguiram.

Nae Mirae | 내 미래Onde histórias criam vida. Descubra agora