A casa nova

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( Oi amores, tudo bem? Eu só queria agradecer a todos que leram o capítulo anterior e agradecer mais ainda pelos votos vocês são maravilhosas e me incentivam muito a postar mais.
Mais um capítulo, tomara que gostem desse também e se gostarem dê votos e comentem a opinião de vocês é muito importante para mim. Boa leitura)

    Meu pai estacionou finalmente numa casinha simples, janelas de madeira com aspecto antigo, a tinta que algum dia fora branca estava suja pela quantidade imensa de terra praticamente fora abandonado há muito tempo e várias árvores e capim cercavam o local sendo praticamente impossível enxergar a fachada da casa direito.

  - É nessa espelunca que vamos morar? - Indago incrédula.

  - Olha como fala. - Minha mãe me repreendeu.

  - Nós vamos reformar, pelo preço que conseguimos tenho que dizer que tivemos sorte. - Meu pai acrescentou pegando nossas bagagens do porta mala.

  - Ou que o antigo proprietário queria se livrar disso o quanto antes. - Eu resmungo.

  - Não quero entrar ali dentro. - Meu irmão se encolheu. - E se tiver aranhas, ratos e morcegos?

  - Não me admira que tenha coisa pior. - Falo cruzando os braços.

  - Já chega vocês dois. - Minha mãe gritou fazendo nos calar imediatamente. - É nossa casa agora, se conformem e ajudem seu pai a carregar as malas, enquanto vou abrir a porta.

     Pela altura do matagal não ousei questionar sua escolha e peguei uma mala pequena e meu irmão sua caixa de brinquedos. A porta fora aberta saindo uma ratazana enorme me fazendo saltar para o colo do meu pai, enquanto meu irmão subiu no capô do carro e minha mãe gritou tanto que quase estourou nossos tímpanos.

  - Se acalmem. - Meu pai falou tentando me colocar no chão, mas segurei fortemente seu pescoço impedindo que me soltasse. - Eu amava pegar você no colo quando era menininha, mas não acha que está grande demais?

  - Quando tem ratos enormes parecendo cachorros, não. - Respondo trêmula.

  - Não seja exagerada aquilo não deve ter mais que dez centímetros.

  - E isso é pouco para um rato?

  - As crianças tem razão. - Minha mãe falou se encostando na parede tentando se recompor. - Essa casa é uma espelunca. Ainda temos como recorrer no contrato, não quero ficar aqui George.

  - Não temos escolha, eu gastei toda nossa economia nessa casa fora o novo trabalho que conseguir aqui com pouco tempo juntando o salário podemos ir para outro lugar, mas por enquanto não temos outra escolha.

  - Eu estou com medo. - Meu irmão falou ainda sentado no carro.

  - Pelos gritos que vocês deram aquele bicho deve está longe agora. - Disse segurando meus braços tentando me fazer soltar ele . - Isabelle, saia de cima de mim.

    Contra gosto resolvo soltar seu pescoço e ele me ajuda a descer e respiro fundo tomando coragem para adentrar na casa.

  Meu pai pegou duas bagagens enormes e entrou na residência dos ratos, pois me recuso a chamar isso de minha casa.

Ajudo meu irmão a descer do capô e colocou os pés no chão cuidadosamente como se estivesse repleto de larvas.

  Minha mãe parecia mais calma, a histeria de segundos atrás esvaindo, a coloração do seu rosto branco voltando ao normal perdendo a palidez e voltando seu jeito grosseiro.

  - A mudança é para hoje e não amanhã. - Disse entrando na propriedade.

  - Por que ela só fica de mau humor? - Meu irmão perguntou irritado. - Só fica gritando com a gente.

  - É o jeito dela. - Respondo dando de ombros. - Ela nunca foi legal ou amorosa comigo em nenhum momento nos meus dezesseis anos de vida.

  - Segura na minha mão? Tenho medo. - Disse trêmulo apontando para a casa nova que parecia ter mais de oitenta anos.

  - Vem. - Pego a mão dele que estava gélida e adentramos juntos no local.

     Vejo meu pai arrumando algumas caixas no canto direito, minha mãe estava segurando uma vassoura retirando teias de aranhas do telhado.

  - Não fiquem aí parados, não somos empregados de ninguém. - Minha mãe falou finalmente notando nossa presença. - Quero que escolham o quarto de vocês e limpem e guardem seus pertences. Tenho muito o que fazer, preciso matar aranhas, fazer comida e tantas outras coisas.

  - Está bem. - Digo pegando meu irmãozinho pelo braço e saímos dali.

     Entro no primeiro quarto, a porta de madeira dava acesso a uma janela que podia enxergar claramente o enorme matagal que rodeava a casa inteira. O cômodo estava totalmente vazio, as paredes eram brancas, mas dava para notar que fazia muitos anos que foram pintadas estavam amareladas e tinha duas cores a parte debaixo era marrom.

   Nicholas, meu irmão voltou saltitando para onde eu estava.

  - Vou ficar com outro quarto pelo menos ele não fede igual a esse. - Disse saindo dali.

    Suspiro frustada me sentando no chão, não havia o quê fazer naquele momento, o caminhão só traria nossos pertences no dia seguinte. Aquilo foi uma desculpa esfarrapada que minha mãe encontrou para sairmos de perto dela. As vezes, fico imaginando o que ela realmente pensa sobre nós. Eu via o quanto as mães das minhas amigas eram carinhosas e amáveis com elas, enquanto a minha... Sinto que minha presença a incomoda um pouco, talvez enxerga em mim a ruína dos seus sonhos, pois engravidou de mim quando tinha dezoito anos, estava no primeiro semestre da faculdade, mas não pedi para nascer, eu não tenho culpa do que aconteceu, não é justo descontar suas frustrações em mim constantemente.

   Sinto saudades dos meus amigos, mal cheguei e me sinto mais sozinha que nunca.

A obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora