Kingdom - Daechwita

Capítulo VI - Gyeongbongguk

O Palácio parecia aterrorizantemente frio durante o dia, diferente da noite do banquete, em que o pátio principal se encontrava calorosamente iluminado, música suave tocava no fundo, e pequenos sinos podiam ser ouvidos das roupas coloridas das dançarinas. Diferente daquela noite, em que tudo parecia etéreo e maravilhoso, hoje Gyeongbongguk era feito de rocha dura e gelo, e a chuva também não ajudava muito. Soomin, junto de outras dezenas de jovens nobres, eram escoltadas pelo Palácio Externo por Damas da Corte e eunucos, recebendo olhares curiosos dos oficiais do governo por quem passavam. A jovem procurava entre os rostos masculinos o semblante familiar de seu pai, esperando que tudo aquilo fosse uma terrível piada maldosa, mas antes que percebesse já estava dentro do Palácio Interno, seguindo em marcha com o grupo para onde a Rainha Mãe aguardava pelas candidatas.

A jovem se afastou, apenas por um segundo, do enorme guarda-chuva que um eunuco carregava atrás de si, para olhar para o céu. Pesadas nuvens escuras ocupavam toda a extensão, originalmente azul, em que seu olhar chegava, e as gotas geladas que pingavam em seus cílios a lembravam cristais brilhantes e frios.

Conversas escassas chegavam aos ouvidos da nobre, mas parecia que as moças estavam mais focadas consigo mesmas e em seu encontro com a Rainha Mãe do que com o seu redor. Soomin daria qualquer coisa para que aquela chuva parasse e o sol saísse, para assim poder aproveitar a visão do belíssimo Palácio Interno. Residências seguidas de residências, envoltas de jardins belíssimos enfeitados de centenas de espécies diferentes de flores e árvores, lagos artificiais cheios de plantas aquáticas exóticas e carpas, e pavimentos ornamentados em seda translúcida que esvoaçava de forma fantasmagórica com a brisa fresca de verão.

A área da residência da Rainha Mãe ficava localizada ao extremo leste do Palácio, era uma caminhada longa desde os portões, mas uma hora o passeio terminaria, e foi quando suspiros baixos de nervosismo foram soltos pelas moças é que Soomin notou que chegará ao objetivo: um pavimento tão grande quanto aquele em que tomou chá com o Rei, rodeado de damas da corte, que já aguardavam com seus livros e tinta em mãos, prontas para anotar qualquer falha e imperfeição que fizesse das jovens impróprias para se casar com Sua Majestade.

Por ter sido a última a se juntar ao grupo, Soomin entrou por último no pavilhão, e assim que se dispôs em seu lugar na fileira, todas as nobres se curvaram duas vezes antes de poderem se sentar.

Ousando levantar o olhar, a Choi conseguiu ter um vislumbre da Rainha, que falava diligentemente sobre o casamento real, e sentado ao seu lado direito estava o Yeonguijeong, o Conselheiro Chefe. Por um breve momento o olhar de Soomin e de seu pai se cruzaram, mas a jovem abaixou mais a cabeça, evitando-o, e lembrando-se da conversa que tiveram na noite anterior.

"Fazia muito tempo desde a última vez que o pai a chamou para tomarem chá juntos depois do jantar. As janelas do escritório do lorde estavam abertas, permitindo a entrada agradável das últimas brisas do árduo verão que tiveram. A bebida de crisântemo e menta estava refrescante e os delicados doces em formato de flor, deliciosos, mas havia algo incomodando Soomin, algo na expressão de seu pai.

- Soomin, eu não a chamei aqui hoje apenas para passarmos um tempo juntos. Há algo que quero lhe contar.

- Eu imaginei. Algum problema, pai? - Disse a jovem, repousando a xícara na mesinha à sua frente, voltando sua atenção totalmente para o lorde.

- Você sabe que o Garyecheong vem sendo preparado nas últimas semanas, e que hoje foram as primeiras avaliações para a futura noiva do Rei, e Rainha de Joseon.

- Sim, a cidade só fala disso nos últimos dias.

- Eu tomei muito cuidado e zelo enquanto escolhia a dedo as jovens sortudas que seriam levadas para o Palácio Interno, mas no último momento fui descuidado.