Capítulo 5

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Os raios de sol invadiam o quarto de Noelle pela cortina surrada, aos poucos a claridade e o cheiro delicioso do café da manhã foram despertando Noelle, a garota abriu os olhos lentamente, novamente encarando o teto do quarto, por um momento achou que estava em casa, mas seus pensamentos vagaram pelos últimos acontecimentos novamente, se perguntava como estariam os Touros Negros, se sentia sua falta, ou se treinavam sem parar. Com um suspiro jogou as cobertas para o lado e colocou os pés no chão de madeira, levantou e calmamente arrumou a cama, colocou uma roupa confortável para treinar e passou no banheiro.

Mereoleona havia acordado relativamente cedo, tomou banho e arrumou o quarto, preparou tudo para Noelle começar a treinar e então fez o café para as duas, ainda não estava acostumada, ela pensava que não iria se adaptar a Noelle, mas iria fazer o melhor. Não muito depois de terminar o café e colocar tudo na mesa Noelle chegou, Leona sorriu ao ver a garota com roupas comuns para treino, o cabelo de Noelle estrava preso em um rabo de cavalo igual ao da mãe.

-Dormiu bem? – Leona perguntou se sentando em frente a ela com um sorriso.

-Sim, como uma pedra.... Vamos treinar só com as bolas de praia hoje? Tem comida de mais aqui. – Perguntou enquanto comia o bacon com ovos, assim como a comida da noite aquilo estava delicioso.

-Aquilo é só uma parte, antes daquilo vamos dar uma corrida por ai. – Respondeu Leona já terminando seu café, Noelle não espera por aquilo, mas não iria reclamar.

Depois de toda a comida do café foi consumida e tudo limpo as duas caminharam para fora da cabana, Mereoleona se alongou estralando todo o corpo, então começou a correr, Noelle tentou seguir seus passos, mas era impossível, a mais nova correu o mais rápido que conseguia, sentia os músculos das pernas queimarem, o pulmão falhar e começar a precisar de ar, depois de meia hora Noelle já não prestava atenção em volta, tentava em vão puxar ar pela boca o que só causava mais dor, um passo em falso foi seu limite, o corpo caiu pesado na terra úmida da floresta. A garota ficou jogada no chão de bruços tentando recuperar o folego, primeira parte do treinamento e ela já havia começado falhando, ela levantou com esforço e sentou contra o tronco de uma árvore, gotas de suor escorriam pelas laterais do rosto até seu maxilar onde caiam na terra, era abafado ali, as grandes árvores pareciam deixar tudo ainda mais sufocante, aos poucos sentia que já tinha folego para voltar para casa, levantar foi complicado, suas pernas tremiam um pouco, correr usando a pele de mana sempre foi mais fácil ela precisava fazer pouco esforço físico, correr em uma floresta cheia de obstáculos sem o auxilio de mana era algo novo para si.

-É por isso que ela ficou tão forte? Treinando desse jeito... – Noelle se perguntava enquanto saia da floresta para a cabana, a ruiva ainda não tinha chegado da corrida.

Mereoleona seguiu correndo mesmo sabendo que Noelle havia parado nos km iniciais, estava um pouco decepcionada com a garota, imaginou que tivesse mais folego para aquilo, mas nada que treino pesado não resolvesse. Fazia um tempo que ela não corria por aquela floresta, as coisas continuavam as mesmas, ainda sabia onde estavam as marcas do treinamento que fazia com Acier, movida pela curiosidade Leona desviou um pouco da trilha que sempre usava, ela desceu por um caminho de pedras, antigos degraus do que antes era uma Dungeon, nunca havia explorado o lugar inteiro, não depois do que havia acontecido la.

O lugar estava igual, a grande árvore marcava o centro de um grande mosaico de pedras, ela terminou de descer a escadaria, o ar ali era ainda mais pesado do que dentro da floresta, ela caminhou até o centro do mosaico, a enorme árvore tinha um tronco tão largo que seus braços abertos não conseguiam envolver completamente, dentro do círculo em que havia entrado haviam quatro portas, três lacradas com poderosos feitiços e uma maior, bem maior que as outras, nela havia um grande buraco de queimado, Mereoleona havia aberto aquele buraco movida com o mais puro ódio. Agora, anos depois, ela ainda sentia as garras daquele ódio se movendo por seu peito, ela girou em torno da árvore até encontrar outra marca de queimado, essa no tronco da árvore, ela encarou o borrão preto com pesar, moveu a mão lentamente a colocando no mesmo lugar em que ela havia colocado da primeira vez quando havia queimado o lugar. A ruiva soltou um suspiro e deu as costas para o lugar, subiu novamente as escadas e voltou a correr, não daria ouvidos a sentimentos do passado.

A herdeira do AçoOnde histórias criam vida. Descubra agora