twelve

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Esse capítulo contém gatilho.
(Tentativa de suicídio - se você for sensível a esse tópico aconselho que não leiam.)

Capítulo doze.
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Harry não havia pregado os olhos durante a noite. Ele se culpava pelas palavras de William. Se culpava por ter feito Louis ouvir tudo aquilo que revira o seu estômago.

Harry não conseguia compreender como William podia usar aquelas palavras duras e cruéis com o próprio irmão, que era a pessoa mais gentil que ele conhecia.

Ele voltou para o pub e trabalhou em piloto automático, não tendo tempo nem de sentir repúdio ao ser penetrado diversas vezes por homens desconhecidos. Ele sabia que por mais que seu corpo estivesse ali, os seus pensamentos não estavam. Sua mente vagava longe.

Quando finalmente acabou o seu expediente, ele foi para o quarto, tomou seu banho e vestiu uma roupa confortável. Começou a limpar e trocar os lençóis da cama para que pudesse ao menos tentar descansar um pouco em um ambiente menos sujo das impurezas alheias.

"Então é aqui que você se esconde?" Uma voz partindo de porta soou e Harry imediatamente sentiu todo o seu corpo paralisar. Ele conhecia bem aquela voz. Era ela que ele ouvia em vários de seus pesadelos. Aquela mesma voz que o fazia sentir nojo de si, e que o havia quebrado em inúmeros pedaços. Aquela mesma voz...

...a voz do seu pai.

Harry se encolheu.

"O que você está fazendo aqui?" Tentou falar firme, sem sucesso.

"Você não ia contar para o seu pai que tinha virado uma putinha nesta cidade? Achou que não chegaria aos meus ouvidos um dia?" Ele caminhou para dentro do quarto passando a mão pelos móveis. "Um puteiro até ajeitadinho se comparado ao quão barato você é."

"S-saia daqui. Eu vou chamar o Zayn." Ele tentou se afastar ficando encurralado na parede.

"Não vai não." O homem se aproximou um pouco mais. "E sua mãe, aquela imprestável? Onde ela está?" Harry não respondeu. "Anne não prestou nem para me dar um filho macho. Já deve ter morrido, né? Tomara."

"O que você quer?" Harry disse com a voz trêmula. "O que quer comigo?"

"Soube que esse puteiro dá um dinheiro bom. Que tal dar uma pensão para o seu pobre pai." Ele se aproximou do rosto de Harry e com a palma da mão desferiu dois tapas fracos na bochecha do cacheado. O hálito de bebida barata fez o estômago de Harry revirar. "Acho que está na hora de me pagar pelo tempo que morou em minha casa e comeu as minhas custas. Espero que seja bonzinho e saiba me recompensar bem, já que sabe do que eu sou capaz."

"Eu não te devo nada. Você não vai me subornar." Harry gritou. "Você me tirou tudo, toda minha dignidade e ainda se acha no direito de vir aqui me exigir dinheiro? Você é podre." Suas lágrimas caiam desenfreadas enquanto ele cuspia as palavras com toda a mágoa guardada em seu peito.

"Você está me desafiando, Edward? Acho que você esqueceu que a última vez que tentou me desafiar...acordou arrombado." O homem se virou rindo fazendo Harry sentir uma ânsia de vômito.

Como aquele poderia ser seu pai? A pessoa que era suposta a amá-lo incondicionalmente. Que era quem deveria protegê-lo e cuidá-lo.

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