ENTERTAINER

thirteen

Capítulo treze: Go home
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"Leve-me para a cama porque eu sei que você ainda está preocupado de que eu tenha medo, e limpe meu interior com a água sanitária da sua cozinha..mas eu beijei pias de banheiro suficientes para compensar os amantes que nunca me amaram. E eu sei que meu corpo é apenas a roupa suja, estou cansado de lavar as mãos...Deus, eu quero ir para casa."

Julien Baker - Go home

A primeira coisa que Harry viu ao abrir os olhos foi a figura de Louis sentado na poltrona em sua frente. Ele estava cochilando com o semblante um pouco fechado e a boca levemente aberta, respirando calmamente. Seu cotovelo apoiado no braço da poltrona e seu punho sustentando seu rosto: tão bonito e sereno.

Harry analisou o quarto, e percebeu que estava ligado a algumas máquinas que acompanhavam seus sinais vitais. Ele se mexeu desconfortavelmente na cama fazendo Louis despertar.

"Ei." Louis falou baixinho caminhando até a cama e se sentando próximo as pernas de Harry. "Como está se sentindo?" Seus dedos foram de encontro a perna do cacheado fazendo um carinho ali.

"Meu-meu estômago dói." Sua voz saiu picada, devido ao efeito da sedação.

"Eles fizeram uma lavagem em você. Me disseram que mais alguns momentos e você...não teria resistido." Louis engoliu em seco por pensar na possibilidade de Harry ter conseguido fazer o que queria.

Louis ponderou por alguns instantes e então continuou:

"Eu não vou te perguntar as razões pelas quais você fez o que fez, porque sei que razões você tem aos montes. Eu apenas estou feliz que você esteja aqui...e que esteja bem agora." Suas mãos passearam pelo cabelo do cacheado, o alisando desde a raiz até às pontas, em um carinho singelo e sútil.

"Por que não me deixou partir? Eu-eu precisava ir."

"Não seria justo te deixar partir sabendo que tudo que você conheceu foi tristeza e solidão. Eu não te deixaria ir sem que antes você pudesse conhecer o mundo, e as coisas boas que há nele." Louis retirou uma mecha de cabelo caída na testa de Harry a colocando atrás da orelha. "Eu nunca te deixaria partir achando que você não era amado, Harry." Ele chegou próximo ao rosto do cacheado sussurrando: "Você é. Você é amado e é importante."

Harry deixou uma lágrima solitária rolar pelo seu rosto, e um soluço escapar por sua garganta dolorida. Ele se aninhou na cama, sentindo o carinho da ponta dos dedos de Louis em sua cabeça.

Harry sabia que Louis merecia uma explicação depois de tê-lo salvado, mesmo uma parte de si desejando que ele não tivesse feito.

"Meu pa-pai...ele me procurou, e...eu não posso suportar isso de novo, Louis. Dói." As mãos de Harry tremiam só de pensar que não estava livre do inferno.

Louis o fez ficar aqui e enfrentar seus demônios. Não sabia se estava grato por ele ter o salvado ou se estava irritado por ele não saber o que realmente acontecia... não saber a verdadeira história.

"Você não precisa me contar sua história se não quiser ou se não se sentir confortável para fazer isso, Harry. Eu vou entender."

"Eu quero contar." Harry disse firme e Louis assentiu.

"O que ele fez?" Ele perguntou receoso.

"Ele batia na minha mãe. Muito. Desde que eu era criança, e eu presenciava tudo. Mas eu era fraquinho, Lou. Eu não tinha forças para tentar pará-lo." Harry lamentou em um suspiro. "Quando eu fiquei mais velho, eu tentei parar ele. Eu juro, Lou. Eu juro que tentei pará-lo." Harry se agitou e Louis o puxou para um abraço, para tentar acalma-lo.