refém | kjmila

doze

Camila Mendes

Apesar de duas semanas terem se passado após a festa da Lili, eu conseguia ver que algo tinha mudado desde então...

Se antes as coisas já estavam difíceis, agora com a possiblidade do Kege estar com alguém, era como uma lâmina cortante

Não me levem a mal, viver sem ele é a coisa mais difícil que já passei. Mas no fundo, a esperança de um dia tudo isso acabar ainda existe. Mas como pensar em um dia voltar pra ele, se ele já vai ter seguido em frente?

Eu sei que posso estar sendo egoísta, eu quero mais que tudo a felicidade dele. Mas eu pensei que faria parte dela. E pensar que outra pessoa está no meu lugar, é muito doído.

Então eu agora passava a maior parte do tempo tentando não pensar nessa questão. Eu queria tentar ao máximo manter a esperança de um dia tudo voltar pro lugar, viva em mim. Eu precisava dela viva, ou eu me acabaria de vez!

As coisas não pareciam estar diferentes apenas pra mim, algo também havia mudado pra Charles.

Ele parecia mais inquieto e cada vez mais sem paciência que o normal. Suas tentivas de aproximação para conseguir algo comigo também tinham aumentado.

Talvez ele possa ter visto que mesmo diante de toda sua manipulação e tentativas de significar algo pra mim, não tenham tido resultados, porque ainda sou completamente apaixonada pelo Kj.

Ele andava chegando tarde e nitidamente alterado pela bebida. Por enquanto suas tentivas de aproximação não tinham sido nada graves, mas passei a conviver com esse medo. Medo do que ele possa tentar e até onde ele iria para conseguir ter algo comigo.

...

Estava na sala, mudando os canais tentando achar algo de bom para ver. A TV era a única coisa que Charles ainda não tinha me proibido de ver totalmente, porque quando eu o negava, ele também tirava isso de mim.

Hoje eu consegui jantar, Maria tinha feito uma deliciosa comida e me obrigou a comer antes de ir embora. Ela sempre tentava fazer comidas que me dessem sustância e fossem saudáveis, ela alegava que eu estava muito magra e acabaria num hospital.

O que de fato não era mentira. Eu estava mesmo muito magra, perdi muitos quilos quando fui obrigada a ficar presa aqui. E me sentia diariamente fraca. Isso se dava pela minha falta de apetite e também por toda carga emocional que tenho passado desde que tudo aconteceu.

Mas Maria era meu anjo, é a única coisa que me ajuda a me manter sã, mas até isso Charles as vezes ameaça tirar de mim. Logo que ele percebeu que eu realmente não tentei me matar no acontecimento do fatídico desmaio, e percebendo que Maria tinha se tornado uma amiga, ele diminuiu os dias dela vir trabalhar. Ele passou a usar a falta da presença dela como um castigo pra quando eu não correspondo suas investidas de ficar comigo.

Tentei achar algo na TV, mas nada parecia bom o bastante pra me prender. Eu estava com uma certa inquietação esquisita que eu não sei de onde estava vindo. Decidi desligar e ir pro meu quarto antes que Charles chegasse, tento fazer isso para não ter que cruzar com ele, mesmo a maioria das vezes ele indo atrás de mim de qualquer forma.

Quando estou prestes a levantar, ouço a porta abrir e Charles adentrar a sala. O cheiro de álcool invadiu o ambiente rapidamente, ele havia bebido muito e era nítido tanto pelo cheiro, quanto por sua aparência.

Seu caminhar estava vacilante, seus olhos vermelhos e lagrimejantes pela bebida se direcionou a mim, fazendo com que um arrepio passasse pelo meu corpo. Algo me dizia que ele daquele jeito não iria prestar.

- "Boa noite, Camilinha" -

Ele veio andando em passos lentos em minha direção.

- "Hoje está uma linda noite, não é mesmo?" -

- "O tempo está nublado Charles, não tem nada de lindo" -

- "Existe beleza nisso também, Camilinha...mas eu quero dizer que está uma linda noite parar transar com minha amada esposa" -

Sua voz era arrastada, notoriamente bêbado. E mais uma vez ele vinha com a tentativa de ter algo comigo.

- "Você está bêbado! E você já sabe que eu nunca irei pra cama com você. Boa noite Charles" -

Me despedi e virei de costas a afim de ir em direção ao meu quarto, mas senti suas mãos me envolverem e me prensarem na parece de uma forma brusca.

Agora eu via em seus olhos vermelhos puro descontento e raiva. Um medo se estalou em mim.

- "Sabe Camila...eu cansei, cansei de você sempre me negar. Eu sou seu marido e você vai transar comigo SIM" -

Sua voz se alterou, depois ele começou a beijar meu rosto e meu pescoço. Eu tentava me desvencilhar, mas mesmo bêbado Charles ainda era mais forte do que eu.

- "Charles para, para" - supliquei.

- "Você é minha Camila e se não vai ficar comigo por bem, ficará por mal" -

Ele então me jogou no sofá, eu tentei levantar e correr, mas ele me segurou novamente.

Temia pelo que iria acontecer ali. Eu tentava lutar contra ele, mas eram tentativas frustradas. Seu corpo alto e forte, davam duas de mim.

Eu me debatia e chorava, tentando não me entregar. Ele continuava a me beijar, agora já descia os beijos para meus seios e barriga. Eu sentia nojo e repulsa, eu sabia o que viria a seguir e temia por isso.

Eu sabia que Charles era louco, mas nunca pensei que chegaria a esse ponto. Ele está prestes a me violentar e isso me apavorava.

Então, no pequeno vacilo que ele deu ao tirar as mãos de mim para poder tirar sua calça, eu peguei um vaso que ficava na mesinha ao lado do sofá e bati com toda força em sua cabeça. O que fez ele cambalear pra trás, o sangue escorrer por sua testa, ele cair no sofá grogue. A bebida com certeza contribuiu, se ele estivesse sóbrio um vaso não teria surtido tanto efeito quanto agora.

Então eu corri pro meu quarto o mais rápido que pude e me tranquei lá dentro. Não havia uma parte do meu corpo que não tremia naquele instante.

Me encolhi na cama e chorei durante as próximas horas, madrugada a dentro. Ele me tocou, não intimamente - porque não deu tempo - mas ele me beijou, me acariciou sem a minha permissão, eu me sentia enojada e suja.

A coisa que mais temia aconteceu. Charles perdeu a cabeça de vez e eu sabia que dali pra frente seria tudo mais difícil e perigoso. Aquele meu ato me salvou hoje, mas ele não permitiria que eu ficasse presa pra sempre naquele quarto e não era uma porta que o pararia.

As consequências viriam, e eu sei que ele não vai sossegar enquanto não conseguir o que quer e hoje foi apenas a primeira tentiva. Eu sei disso, eu sinto.

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Olha quem apareceu!!! Depois de ler os comentários (e morrer de rir com alguns deles) me deu muita vontade de escrever. Obrigada por isso pessoal. Espero que gostem desse cap e torçam para as coisas melhorem pra nossa Camimi.

Beijo