- Como foi a escola? — Fuyumi questionou olhando os gêmeos e Ayumi encarou o irmão antes de ir para o quarto. — O que aconteceu?
- Nada. — Shoto respondeu e seguiu o mesmo caminho da irmã, entrando um quarto antes.
Ayumi deixou a bolsa sob a mesa onde seu notebook está e se sentou na cadeira desbloqueando o aparelho. Seus dedos foram para o sistema que a maioria dos hackers usam para acessar secretamente e ela começou a analisar as câmeras das ruas ao redor da sua casa.
Ayumi ficou com a atenção nas câmeras até às 19h, quando foi ao banheiro tomar um banho e em seguida desceu para a cozinha pegar algo para comer. A adolescente voltou para o quarto e trancou a porta antes de voltar a se sentar na cadeira.
Enquanto comia as horas foram passando e ali estava ele novamente, o homem de cabelos negros, olhos azuis, roupa de moletom da cor preta e botas nos pés. Ayumi encostou na cadeira e mordeu o lábio inferior enquanto pensava. Não era a primeira vez dele aqui, faziam 5 semanas que ele aparecia no mesmo dia e ficava observando a casa da família.
- Quem é você? — Ayumi questionou em um sussurro e como se tivesse escutado a pergunta, ele olhou para a única câmera que apontava para ele. — E como você sabe onde está a câmera?
Ela se levantou correndo até a janela e o homem moveu a cabeça em direção a ela, que engoliu seco e uma sensação de felicidade tomou conta de seu corpo. Mas isso foi embora quando o estranho seguiu para o fim da rua.
Ayumi ergueu a mão tocando o colar e desviou o olhar para o céu se sentindo vazia. Ela se sentia assim desde o ocorrido com Touya. Ele era parte dela, o seu irmão mais velho, aquele que a criou. Seu celular tocou e a tela brilhou mostrando a nova notificação de conversa.
Ayumi suspirou derrotada e se jogou na cama sentindo o sono tomar conta de seu corpo. Com o passar do tempo seus sonhos foram invadidos pela mesma pessoa. Os cabelos loiros espetados, os olhos vermelhos a observando com tanta curiosidade, os lábios rosados a chamando com tanto amor e carinho.
Por que Bakugou Katsuki permanece em meus sonhos?
No dia seguinte a mesma rotina se iniciou, quando chegaram na sala que descobriram sobre o treinamento fora da U.A e Ayumi esfregou os olhos se sentindo cansada.
- Você não vai tirar essa máscara? Atrapalhará seu desempenho. — Aizawa falou parando na porta. — Não quero ver a humilhação que você vai passar ao cansar rápido.
- Suas palavras não me afetam. — Ayumi resmungou. — E eu não tenho nada bonito para mostrar embaixo da máscara.
- Não acredito nisso. — Aizawa a olhou. — Cicatrizes?
- Sim. Como sabe? — Ele ergueu a mão afastando a franja de Ayumi. — Oh...
- O que aconteceu? — Aizawa questionou em um sussurro e a Todoroki fechou as mãos em punhos.
- Nada.
- Ayumi. — Ela olhou para o professor que já a observava. — Ninguém aqui é seu inimigo.
- Realmente, professor. Eu durmo sob o mesmo teto que o inimigo. — Ela sussurrou e desviou o olhar para o chão.
- Estarei esperando. Quando quiser conversar. — Ayumi o olhou com surpresa. Por que um estranho quer falar comigo sobre problemas pessoais? Mesmo se eu contasse, ele não acreditaria.
Ayumi saiu da sala quando teve s oportunidade e correu para trocar o uniforme pelo traje provisório que ela encomendou. Ayumi respirou fundo sabendo que nada poderia dar errado hoje.
Um tempo depois
- Protegendo seus alunos, mesmo nessas condições. — A voz de Shigaraki invadiu os ouvidos de Ayumi, que assim como Midoriya, estava travada no lugar. — Você realmente é incrível... Ereaser Head.
- Pro... Professor? — Ayumi sussurrou e o desespero começou a tomar conta de sua mente, conforme o campo de treinamento começava a esquentar.
- Ela não tomou os remédios. — Shoto sussurrou sentindo o calor. — Ela não toma os remédios pois a deixam lenta.
- O que? — Bakugou questionou o encarando.
- Está falando de quem, Todoroki? — Denki questionou.
- Gente? — Kirishima sussurrou e todos seguiram seu olhar.
Ayumi estava queimando, mas não estava sendo machucada. Ela tinha agilidade e força, além das individualidades e isso fazia ela andar com perfeição conforme derretia os vilões até não restar nada. Nem mesmo ossos.
Bakugou Katsuki
Meus braços estavam quentes, mas não sentia a queimação do fogo. Ayumi estava desmaiada em meus braços e os vilões, alguns fugiram, outros foram capturados e outros mortos pela garota em meus braços.
Ayumi sussurrava coisas desconexas, mesmo desmaiada e em certo momento ela agarrou minha mão, como se sentisse medo. Mas ela não me chamou ou seu irmão, ou até mesmo seu pai. Quem caralhos é Touya?
- Meio a meio de merda. — Grito chamando a atenção de Shoto, que se aproximou meio hesitante. Qualquer um consegue ver que eles não tem um bom relacionamento, mesmo sendo irmãos. Mesmo sendo gêmeos. — Ela está chamando o Touya, melhor ele encontrar ela no hospital.
- O que? — Shoto questionou confuso e olhou para Ayumi, que estava quieta. Quieta?
Desço meus olhos para a garota e um arrepio percorreu minha espinha. Os mesmos olhos, a mesma cicatriz na testa, as mesmas bochechas e o mesmo rosto delicado. Eu não tinha entendido até hoje o motivo de sonhar com ela todas as noites. Por que eu continuo sonhando com ela? Por que me sinto tão calmo? Por que ela me hipnotiza?
- O que aconteceu? — Fui tirado de meus pensamentos e a soltei, ouvindo o barulho de sua cabeça em contato com o chão. — Ai, porra!
Ela gemeu de dor e se encolheu colocando as mãos na cabeça enquanto se sentava. Os olhos azuis foram em direção ao seu irmão e ela fechou a cara.
- O que foi? — Sua voz soou rude e isso fez ele desviar o olhar.
- Sua máscara... — Ele sussurrou e rapidamente Ayumi tocou o próprio rosto antes de cobri-lo.
- Ei, está... — Ergo a mão tentando tocar seu rosto mas ela se levantou correndo para fora do prédio. — O que ela tem?
- Ela não gosta da cicatriz. — O encaro e Shoto retribui o olhar. — A cicatriz é o lembrete que nosso laço se rompeu.
Laço? Como assim? O que aconteceu entre eles para isso ter acontecido? Quem é Ayumi Todoroki e por que ela está em meus sonhos?