- Bom dia. — Fuyumi saudou com um sorriso entrando na cozinha.
- Bom dia. — Ayumi respondeu em um tom de voz baixo e entregou uma xícara com café para a irmã.
- Obrigada. Animada? — Fuyumi encostou no balcão ao lado da mais nova que deu de ombros.
- Não sei dizer. — Ayumi pegou as torradas que saltaram para fora do eletrodomésticos e as colocou no prato ao lado dos ovos mexidos.
- Bom... Você e... Shoto vão se dar muito bem lá. — Ayumi travou o maxilar lembrando que seu irmão gêmeo está na mesma sala.
- Sim, me sinto feliz. — Ayumi sussurrou sarcástica e pegou um copo com suco indo até o balcão, onde se sentou e começou a comer.
- Quem sabe vocês até voltem a ser próximos. — Fuyumi falou esperançosa. — Afinal, são gêmeos e sempre foram unidos.
Ayumi desviou o olhar para seu prato de comida, era verdade, ela e Shoto eram carne e unha, nunca longe um do outro até aquele dia. Onde Enji, seu pai, decidiu que ela era fraca por não aguentar um treino pesado, mesmo sabendo que aquilo não era um treinamento e sim uma tortura.
Após tomar café, Ayumi subiu para o quarto onde escovou os dentes e passou o fio dental, em seguida abriu a gaveta da pia pegando uma máscara preta a colocando no rosto para cobrir a cicatriz no parte inferior do rosto e arrumou sua franja, escondendo a cicatriz na cabeça.
Ela se olhou no espelho uma última vez e saiu do quarto com sua bolsa, assim que entrou no carro notou a presença de Shoto mas deu bom dia somente ao motorista que começou a dirigir para a U.A. Os gêmeos ficaram presos em seus próprios pensamentos enquanto ansiavam pelos novos desafios.
Para Shoto, um deles era lutar para estar perto da irmã novamente, era torturante para o adolescente vê-la todos os dias e ser ignorado. Ele se lembrava de quando Touya ainda era vivo e fazia isso. Mas é claro que Ayumi faria isso, ela comentou uma vez que Touya desabafava com ela e Shoto nunca conseguiu entender a conexão entre Ayumi e Touya. Era como se ele tivesse criado ela.
Assim que o carro parou em frente aos portões da U.A os gêmeos desceram e Ayumi olhou a entrada da escola sentindo seu corpo ficar tenso. Ela abaixou o olhar vendo alguns alunos os olhando curiosos e então ela começou a caminhar para dentro de um dos prédios, seguindo as informações escritas em placas onde direcionava os alunos para as salas, biblioteca, refeitório, direção, sala de música, sala de reuniões e a área de treinamentos.
Ayumi parou em frente a porta fechada e ergueu a mão arrastando o objeto, alguns olhares foram em direção a ela e Ayumi entrou na sala em um conflito interno de onde se sentar.
- Bom dia. — Ela falou um pouco alto para os colegas ouvirem.
- Bom dia! — Eles falaram animados e ela olhou para a última mesa da fileira da porta, era a única vazia e longe do centro então ela se dirigiu para lá pegando seu caderno de desenho e lápis da bolsa, deixando sob a carteira.
Ninguém queria puxar assunto com ela quando Shoto entrou e Ayumi agradeceu mentalmente por gostar de pelo menos isso no irmão gêmeo. A adolescente começou a rabiscar na folha em branco e os traços da pessoa que apareceu em seus sonhos nos últimos meses foi a inspiração.
Ela estava desenhando concentrada quando a mesa em sua frente fez barulho e ela ergueu o olhar encontrando um garoto de cabelos loiros espetados. Como em seus sonhos.
Ayumi fechou o caderno e a porta se abriu novamente, desta vez por Aizawa Shota, seu professor e ela se sentiu nervosa pela primeira vez desde que sua matrícula foi feita por Fuyumi. Todos sabiam que Aizawa nunca aceitava uma classe, todos os alunos que teve não passaram em seus testes e foram expulsos e estar em uma sala que ele é o professor a deixava nervosa e preocupada. Ayumi tinha chegado longe e não ia deixar que seus colegas atrapalhasse seus planos.
Ela ia provar para todos que era a mais forte. Mais forte que Touya. Que Shoto. Que seu pai. Não importa o que precisasse provar.