AVISO: Este capitulo conta com material destinado a maiores de 18 anos, episódios de angustia mental e comportamento obvio de vitima de síndrome de Estocolmo. Prossiga por sua conta e risco ;)
"Eu sou vários! Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos., e eu sou todos eles."
Friedrich Nietzsche
REESE
Eu não conseguia comer direito, tudo que eu tentava ingerir tinha gosto metálico e ruim, eu não dormia mais que três horas por noite e costumava perambular pelo quintal dos meus avós. Cada vez que meus olhos se fechavam as palavras de Dev voltavam com força total em minha mente, as lembranças dele eram o pior, por que, enquanto eu me sentia sujo e usado, eu sentia falta dos seus braços, eu sabia em minha mente que o que ele havia feito comigo era uma violação, mas minha mente maltratada sempre tornava seus toques por mais agressivos que fossem uma forma de afeto, e eu queira isso. Sabia que era doentio, mas eu queria.
As manchas escuras sobre meus olhos estavam cada vez maiores e estava difícil fingir que estava bem, minha avó tentava ao máximo me dar espaço, mas estava cada vez mais difícil esconder dela que eu estava sofrendo.
Mas sofrendo por que? Por quem?
Um mês. Fazia um mês que eu estava de volta a minha vida e me sentia fora, deslocado, me sentia como um observador assistindo a uma comedia de mal gosto, ou no meu caso um filme de terror classe C.
—Reese querido, você tem estado tão calado ultimamente. Você está bem?
Eu não conseguia deixar de me sentir humilhado todas as vezes em que vovó expressava esse nível de preocupação comigo, por que que sempre voltava a mim mesmo os abandonando e tornando-os os culpados desse afastamento em minha mente.
—Só estou com dificuldades para dormir, nada demais. Como foi a consulta do vovô?
Pelas próximas quase uma hora eu sentei e deixei que ela tagarelasse sobre como meu avô estava bem melhor, e que ela tinha certeza que isso se devia a ele estar muito mais tranquilo por me ter em casa, e novamente eu me senti um lixo, como eu pude abandonar as pessoas que me criaram e ainda justificar isso em minha mente?
Em algum lugar no andar de cima meu celular tocou.—Vá atender querido, pode ser algum dos seus amigos.
Eu duvidada que fosse, mas fui mesmo assim. Quando cheguei ao meu quarto havia perdido a ligação, mas antes que eu pudesse conferir ele começou a tocar de novo. Era Nina.
—Oi?
—Ree? — ela disse rápido. — O meu deus! Onde você esteve? Eu tenho tentando te ligar a quase um mês e nada, por um tempo eu até achei que aquele babaca estivesse envolvido no seu desparecimento....
A menção dele meu coração começou a bater mais rápido e eu senti minha respiração gaguejar, minha pele estava fria e pegajosa e por um segundo ou soube o que era um ataque de pânico. Eu estava com medo e ao mesmo tempo eu queria que ela calasse a boca, por que ele não era um babaca – na verdade ele era, mas ela não tinha moral para ressaltar isso - e ela era a vadia que tinha me colocado na situação em que eu estava agora.
—... e eu juro para você bebê, eu não tenho mais nada com ele. Simplesmente era demais para mim...
...bebê..
...assim bebê, diga-me quantas delas cuidaram de você?...
Nenhuma. Ninguém cuidava de mim.

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Lost
Random"Ele não sabe, que naquela maldita noite, ele se tornou o foco da minha mais sombria obsessão." Para Devlin os limites eram inexistentes quando se tratava de Reese. Nada era impossível, nada era um empecilho que ele não removeria. Ninguém poderia de...