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Consigo sentir meus batimentos cardíacos tanto quanto a gravidade puxando o carro de volta ao chão em direção a linha de chegada, foi por pouco que eu quase não bati no prédio.

Vejo pelo retrovisor carros vindo em minha direção, ou melhor a grande faixa vermelha no chão, essa corrida é clandestina, apesar de metade da cidade estar aqui...

As pessoas alimentam o tom de seus gritos e festejos quando eu passo pela linha de chegada, eu consegui... Eu finalmente consegui vencer a corrida!

Desço do carro indo em direção de Kai, meu melhor amigo, que também estava na corrida mas isso não vem ao caso.

- VOCÊ CONSEGUIU - pulo em seu colo e ele gira enquanto damos risada - princesa você conseguiu, nem acredito, você finalmente passou em primeiro lugar.

- eu sei! Eu sei! Eu sei! Isso foi incrível! Eu ainda estou sentido o vento no meu rosto e a adrenalina - fecho meus olhos e respiro fundo com um enorme sorriso em meu rosto - a adrenalina é magnífica, já sei, Ágora a gente precisa pular de paraquedas!

- eii, vai com calma my amor, você sabe que eu tenho medo de altura - dou risada e seguro seu rosto com minhas mãos fazendo nossos lábios se encostarem em um beijo, calmo porém nescessitado, podia sentir sua mão apertar minha cintura contra si e continuar né segurando em seu colo, nada mais me importava além daquele beijo, mas o que é bom, dura pouco.

- POLÍCIA

Separamos o beijo rapidamente e desço de seu colo, vou correndo para meu carro, não posso ser pega em uma corrida clandestina, minha mãe é uma super heroína famosa, isso iria arruinar sua carreira, já consigo escuta-la dizer " magine só, em todos os jornais, famosa super heroína, não, melhor, filha idiota e irresponsável de super heroína é encontrada em corrida de rua idiota estragando toda sua carreira" meu estômago se revira só de pensar.

Acelero saindo dali em meio de vários outros carros, viro em um beco desconhecido fazendo meu carro ficar escondido e saio dele, fingir que é uma garota normal voltando de uma faculdade, é eu consigo fazer isso, fácil.

Vejo o enorme portão se abrir e entro dentro de casa, agora são exatamente 3:46:37, que minha mãe não esteja acordada, abro a porta e vou tentando me achar naquela escuridão, gelo ao ver as luzes se acendendo e vejo minha mãe sentada na escada me olhando, quer dizer, me matando, se pudesse estaria afundando meu corpo em ácido agora.

- onde você estava?

- em casa que não era - me viro indo em direção da cozinha mas sou parada por sua individualidade.

- não mocinha, hoje não, hoje você vai me escutar, e eu não quero saber desse papinho de " aí eu estava no Kai, aí eu e o Kai " eu não ligo para esse seu namoradinho, você estava correndo! Você sabe o quanto isso iria arruinar a minha carreira, quer dizer, ela já foi arruinada quando você nasceu!

Eu podia ver seus olhos encherem de lágrimas, os meus não estavam muito diferentes, mas eu me recuso a chorar por causa dela.

- você se acha especial por ser minha filha, mas adivinha, você não é nada, você só me dá desgosto, uma vida desperdiçada!

- você tá enganada - sinto minha bochecha arder após receber um tapa

- não me interrompa! Eu te treinei tanto! A sua individualidade seria ótima para ser uma super heroína e superar todo mundo, e o que você faz? Joga tudo no lixo! Eu cansei de você! Eu não quero mais olhar na sua cara de novo, você vai morar com seu pai.

Ela desativa sua individualidade fazendo eu cair no chão, sem olhar pra trás ela sai dali batendo a porta da cozinha.

Fico uns minutos ali na cozinha, deitada no chão gelado, minha garganta já estava implorando para eu parar de segurar o choro, escuto meu celular vibrar em cima da bancada.

" Seu voo está agendado para amanhã a noite - mamãe ❤️ "

Meu corpo estava implorando para eu engolir meu egoísmo e chorar, eu não vou chorar, eu nunca vou derramar uma lágrima por ela. Reúno toda força em meu corpo e vou até o banheiro de meu quarto, a água quente me acalmava, me fazia relaxar.

Ela não me quer aqui, eu não quero ficar aqui, talvez tudo melhore quando eu for morar com meu pai, começo a guardar tudo de qualquer jeito em minha mala, termino de guardar as coisas e saio de casa, não quero passar mais nem um segundo aqui.

La muerteOnde histórias criam vida. Descubra agora