A maldade das pessoas boas

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O silêncio que se seguiu foi tenso e inquebrável por um momento longo que, para Kushina, pareceu infinito. Ela não precisava respirar, mas naquele momento era como se pudesse e o ar estivesse preso em sua garganta.

Os três trocaram um olhar, voltando a fitar o homem, um garoto apenas realmente, paralisado onde estava ajoelhado no chão, a mão ainda tocando o cabelo de Naruto, imóvel.

E ele podia ouvir. Ele podia a ouvir.

Nenhum deles ousava falar, observando o garoto fechar os olhos, a respiração presa enquanto checava pela influência de algum genjutsu, ou a presença de alguém por perto.

Quando aceitou que não era um truque, os olhos dele voltaram para Naruto, indo até o estômago. Em direção ao selo.

"Observador." Tobirama murmurou, atento a alguma reação com sua voz. Não houve nenhuma. Todos os outros se viraram para ela, aceitando que era sua decisão dizer alguma coisa. Porque, aparentemente, apenas ela conseguia ser ouvida.

Era um risco, mas Iruka Umino parecia amar seu Naruto. Não tinha como errar com a forma como ele o olhava e cuidava dele.

"Iruka Umino." Kushina quebrou o silêncio, a voz tensa. O garoto voltou os olhos para sua direção, a expressão passando da confusão para o pânico. "Não precisa ter medo, Naruto é meu filho. Nós..."

O pico de chakra a fez se interromper, alerta. Era diferente do que havia visto até agora. Era agressivo.

Era malicioso.

Tudo aconteceu rápido demais.

Kushina não teve tempo para pensar, se colocando na frente do filho com um rosnado de aviso, uma onda de chakra saindo de seu corpo, se tornando física pela primeira vez em tal escala que estourou o vidro da janela mais próxima. Ou talvez tivesse sido Tobirama e Izuna, ela não conseguia saber.

Naruto acordou no mesmo momento, sentindo a mudança repentina no ar antes mesmo do barulho do vidro, os olhos alerta, até perceber de onde vinha o chakra. Kushina tinha certeza que se fosse possível ela teria ouvido o coração dele se partir.

"Não se atreva." Soltou entredentes, os olhos fixos no homem que estava perto demais de seu filho, o chakra turbulento e ameaçador.

Kakashi havia surgido na sala, atraído pelo chakra violento, alguém mais entrou pela janela, mas os olhos de Kushina estavam apenas em Iruka, nos olhos que seguiram sua voz. Havia medo nos olhos dele, mas sua boca se contorceu de forma agressiva que em outro momento ficaria impressionada, os dentes à mostra, no momento tão animal quanto ela.

"Ele não é seu."

(Se tivessem tempo, eles teriam percebido o que uma voz encharcada de chakra de uma biju, dizendo que Naruto era seu filho, poderia ter implicado para alguém como Iruka.

Se tivessem tempo, eles teriam percebido que a agressividade de Iruka não era com Naruto, mas com o que achava ser o Nibi, o bijuu que matou seus pais, tentando tomar mais alguém dele.

Se tivessem tempo. Mas não teve.)

Ela ouviu Naruto arfar, percebendo que ela havia sido ouvida. Kushina ouviu o som característico da chidori, um grito de alguém chamando Kakashi, mas antes que eles pudessem dizer qualquer coisa, o chakra abrupto do Nibi os fez paralisar no local. Turbulento, quente, completamente reconhecível.

Antes que pudessem se recuperar, Naruto já havia estourado a parede e fugido, deixando para trás o fogo azulado do chakra do Nibi.

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