Parlamento X

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O teto do Parlamento caia em cima dos quatro adolescentes desacordados e do corpo morto e inerte de Louis. Toda a Shilandia estava desabando, junto com a alma de seu "tutor". Não havia salvação para a aristocrácia, para os elfos burocratas ou para os humanos que levavam os recados, tão pouco se salvariam os anões das recepções, os azulis mendigos e os faunídeos artistas de rua. O Velho Elfo estava os levando junto com ele.

Venceslau subiu a sua caverna e prendeu o canídeo Rusky desacordado, o excesso de água no organismo do Lobo causaria problemas, mas não o mataria. O Mago das Águas sentiu o quebrar da magia do Elfo, como se uma onda mágica fosse enviada por toda a Ilha de Stanis. A Shilandia que podia ser vista parcialmente da entrada da caverna próxima ao porto rachou em um barulho único, tudo estava indo ao chão.

Venceslau não tinha muito tempo, nem tampouco escolha, ele correu para o Parlamento, mas não alcancaria nunca os seus pupilos.

Os olhos de Emily se abriram, e a rachadura no teto e as raízes mortas caindo das paredes mostravam que ela não podia continuar ali. Desesperada ela tentou acordar Bianca, mas sua amiga estava atônita, consumida pelo poder do V.

Affenis e Gauss não eram opção, a explosão havia os lançado para longe, e Emily sabia que não tinha tempo. As coisas ficaram fora de controle e então o teto caiu, algumas toneladas de concreto sobre alguns jovens que tinham como recompensa ter vencido o Elfo mais poderoso que já pisou em Stanis.

As pernas de Venceslau estavam pesadas, no meio do caminho ele já conseguia ver os sinais da destruição, pessoas correndo feridas e aos prantos, em meio a escombros de prédios públicos. Ele apenas queria salvar os seus.

O Mago exausto após a luta com Rusky já não aguentava mais um passo, e então caiu de exaustão em meio a principal avenida da Shilandia, fazendo parte da cena melancôlica e destrutiva, ele não chegaria até seus pupilos, não agora.

Restavam poucos segundos até Emily ser soterrada, e então ela fechou os olhos para uma última oração, ela havia salvado a vida de muitas pessoas, queria acreditar nisso, então ceder a própria para isso não seria um preço tão alto.

O V ainda estava no Parlamento, ela ainda sentia fluir o poder do deus, a sua face destruídora se alimentava, a face pacífica estava aos prantos com tanta dor que a Shilandia sentia. Ela pensava se ainda tinha salvação.

Affenis estava do outro lado, mal conseguia ver as meninas, já as julgava mortas. Ele via a poeira cair da rachadura, e desesperado, tentou voar, mas sua asa direita estava quebrada. Sobrava a morte, aceitar o fim como um nobre, sem se entregar totalmente ao medo.

O Centauro preferiu se fingir de morto, a dor excruciante de suas patas quebradas lhe forneciam as lágrimas que limpavam o seu rosto. Gauss se lembrou das fugas, de batalhas contra os canídeos no escuro da floresta, de chorar ainda jovem, indo embora do controle de seus pais. O concreto era pra ele o convite do descanço do eterno embate que travou.

O Parlamento escureceu, e então desabou, a plantinha criada pelo Elfo estava ali no meio, buscando o sol que não estava mais ali.

Os Contos das Ilhas - O ParlamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora