MARCH 14, 2001

1K 114 47
                                    

Estava sentado em um banco num parque qualquer, o vento estava tão forte que era de se imaginar uma arvore caindo por conta dele, o tempo estava nublado e o lugar completamente vazio, no meu relógio já eram 13h46 e eu não fazia ideia do que eu estava fazendo ou esperando ali. Alguns trovões tomaram conta do céu e os pingos grossos de chuva começaram a cair com mais velocidade, procurei algum lugar onde eu pudesse fugir da chuva mais não encontrei nenhum se quer e o que me restou foi correr para a casa. O cenário muda completamente, agora estava em uma floresta, estava anoitecendo e se não fosse pela minha ótima visão noturna eu não enxergaria nada além de um centímetro a minha frente, pude escutar passos mais não identifiquei de que lado estava vindo, a velocidade dos passos aumentaram e eu me assustava cada vez mais. Uma voz ecoou bem de longe, podia ter certeza a quem pertencia aquela voz, sem engano nenhum, um sorriso idiota escapou me fazendo pestanejar a mim mesmo por isso.

― Hora, hora se não é Harry Edward, estava me esperando? – pude escutar seu sorriso nasal.

― Porque eu estaria? Por acaso eu gosto de você? – respondi logo.

― Me responda por você mesmo. – me virei a procura e ele já estava em minha frente.

― Sabe muito bem o quanto nos odiamos. – sorri com ironia.

― Eu nunca disse que te odiava, você quem sempre repetiu isso. – dei alguns passos para trás tentando me afastar.

― Louis me deixa em paz, pelo menos uma vez na vida. – bufei.

― Mas eu já deixei, você não se lembra? – suas asas se abriram e assim percebi que eram maiores que as minhas. – Ah é mesmo, nunca deixei, e nunca deixarei. – gargalhou.

― Isso só pode ser brincadeira. – disse baixo a mim mesmo.

― Realmente, é uma brincadeira. – respondeu ele já na minha frente.- Na verdade eu vim aqui para te levar comigo, seu momento chegou. – seu sorriso foi de orelha a orelha.

― Nunca irei com você. – minhas asas se abriram com velocidade.

― Veremos. – seus passos foram lentos indo para trás.

O olhava fixamente para não o perder de vista mas era impossível, em questão de milésimos ele já estava perto de mim e eu não conseguia reagir, senti uma força maior me puxando para trás, me virei de imediato e vi minhas asas se colando com as dele como se fossem imãs, tentei fazer força contra e não conseguia mais. Nossas asas estavam coladas nos fazendo ter uma asa só, senti uma dor terrível tomando conta do meu corpo,  eu não queria aquilo, tentei sair novamente e não consegui.

Um ultimo raio bateu em minha janela me fazendo despertar desse pesadelo terrível, ainda suspirando me levantei indo em direção a cozinha beber água, não tinha coisa pior para um anjo do que sonhar que está indo para o inferno. Tomei um gole buscando calma, retomei meu ar e logo voltei ao meu quarto e tentei dormir de novo. Estava um pouco difícil de dormir com todo aquele barulho de trovões, não que eu tenha medo, mais é que a cada minuto que eu conseguia dormir eles batiam na janela bruscamente e me acordavam. Eram 4AM e eu ainda não conseguia dormir, sentei-me na cama pegando meu livro na cômoda que havia do lado da minha cama e dei inicio de onde havia parado.

**

Estava esperando meu café chegar até minha mesa, uma rajada de sol que estava coberto pelas nuvens refletia em meu rosto,  já estava quase no fim do meu livro e já estava chateado. Flashbacks do meu pesadelo veio em minha mente no momento em que senti que Louis poderia estar por perto, não sei, mais sentia que algo de ruim ia acontecer. Na maioria dos sonhos que anjos tem, na verdade são visões futuras de algo que irá acontecer, implorei pra mim mesmo que aquilo fosse só um pesadelo e que nada disso iria acontecer. Vi alguém se aproximar e parando ao meu lado, era uma mulher, loira, e ela tinha um belo sorriso.

― Olá, será que poderia me sentar aqui? É que esta lotado. – suas bochechas coraram e eu apenas sorri assentindo com a cabeça. – Obrigada. – seu jeito desengonçado me fez rir por um momento.

― Cuidado para não cair ou derrubar as coisas. – disse ainda rindo.

― Me desculpe, eu sou um pouco desastrada mesmo. – ela sorriu de volta. – Eu sou a Gemma, prazer. – sua mão se esticou em forma de cumprimento.

― Harry. – apertei sua mão e voltei a ler meu livro.

Não fui de muitas palavras pois já estava quase indo embora, ela também parecia tímida circulando coisas em um jornal que havia em sua mão, podia dizer que ela estava a procura de um emprego. Já estava na minha hora e antes de eu ir me despedi dela que ainda desastrada me cumprimentou de volta, fechei meu sobretudo colocando as mãos nos bolsos e logo fui embora ficando longe da vista de qualquer um que fosse, a não ser de Louis, que já estava me esperando na esquina da minha rua.

― Soube que sonhou comigo essa noite. – ele brincava com seus dedos enquanto esperava minha resposta. – Já entendi, não quer falar sobre isso né? – Continuei o ignorando, de todas as opções que tinha, essa era a melhor. – Tudo bem, entrarei na sua casa e ficarei lá até que fale algo. – seu sorriso ficou como o de uma criança ao ver doce.

Abri a porta e nem fiz muito esforço par fecha-la, já que o encosto já estava lá dentro, tirei meu sobretudo pendurando na arara que havia alguns centímetros da porta e fui andando para a cozinha.

― Ainda espero resposta. – dizia ele de cima da bancada enquanto comia uma torrada, isso era um abuso.

― Louis, se você sabe que eu sonhei, porque ainda pergunta? – o cerrei com os olhos.

― Quero ouvir da sua boca, é mais emocionante. – ele bateu uma palminhas empolgado.

― As vezes me pergunto se sua personalidade é de alguém de vinte e quatro anos ou de dez. – revirei os olhos.

― Vamos Edward, o que custa falar. – num piscar ele já estava ao meu lado.

― Demônios, todos iguais. – dei de ombros e caminhei até a sala.

― Você é um anjo sem graça, e bem medroso digamos. – disse ele se acomodando em meu sofá.

― E você é um carma que só tira as pessoas do sério. Olha só, vai embora, sua cota já deu por hoje. – apontei para a porta.

― Hoje ficarei mais um pouco, obrigado. – sorriu pegando o controle da TV e a ligando.

― Eu não mereço isso Deus. – respirei fundo tentando manter a calma, caso contrário meus olhos iriam mudar de verdes a vermelhos num instante.

Subi para o meu quarto trancando a porta, não importava se ele estava lá sozinho, o que importava era que eu queria ficar sozinho e em paz, mais, sabendo que ele estava no mesmo lugar que eu, eu não conseguia manter minha mente em paz. Sua presença me deixava impaciente e inibia qualquer tipo de vontade de fazer algo que eu tinha, era como se ele sugasse toda minha energia e ficasse feliz com isso. A ajuda de calma que eu sempre pedia era ao Niall, ele era o único por quem eu mantinha a calma e não fraquejava, se não fosse por ele, já teria me entregado as trevas a tempos.

21 Days {l.s} ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora