MARCH 13, 2001

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O sono tomava conta de mim, já estava a mais de três horas esperando o voo para a cidade de Forks e nada de fazerem a chamada de embarque. As pessoas ao meu lado já estavam me olhando estranho, minha mudança de humor afetava a cor dos meus olhos, hora estavam verdes, outrora ficavam amarelos e tentava o máximo possível não deixa-los vermelhos. Me levantei com a intenção de ir voando, mas uma voz me impediu, era a chamada do voo, dei meia volta indo em direção a entrada e não demorei muito para entrar no avião e ir direto para o meu assento, sem pensar duas vezes me aconcheguei e dormi.

Sinto alguém me cutucar e desperto num pulo, outro pulo deu a pessoa que me acordou, sua voz soou doce e ao mesmo tempo medonha ao me dizer que já íamos pousar, assenti com a cabeça e logo coloquei o cinto me consertando na cadeira, pelo reflexo pude ver meus olhos completamente amarelos, só assim entendi o motivo do susto daquela senhora. Senti uma leve turbulência e logo depois vi que já estávamos no solo.

**

Estava nevando em Forks, as ruas estavam quase vazias, alguns estabelecimentos abertos e as casas todas fechadas. A casa na qual ficaria era uma das ultimas das ruas, melhor assim que ficaria sossegado, apressei meus passos e logo cheguei na casa, minhas costas doía por conta das minhas asas, ser um anjo tinha seus prós e contras, eu poderia me transformar em qualquer pessoa e forma que eu quisesse, porém, isso não era o certo a se fazer. Tranquei todas as portas e janelas e tirei minha jaqueta e camisa, fazendo minhas asas se abrirem com rapidez, senti um breve alivio ao ver a dor passando, me joguei no sofá e minha vontade maior era de dormir até o dia seguinte.

Já eram quase 17 horas e resolvi ir ao mercado próximo dali, estava com fome e não tinha nada pra comer em casa, vesti uma roupa qualquer e sai. As pessoas me olhavam estranho, não sei ao certo se era por eu ser novo lá, ou se era pelo fato deles conseguirem sentir que sou anormal, meus olhos não me deixavam negar, ignorei os olhares e continuei andando até lá. O frio tomava conta de toda parte, entrei no mercado com pressa e logo fui escolhendo algumas coisas, vi um vulto passar no inicio do corredor e senti um arrepio, aquele vulto não me parecia estranho, voltei minha atenção no que eu estava fazendo e logo aquele vulto apareceu novamente, mas não tão rápido quanto ao primeiro. Se eu não estivesse enganado, só tinha uma pessoa no mundo que me perturbava assim e sempre, o meu pior inimigo de todos os anos que já vivi, tentei não pensar muito nisso não dando atenção quando ele aparecia. Já a caminho do caixa fui interrompido no caminho por uma criança que me pedia informação.

― Harry, você pode me dizer aonde fica os biscoitos. – sua voz era doce, mas eu não entendi como ele sabia meu nome.

― Fica naquele corredor ali, mas, como você sabe meu nome? – o encarei incrédulo temendo sua resposta.

― Você me disse ‘ué. – um sorriso se abriu de orelha a orelha.

― Em que momento eu disse isso? – me agachei ficando no mesmo nível de altura que ele.

― Desde que nascemos. – sua voz e feição mudaram imediatamente se tornando quem eu já imaginava.

― Eu sabia. – suspirei ao ver aqueles olhos azuis me fitando.

― Achei que tomaria um susto Harryzinho. – seu tom de voz soou estridente.

― Já me acostumei com suas aparições perturbadoras. – revirei os olhos tentando o ignorar.

― Sei que é mentira, você sempre quer que eu apareça, admita querido. – Louis conseguia ser irritante quando queria.

― Não, agora se me der licença preciso ir. – avancei passando por ele deixando-o para trás.

― Como quiser anjo. – sua risada fora sarcástica.

Tentei não olhar para trás sabendo que ele estaria me encarando, odiava o fato dele aparecer sempre para me perturbar, mas, parando bem para pensar, os demônios fazem isso mesmo, perturbam as outras pessoas. Me apressei indo direto para a casa tomando a forma de outra pessoa, talvez assim ele não me perseguiria.

**

Os pingos fortes da chuva batia na janela fazendo bastante barulho, já não conseguia mais me concentrar no livro, me levantei indo até a cozinha beber e comer algo também, a casa vazia me deixava aflito, sinto falta do meu irmão que já não vive mais aqui na terra, Niall era a melhor pessoa que existia no mundo, sempre me fazia rir e me ajudava em tudo. Me despertei desse devaneio abrindo a geladeira a procura de algo, tomei a jarra de suco em minhas mãos e logo peguei um copo e quando me virei o deixei cair com o susto que tomei.

― Será que dá pra parar com isso? – gritei.

― Me desculpe querido. – seu sarcasmo tomou conta de si.

― Vai embora, como descobriu aonde moro? Não tenho sossego, acabei de crer. – dei as costas em busca de uma vassoura.

― Você nunca teve e nunca terá, sabe disso. E afinal, esse seu cheiro doce fica por onde você passa, nem precisei de muito esforço pra descobrir aonde você mora. – disse ele já escorado na bancada com seus braços cruzados.

― Você é um encosto. -  fiquei nervoso e sem querer minhas asas se abriram o assustando de certa forma.

― Nossa, ficou nervosinho? Seus olhos estão vermelhos. – gargalhou.

― Vai embora, aproveita enquanto peço com educação. – me contrai fechando minhas asas.

― Tudo bem, mais não fique feliz com isso. – deu as costas mas virando logo. – E afinal, eu também moro aqui. – um sorriso fechado apareceu em seu rosto.

― Já entendi, agora vá. – respirei fundo e dei as costas.

Eu não podia acreditar que nem nesse lugar eu teria paz, Louis sempre aparece com a intenção de me levar para as trevas junto a ele, mas eu nunca farei isso, seria condenado para o inferno imediatamente caindo em suas tentações

21 Days {l.s} ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora