O final da ponte deu em um enorme castelo de granito. Lá encontrei outras tantas almas com outros tantos demônios-guias. Estruturalmente, parecia muito com o Purgatório há pouco visitado. Fui orientado a pegar uma fila.
- Até aqui tem fila? - questionou uma alma que chegou pouco depois de mim e posicionou-se ao final.
- É um inferno mesmo... - respondi.
Aguardei até chegar a minha vez de ser atendido. Estava sentado à mesa um demônio terrível, grandes chifres, grandes narinas... saía fumaça de suas narinas quando respirava. Possuía escamas por todo o corpo e asas sem plumas. Delicadamente ele serviu-se de uma xicará de café.
- Bom, vejamos - ele disse olhando um pergaminho - Rafael... Rafael... achei! Sim, você pode dirigir-se à sala 66 do sexto andar. Você vai encontrar-se com... - ele interrompeu a fala. Passou a encarar-me com seriedade. - Você vai encontrar-se com Lúcifer.
Passado um momento de tensão, segui até a sala 66. Lá abri a maçaneta.
Encontrei um sofá confortável, um grande aquário e um piano sendo tocado. Clair de Lune do compositor Debussy estava sendo tocada. O som parou e grandes asas emergiram. De lá levantou-se o anjo e veio até mim. Tinha cabelos loiros compridos. Uma máscara cobria o seu rosto.
- Rafael, pode sentar-se. Confesso que a sua chegada era esperada por mim.
Sua voz era bela. Eu sentei-me no sofá.
- Por que você está usando essa máscara? - eu perguntei.
- Eu sou o entrevistado? Achei que fosse o contrário - ele respondeu. Ele respirou um pouco e ajustou a máscara, que estava fortemente amarrada à sua cabeça - Rafael, a minha beleza é excessivamente alta. Eu consigo dobrar um exército de seres aos meus joelhos com um simples sorriso. Entende isto? - ele perguntou.
- Consigo imaginar um pouco do que seja...
- Sim, você também vê isso. Este é um dos motivos da sua vinda até mim. Continuando a História, após o fim da Guerra dos Anjos, eu fui julgado e condenado a usar essa mácara, de modo a suprimir a minha beleza. Como eu disse, muita beleza tem gigantesco poder.
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Céu e Inferno
Romance- Olá! Vejo que você está um pouco tonto, tente manter a calma... Bom, você morreu!