03: Pinhaprata, Honra

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Dois dias haviam se passado desde os eventos em Tirisfal. No mesmo dia com o incidente da Cruzada Escarlate, o grupo havia explorado todas as áreas do reino com sucesso, catalogando tudo em apenas algumas horas. Os mesmos haviam tirado um dia para descansarem, se curando de suas feridas e comendo na taverna. Eles partiram no dia seguinte para a Floresta de Pinhaprata, que ficava abaixo das Clareiras de Tirisfal.

Estava de manhã na Floresta Pinhaprata. Homônimo à seu nome, a floresta tinha grandes pinheiros prateados, além de uma aura fria e um tanto desconfortante em seus redores.

- Então um goblin te vendeu uma armadura que era mal-feita? -

Grou'khrin estava caminhando nos seus pés, olhando para Michael, que estava montado em um cavalo descarnado morto-vivo, comprado do estábulo em Montalvo. Valzho estava andando ao lado, junto com Ming, montada em Funfun, e Nukkia, montada em Lúcia.

- Não exatamente. Eu fui testar esta armadura para conseguir dinheiro para minha família. Nós estávamos em uma situação um pouco complicada, então eu quis ajudar. - Michael explicou, conforme o cavalo ia à frente.

- Eu entendo você, renegado. - O orc acenou com a cabeça. - Em Draenor, há mais de trinta anos atrás, o mundo estava morrendo, todos nós estávamos em necessidade. Quando nos ofereceram sangue demoníaco para beber, para ficarmos fortes e conquistarmos um outro mundo, não podíamos recusar. Hoje em dia, Draenor é Terralém, um mundo quebrado, na beira da morte e quase inabitável, e a espécie órquica prospera em Azeroth. -

- Nós dois sacrificamos coisas para ajudar. - Michael concordou, cruzando os braços. - Mas no final, veio com um custo. Eu falhei no final das costas, Guilnéas caiu de qualquer jeito e minha família está o mais longe possível. -

Valzho se aproximou de Michael, colocando uma mão no ombro dele. - Não fica assim, cara. Não foi tua culpa. Só tem muita gente lixo nesse mundo, gente que quer aproveitar dos outros pra ter sucesso, mas no final joga os caras que ajudaram eles no lixo. - Ele diz, Michael concorda, acenando com a cabeça. O troll continua. - Se serve de consolo.. quase ninguém aqui tem contato com a família. Meu pai morreu lutando nas guerras quando eu era jovem, minha mãe, uma mulher de outra tribo de trolls, me abandonou porque ela não queria assumir uma cria que fosse da tribo Lançanegra. Só sobrou meu tio pra cuidar de mim, e mesmo ele fica muito ocupado no trampo dele hoje em dia. -

Michael olhou para o Lançanegra adolescente. - Eu posso encostar em você? -

- Que pergunta é essa, cara? - Valzho soltou uma risada. - A gente não se conhece muito, mas tu é da Horda, e Horda é truta, cara. Só não vai me dar um beijo, hein! -

Michael soltou uma risada genuína, logo colocando seu braço de metal nas costas do troll. - Você é engraçado. A morte-vida nulificou muitas das minhas emoções, mas, você consegue trazer felicidade à minha vida. -

- Hã.. - Valzho solta um único riso, coçando a parte da sua cabeça que ele raspou, sem seu moicano longo. - Uau, hã, de nada, cara. A galera acha nóis trolls engraçados mesmo. - Ele disse, sorrindo.

Michael acenou com a cabeça, virando o olhar para Grou'khrin. - Lorde Machado Urrante, não é? -

O orc bufou. - Me chame apenas de Grou'khrin. -

- E quanto à você? Como é a sua família? -

- Eu não tenho família. Meu pai espancava a mim e minha mãe quando eu era menor, me tratava como um animal, sempre me forçou a circunstâncias e testes árduos, tudo porque ele, de acordo consigo mesmo, queria me tornar "mais forte". A mulher que eu amei me traiu com um draenei. Eu tive dois filhos, as únicas pessoas que eu guardei amor verdadeiro. Meu filho faleceu com a Varíola Vermelha que assolou Draenor. Minha filha morreu no Cataclismo, lutando contra a Aliança. Eu sou um lobo solitário, rancoroso e frio. -

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