04: Eira dos Montes, Confiança

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Haviam se passado cerca de dois dias desde o incidente do Cartel Pestebomba. O grupo foi para uma estalagem da Horda em Pinhaprata no amanhecer, descansou até o meio da tarde, e então desbravou o resto de Pinhaprata. A vida selvagem fora documentada por Ming, potenciais fortes e bases foram catalogados por Grou'khrin, e com a adição de Beatrizze na equipe, eles conseguiram listar possíveis campos e lojas, a goblina sendo experiente nessa área.

Com Pinhaprata explorada, o grupo descansou no forte mais uma vez à noite, antes de partir no próximo amanhecer para o próximo ponto: O Contraforte da Eira dos Montes.

Antes um dos reinos de Lordaeron, o Contraforte era uma linda terra, verdejante e cheia de vida. Era uma grande região do antigo reino humano, mas após os Renegados se erguerem, a terra foi ficando cada vez mais morta e desolada, com campos inteiros sendo consumidos por peste. Como se não bastasse, um grande conflito, uma guerra entre as forças dos Renegados e Horda contra anões do Clã Lançatroz e worgens dentessangue deixou as terras mais cicatrizadas ainda. O Contraforte ainda tinha parte da grande glória esmeralda de antes, mas nos dias atuais, ele é apenas uma sombra de seu antigo ser.

Eram cerca de sete a oito horas da manhã. O grupo de Ming estava montado em montarias alugadas, senão Lúcia, o kodo de Nukkia.

Valzho, montado em um cavalo descarnado, observava os seus redores. A terra era verde e um tanto viva, algo incomum para o território dos Renegados. - Esse lugar tá me lembrando bem mais minha terrinha da Selva do Espinhaço... -

- Oh? - Nukkia ergueu uma sobrancelha, abrindo um sorriso com o que o jovem diz. - Você é da Selva do Espinhaço, Valzho? -

- Minha família era de lá. Eu nasci lá, mas eu não fiquei muito tempo antes de ser mandado pra Aldeia Sen'jin. Sinto mó saudades às vezes, cara... apesar de ser perigoso pra cacete, era uma terra muito viva. Não era nada parecida com os cantinho tudo morto de Kalimdor, ou os cantinhos ainda mais morto dos Renegados. - Valzho explicava conforme o cavalo caminhava à frente.

Ming, montada em Funfun, olha para o troll, abrindo um sorriso. - Ei, não se preocupe, Valzho. Pelo que estudei, a Selva fica aqui nos Reinos do Leste. Talvez demore um pouco, mas cedo ou tarde, nós iremos pisar lá! -

Valzho acenou com a cabeça. - Tô ligado, cara... já tô até ficando ansioso. -

Michael, montado no seu cavalo, vira seu olhar coberto pelo capacete a Valzho. Ele o encarou por um tempo, antes de levar seu olhar para a frente. - Vocês têm família? -

O primeiro a responder foi Grou'khrin. - Já tivemos essa conversa antes, e eu já falei de como era a minha. Meu pai era um lunático abusivo e meus filhos morreram faz tempo. - Ele disse, em um tom rabugento.

Beatrizze estava caminhando nos seus pés. - Eu tinha um irmão. Ele ficou rico, virou um escroto que abusou do poder, e no final morreu pra um monte de mercenário. Ele nunca deu nem uma fração da grana que ele tinha... close errado demais. Espero que esse falsiano esteja apodrecendo agora. -

- Eu abandonei minha família para explorar. Para experimentar a Horda. - Ming disse, olhando para baixo por um momento. - Não falo com eles faz meses, e provavelmente nunca vou falar. Eles odeiam a Horda. -

- Ah amiga, pelo amor de deus, cê abandonou seus pais só pra ir pra Horda? - Beatrizze olhou para a pandarena com um olhar debochado, sobrancelha erguida e sorriso largo. - Cê nem tinha certeza de que ia dar certo, nem sabia se essa facção era boa ou não. -

A pandarena arregalou os olhos por um momento. - Bem... eu só queria experimentar outras culturas no mundo afora. Meus ancestrais fizeram isso por séculos e séculos, tem dúzias do Clã Pançaforte que saíram para explorar e não voltaram mais. Já dizia meu tio-avô Yi Tien: "uma aventura vai ensinar a você mais sobre si mesmo do que cem anos de quietude." -

Desbravadores da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora