Insuportavelmente Agreste

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O ar condicionado gelava a sala de Marinette como nunca, afinal, estava sozinha às oito e meia da noite de uma sexta- feira, vulgo hora extra. Tinha aceitado ficar no lugar de uma colega, que jurou ter um compromisso indispensável, mas ela sabia que era apenas mais um noite de bebedeira, a qual ela não participaria.

Após o trabalho, teria um voo direto para Paris, era época dos festivais e sua família estaria a sua espera. Suas férias sempre eram resumidas à família, ela gostava, porém, tinha vezes que pensava antes de ir, queria poder aproveitar sua folga sozinha.

Trabalhava na área do marketing e adorava poder passar horas procurando a melhor cor para a nova coleção, mas hoje em especial estava cansada e sentindo-se péssima, pois sabia que apenas mais uma pessoa estava na torre de vinte andares em plena sexta-feira.

Seu chefe, o mesmo que implicava com ela desde o primeiro dia, também se encontrava no prédio, provavelmente em uma ligação desnecessária com alguém desnecessário. Só se viam em pequenos horários, esses que eram os piores do dia, pois sempre se alfinetavam.

Marinette nunca soube o porquê da implicância, contudo, só retrucava sem pudor, sabia que o ele não a mandaria embora e gostava de esfregar em sua cara que fazia um bom trabalho como gerente de seu andar.

Desligou o computador assim que ouviu seu telefone tocar sobre a mesa e o alcançou com rapidez, deveria ser sua mãe preocupada. Sabine tinha pavor dos aviões e gostava de estar informada sobre o paradeiro da filha.

- Fale que você já está chegando - Sabine pediu.

- Mãe - Marinette não conteve uma risada. - Eu ainda estou em Milão, não saí do serviço. - Levantou-se e pegou sua bolsa. - E a senhora sabe que meu voo é só às dez horas da noite.

- Trabalhando ainda!? E suas malas?

- Feitas, estou saindo agora e logo estarei no aeroporto. - Passou pela copa em busca de um gole de café para aguentar as horas exaustivas antes de entrar no avião.

- Avise quando estiver dentro do avião! - a mãe coruja falou.

- Sabe que não posso mexer no celular a todo momento. - Apertou os dois botões da máquina expresso e viu seu café ficar pronto. - Preciso ir, mando mensagem assim que estiver para subir no avião! Beijos, amo você. - Desligou e sorriu, gostava da preocupação de Sabine.

- Sabe que atender ligações no expediente de trabalho está fora de cogitação. - A voz de Adrien passou pelos ouvidos de Marinette e a fez tremer.

- Você faz isso o tempo todo, Adrien - suspirou antes de dar um gole no café. - E eu já bati o ponto, não estou em expediente.

- Você estava em chamada desde a sua sala - ele disse. - E eu faço ligações a respeito do trabalho, não de família.

- Vinte andares, cada um com uma copa, você tem mesmo que vir aqui!? Sua sala é a última - Marinette reclamou, odiava as aporrinhações infantis dele.

- Gosto da máquina de expresso deste andar. - Sorriu sarcástico.

Marinette balançou a cabeça e passou por ele sem dizer mais nada, ouvindo apenas uma risada fanha. Precisava mesmo de uma sessão de relaxamento, aprender a ignorar ele seria a melhor façanha de sua vida.

Adentrou o elevador o mais rápido que podia e já conseguia sentir a brisa de Paris passar por seus cabelos. Apesar de gostar de Milão, ter um descanso do emprego era revigorante, e melhor ainda sem ter que ver seu chefe ou qualquer colega de trabalho.

Seu carro tinha suas malas na parte de trás junto de uma bolsa de mão e uma blusa de frio, sabia como era horrível passar horas de voo congelando, precisava de uma manta.

Férias (in)desejadasOnde histórias criam vida. Descubra agora