o menino que necessitou trocar de café, mesmo adorando a cafeína.

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dois meses. dois meses que não vejo o rosto de taehyung, que não o abraço, que não o toco.

dois meses sem ir à lanchonete, pois eu sabia que o encontraria. e eu não estava preparado para vê-lo, na verdade, ainda não estou.

nas duas primeiras semanas que passamos sem nos falarmos eu fiquei louco. sentia saudade toda hora. o meu peito ardia só em expectativa — e se isso mudar? e se for só um sonho? e se... e se... e se... — essas palavras me atormentaram por dias.

eu chorei um oceano toda noite. e inundei-me todo dia. a falta que ele me fazia era alucinante, eu não conseguia parar de visualizar suas redes sociais, eu o stalkeava a todo instante. mas nunca tinha nada de novo.

durante trinta dias ele postou a mesma foto, um expresso com o vapor sendo capturado pela lente do celular, bem possivelmente.

e eu sei bem o que aquilo significava... eu estarei te esperando por aqui. e eu fiquei tentado a ir, jogar-me em seus braços, cheirar os seus cabelos e perder-me em seus olhos castanhos.

eu repeti para mim diversas vezes que iria ficar bem. que iria superar e seguir em frente. e cada palavra doía cada vez mais. por que deixá-lo? sempre fraquejava, mas no fundo eu sabia que estava certo.

era melhor assim.

eu nunca quis um sentimento desproporcional ao meu. não funciona e o fluxo não percorre.

às vezes vejo as fotos dele. outras, escrevo sobre ele.

eu permitir-me sentir toda a dor, despejando o choro contido todo em uma noite. e de manhã eu não tive vontade de lacrimejar, mas meus olhos ardiam.

mas eu fiz o que era necessário, doeu bastante... mas aos poucos a dor foi diminuindo, ainda presente, mas com pouco intensidade.

eu precisava seguir a minha vida. olhar novas pessoas, conhecê-las, apaixonar-me por elas. e eu tinha a certeza de que o kim fazia isso também. e ele não está errado.

mas nesses dois longos meses, eu me afoguei em meus próprios fluídos salgados. gritei, pus para fora. e só aí eu me senti bem.

eu queria conhecer-me a fundo. saber de verdade quem eu sou, do que gosto, do que quero, do que é ou não é essencial. queria olhar para meu reflexo e me encontrar.

há males que vêm para o bem. pela primeira vez eu acreditei naquela frase. afastar-me de taehyung foi uma das coisas mais difíceis que tive de suportar fazer, mas valeu a pena.

eu encontrei traços e pintinhas ao longo do meu corpo — que estava um pouco mais cheinho —, e meus dentes ficaram um pouco amarelados, devido o constante café ingerido.

macchiato caramelizado sempre me faria lembrar dele e daquele riso estridente. não tenho dúvidas de que continuaria a amá-lo, mas ele não seria mais o protagonista.

eu tirava fotos minhas, dançava no banho, escrevia sobre meus detalhes e pintava-os em uma daquelas telas enormes para pendurá-lo na cabeceira do meu quarto. e ele fora entitulado decalcomania.

no processo em que kim taehyung adentrou em minha vida ela já estava uma bagunça, fato. mas eu não conseguiria retirar as coisas do lugar com ele lá, ocupando o maior espaço do meu coração desalinhado.

eu vou pintar o cabelo, ir à festas, e principalmente colocar-me em primeiro lugar. irei me respeitar, e me cuidar... como há muito deveria tê-lo feito.

talvez eu e o taehy nos encontremos de novo algum dia. talvez possamos pedir o café um do outro, e experimentar outros. talvez joguemos conversa fora e o tempo flua como normalmente fazia: chorando imensamente e armagamente.

mas, há um oceano inteirinho pela frente, aguardando-me para navegar e fazer-me passear. e eu sei, mesmo estando há milhas de distâncias, se ele me gritar eu o ouvirei e olharei ao redor, o circundarei em meus braços pequenos apertando-o com saudade.

e em uma finura de voz direi:

“olá.” e no fim, sorrirei de maneira completa, porque eu já seria mais meu do que alguém já foi um dia.

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obrigada a todes que leram até aqui. <3

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⳽oᑲɾᥱ ᥴᥲƒᥱ́⳽ ᥱ ɾᥱᥴɩρɾoᥴɩᑯᥲᑯᥱ. • taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora