Prólogo: Uma Última Caçada

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          Kanjigar sabia que ia morrer exatamente um dia antes de realmente ter acontecido. O Amuleto contou para ele.

          Ele sentiu o dispositivo fazendo tique-taque na armadura sob o seu coração, como fez por séculos. Até ontem, quando de repente começou a fazer tique-taque mais rápido e alto do que nunca. Como uma contagem regressiva.

         Tique. Tique. Tique.

         Naquele momento, Kanijgar soube que essa caçada seria a última. A descoberta não o surpreendeu. Incontáveis Trolls carregaram o Amuleto antes de Kanjigar então parte dele sempre soube que, também, iria cair em batalha um dia. O Amuleto então iria chamar por um novo campeão – o próximo Caçador de Trolls – para realizar os desconhecidos desejos de seu criador, Merlin, o mago.

         Cruzando o Mercado Troll, casa subterrânea de Kanjigar pelas últimas 2 décadas ou algo assim, ele andou entre as cavernas lotadas com centenas de Trolls de todas as formas e tamanhos. Pedras radiantes refletiam suas cores neon pela armadura de metal brilhante de Kanjigar. Ele sorriu para a enorme Pedra Encantada que se erguia sobre o Mercado Troll, alimentando seus moradores subterrâneos – incluindo Kanjigar – com a preciosa energia da vida. Seu sorriso desapareceu quando lembrou que essa seria sua última visita ao Mercado e que sua energia iria retornar em breve a Pedra Encantada. Com seu tempo restante, o caçador de trolls sabia que teria que se despedir daqueles que são mais próximos a ele.

          Tique. Tique. Tique.

          Kanjigar inclinou sua cabeça para que seus chifres não batessem contra a porta da biblioteca, como eles fizeram incontáveis vezes, esculpindo buracos na pedra. Dentro da biblioteca, ele encontrou dois melhores amigos, Blinkous Galadrigal e AAAAAAAAH!!!.

         — Oh, se não é Kanjigar, o Valente — disse Blinky, batendo palmas com todas as suas quatro mãos em alegria. — A que devemos sua honrada presença? Se você está aqui para rever Gringold's Grim oire de novo, receio que já tenha entregado para Vendel.

          — Está tudo bem, Blinky — disse Kanjigar. — Pois venho em busca de uma conversa calorosa, não de livros velhos e empoeirados.

          — Preciso dizer que isso não parece o seu tipo, Kanjigar — disse Blinky. — Eh, sem ofensa.

          — É verdade — AAAAAAAAH!!! murmurou, abaixando a cabeça com chifres mansamente.

          Kanjigar sentou-se ao lado da dupla na grande mesa de leitura coberta com numerosos volumes abertos e pergaminhos de pesquisa e suspirou.

          — Por isso, eu me desculpo, meus amigos. Eu tenho me distraído ultimamente. Os deveres do caçador de Trolls pesam muito na minha cabeça. Mas agora... agora eu estou finalmente lembrando o que é mais importante para mim.

          Blinky e AAAAAAAAH!!! trocaram um olhar de preocupação enquanto Kanjigar observava a biblioteca em volta deles. Centenas de livros encadernados em couro e variadas relíquias de suas aventuras passadas lotando as prateleiras, incluindo uma grande hélice enferrujada.

          — Você se lembra da época que rastreamos estes Goblins até aquele aeródromo humano na superfície? — Kanjigar perguntou com um sorriso.

          — Mas é claro! — disse Blinky, com seus seis olhos brilhando. — Lá em... 1942. No calendário humano, é claro.

          O sorriso de Kanjigar se espalhou para AAAAAAAAH!!! e Blinky enquanto compartilhavam a memória.

          — Nossa, como aqueles Goblins destruíram aqueles aviões, engenhocas sem sentido — Blinky continuou. — Por que qualquer criatura sã possivelmente iria querer voar quando eles podem permanecer perfeitamente seguros no chão? E aqueles pobres, assustados pilotos! Do que eles chamaram os Goblins quando os viram? Gromets? Grammars?

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