O despertador na mesa tocou as 6:00 da manhã, emitindo o mesmo som irritante como todo dia de aula. James Lake Jr. piscou seus olhos e os abriu lentamente, ainda lembrando de seu sonho estranho. Ele estava cercado de centenas de peças de uma moto Vespa sem instruções ou alguém para ajudá-lo a montar. E Jim teve esse sentimento que passou do sonho para a manhã - uma sensação terrível de que o tempo estava se esgotando. Olhar para o despertador não ajudou a mandar embora o sentimento.
Se vestindo e penteando seu cabelo preto com pressa, Jim desceu para a cozinha e começou a cozinhar três refeições de uma só vez: torrada amanteigada para ele (um simples, mas muito satisfatório café da manhã), um pedaço de carne com cobertura de ketchup e chipotle* assando no forno, e uma cebola caramelizada e omelete de queijo de cabra. Jim praticou usar sua faca Santoku com precisão, deixando um belo corte nas cebolas vermelhas. E ele tinha cicatrizes demais nos dedos para lembrá-lo de ser cuidadoso. [*Acredito que se trata de um molho.]
Fazendo múltiplas tarefas pela cozinha, Jim tirou o pedaço de carne do forno, cortou em três fatias para três sanduíches, e virou a omelete sem dificuldade na frigideira. Nada mal para uma terça-feira. Agora veio a parte favorita de Jim: ele lavou a faca na pia e secou-a no ar girando a lâmina entre os dedos.
"Crianças, não tentem isso em casa" Jim pensou. "A não ser que sua mãe trabalhe loucamente por horas e você enjoou de comer sanduíches de manteiga de amendoim e geléia toda noite."
Depois de retirar toda a última gota de umidade da superfície, Jim colocou a Santoku no bloco de facas, colocou a omelete no prato e levou para cima em uma bandeja. Ele gentilmente abriu a porta para o segundo quarto e achou sua mãe, Barbara, dormindo profundamente em sua cama.
Jim colocou a bandeja na mesa de cabeceira, gentilmente removeu os óculos de sua mãe, e limpou-os com seu suéter antes de colocá-los ao lado do prato. Ao vê-la ali, parecendo em paz, Jim sentiu pena de sua mãe. Ela trabalhou tão duro no hospital, realmente salvando vidas, e sustentando os dois. Jim prometeu há muito tempo que nunca reclamaria de fazer refeições. Era o mínimo que ele poderia fazer para ajudar sua mãe. E, também, ela era uma péssima cozinheira.
— Te amo, mãe — Jim disse suavemente enquanto beijava ela na cabeça e voltou para o andar de baixo.
• • •
A porta da garagem rangeu ao abrir, e Jim andou com sua bicicleta para fora, indo contra a luz do sol.
— Estamos atrasados, Jimbo — falou uma voz familiar.
Bobby estava tentando encaixar um capacete na sua cabeça, porém já tinha ficado pequeno demais para ele há muito tempo.
— Desculpa, Bobby — disse Jim — Tava ocupado com o almoço. Um pra mim, um pra Mamãe, e...
Jim sacou um saco de papel marrom e Bobby ansiosamente pegou, cheirando profundamente.
— Ah — Bobby suspirou — Champignon balsâmico, almôndega, pedaço de tomate seco...
O braço de Bobby brilhou na luz do sol enquanto ele movia sua língua pela boca, tentando identificar o último sabor que estava cheirando.
— E cardamomo — disse Jim.
— Uh, tá ousado, hein, Chefe Jim! — Bobby respondeu.
Jim sorriu. Desde o jardim de infância, Bobby sempre teve uma apreciação por comida. Bobby adorou a maneira como Jim usava partes iguais de carne moída e carne de porco para manter seu bolo de carne macio, e Jim adorava como Bobby amava coisas assim.
— A vida não é nada sem aventura — brincou Jim enquanto subia na bicicleta.
Bobby fez o mesmo (depois de algumas tentativas falhas), e eles pedalaram em caminho a escola. Como eles estavam atrasados, eles cortaram caminho pelo canal para economizar 5 minutos. Bobby reclamou do passeio esburacado, como sempre. Ele vivia por momentos como aquele – correndo contra o tempo, sentindo o vento contra sua cara, e pulando com a bicicleta sob uma colina sempre que tinha a chance.
Essas pequenas emoções mantiveram Jim concentrado no momento e não preocupado com o dia seguinte. A ideia de sentar para assistir um monte de aulas em que ele não era muito bom, tudo enquanto tentava não admirar a maravilhosa garota que nem sabia que ele existia, revirou o estômago de Jim. Ele imaginou por quanto tempo se sentiria dessa maneira. Por quanto tempo ele seria tão... comum. Durante todo o colegial? Faculdade? Essa sensação de tempo indo embora retornou a Jim, enviando uma pontada de preocupação a seu intestino.
"Oh, bem" Jim pensou enquanto Bobby tagarelava atrás dele. "Clara Nuñez pode nunca me notar, mas pelo menos tenho o Bobby. E minha mãe. E uma carreira promissora fazendo sanduíches, eu acho. Almôndega é boa e tudo, mas mesmo assim. Eu queria que tivesse... mais."
Jim tentou afastar toda sua ansiedade enquanto corria em direção ao canal. Alcançando a borda de concreto, Jim pulou com sua bicicleta e ficou por muito tempo no ar. Naquele momento, ele se sentiu livre - livre de responsabilidade, livre de preocupações, livre daquela voz irritante em sua cabeça - por alguns segundos divertidos, fugazes e gloriosos.
Os pneus pousaram no fundo do canal com um guincho de borracha, e Jim olhou de volta para a floresta, esperando o Bobby atrasado.
— Bobby, vem logo! — Jim chamou, sua voz ecoando pelas paredes cobertas de grafite do canal.
Nenhuma resposta veio de Bobby. Ele provavelmente estava muito longe para ouvir Jim de qualquer jeito. Ao invés disso. Jim ouviu outro eco de voz em sua mente. Não é a habitual que aparece para dar palpite em Jim o tempo todo.
Não, essa era uma voz desconhecida. Parecia velha, poderosa, e muito séria enquanto Jim a ouviu chamando seu nome.
— James Lake.
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A Aventura Começa
General FictionTítulo original: The Adventure Begins Autor: Richard Ashley Hamilton Publicado em: 12 de dezembro de 2017 Nº de capítulos: 19 __________ Sinopse Jim Lake, de 15 anos, é apenas um adolescente comum. Até que ele é escolhido para ser o primeiro humano...