Capítulo 6: Que sejam Guaxinins

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          Tique-taque. Tique-taque.

          A ameaça de vingança de Steve Paluque incomodou Jim durante toda a volta de bicicleta para casa. Nem o brilho cor tangerina do pôr do sol ou Bobby tagarelando poderiam libertar Jim de seus pensamentos preocupados.

          — Foi demais, cara! Viu só como eu falei com ele? — Bobby disse, ainda emocionado consigo mesmo. — "Deixa ele sair!" "Deixa ele sair!" Tipo, tudo bem que cê só vai viver até Sexta, mas foi demais.

          "Certo. Demais" pensou Jim. "A promessa de uma surra de Steve, o fato de que Clara provavelmente ainda não tem ideia de quem eu sou, além do dever de casa, fazer as refeições de amanhã.... Minha vida é apenas do balacobaco"

          — Oi, meninos — falou uma voz calorosa.

          Jim desacelerou para parar enquanto sua mãe parou ao lado dele com o carro, tomando banho e vestindo uma nova roupa de hospital. Ela sorriu para o filho atrás do volante, embora as olheiras ainda a fizessem parecer cansada.

          — Oi, mãe — disse Jim, forçando um sorriso de volta.

          — Tá bonitona, hein, Doutora Lake! — Bobby disse enquanto passou por eles, tendo problemas com os freios. Ele parou, eventualmente, e pedalou de volta até Jim e sua mãe.

          — Obrigada Bobby — disse Barbara. — Você também.

          — Oh — Bobby disse, surpreso. Ele flexionou seu braço como um fisiculturista e contraiu a barriga. — Já dá pra ver, é?

          Jim decifrou o olhar culpado na cara de sua mãe e soube o que significava. Ela ia trabalhar até tarde de novo.

          — Vai passar a noite fora? — ele perguntou.

          Barbara suspirou e disse:

          — O Doutor Gilbert está com bursite e o Doutor Lenz tem um casamento em outra cidade esse fim de semana.

          "Ugh, um plantão duplo" Jim pensou. Ele sentiu tanta pena de sua mãe. "E a comida do hospital é terrível!"

          — Tá legal — disse Jim. — Só não se esquece do seu

          — Jantar — Barbara disse, erguendo o saco de papel marrom com seu sanduíche. — Obrigada.

          — Isso — Jim disse com uma piscadela. — E vê se tenta esquentar no forno, e não no micro-ondas, tá bom, mãe? Tira todo o sabor e os nutrientes.

          Jim mudou de posição no assento da bicicleta e sentiu uma ruga inesperada de papel no bolso da calça jeans. Enfiando a mão, ele pegou o post-it com o número do Sr. Strickler escrito em uma caligrafia perfeita. Jim rapidamente escondeu o papel, não querendo preocupar sua mãe com outra coisa à essa altura.

          — Querido, deve ter um milhão de coisas melhores pra fazer que cuidar de mim — disse Barbara, perdendo a mão de Jim escondendo o papel.

          — Eu não sei o quê — disse Jim.

          Barbara sorriu mais uma vez para Jim antes de colocar a mão no volante e dizer pela janela aberta:

          — Te amo, filho.

          — Tchau, mãe — Jim respondeu. Agora ele estava se sentindo culpado por não contar a Barbara sobre a conversa com o Sr. Strickler.

          — Você parece a mãe da sua mãe — disse Bobby.

          — Ha — Jim riu. — Até amanhã, Bobby.

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