Capítulo seis: O Presente (Jiang Cheng)

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— Flores? Está falando sério? — Jiang Cheng fechou os olhos afim de conter a risada, mas seus lábios trêmulos não mentiam nenhum pouco. O mesmo agora segurava o pequeno copo adornado com detalhes e minhas azuis, praticamente virando o chá para conter seus impulsos. — Seu passatempo é plantar flores?

— O que tem de tão ruim nisso? — ZeWu-Jun respondeu em tom de brincadeira, mas um sorriso doce pairava em seus lábios, sempre tão gentis.

Uma vez, enquanto conversava com seu sobrinho sobre assuntos triviais, uma pergunta lhe fora feita.

"Tio, quando o senhor irá sorrir de verdade?", e aparentemente o mais jovem havia lido sobre isso em algum livro. No dia em que recebeu o questionamento, estava confuso. Afinal, não lembrava-se da última vez que havia sorriso na frente do rapazinho, mas agora procurava entender melhor.

Líder Lan sempre sorria para todos, tão admirável e correto. Mas seria aquele seu sorriso verdadeiro?

— Não há nada demais, apenas imaginei que alguém tão ocupado como você pudesse gostar de algo mais interessante.

O homem de azul coçou a própria bochecha com seu indicador, claramente curioso com a fala do mais novo. Um riso soprado e baixo lhe escapou, deixando visitante surpreso.

— Aprendi sobre flores com minha mãe. WangJi gosta muito delas também! Falando nele, você tem o visto com Mestre Wei recentemente?

Com a mãe dele, huh...?

Há muito ouvira os boatos sobre a senhorita Lan. Morte jovem. Deixou os dois filhos. Uma boa pessoa. Nada mais, nada menos que isso. Como ele conseguia falar sobre alguém que se foi com um sorriso no rosto, sem nem sequer remediar suas palavras? O Jiang desejava poder fazer o mesmo. Por que era tão diferente?

Tão injusto.

... Tão hipócrita.

Como Lan Xichen conseguia falar de sua mãe como algo tão natural enquanto ele mal tinha habilidade de falar sobre o passado de seu clã com os outros? O quão fraco poderia ser? Por que era diferente com ele? Sua mão, por puro impulso, apertava fortemente o copinho em sua mão.

Por que não conseguia ser tão forte como os outros? Isso é tão, tão estúpido.

— Líder Jiang...? — Saiu de seus pensamentos assim que ouviu aquele que jazia em sua frente chamar pelo seu nome. Sua expressão preocupada e a mão próxima ao seu braço coberto pelas vestes roxas. Ah... Que tipo de expressão havia feito na frente dele?

— Tch, Wei Wuxian? — Virou o rosto, afim de desviar completamente aquele olhar de si. — Por que eu estaria o vendo, principalmente com seu irmão? Não tenho nenhum assunto à pagar com aquele idiota.

A expressão de ZeWu-Jun tornou-se tranquila e, sem que o Líder de YunmengJiang percebesse, soltou todo o ar que de alguma forma prendeu em seu peito quando foi chamado por ele.

Havia conseguido evitar mostrar suas fraquezas, substituindo-as por culpa disfarçada de raiva pelo próprio irmão. Vergonhoso.

Nunca, em toda a sua vida, iria ousar mostrar nada além de força na frente de ZeWu-Jun. Fez esse juramento solene naquele exato momento.

Antes que pudesse perceber, o citado em seus pensamentos havia se levantado, caminhando pela sala, não demorando muito para voltar ao seu encontro. Em suas mãos, uma flor branca e de pétalas suaves, podendo ser facilmente comparada com a expressão que ele fazia enquanto a olhava. Jiang Cheng seguiu com o olhar os longos dedos que tocavam na planta com tanta delicadeza e gentileza. Era... Admirável.

Era admirável a forma de como o homem considerado mais forte dentre os clãs podia ser tão cuidadoso com algo tão viril quanto uma flor. Nunca o havia visto de fato ser bruto com algo ou alguém que não fosse em um momento de tensão em batalha.

— É sua. — Suas palavras foram tão repentinas que Jiang Cheng sobressaltou, o olhando com confusão. — É uma magnólia. Foram as primeiras flores que eu aprendi a plantar. Eu gosto muito delas... Você quer ficar com ela?

O homem de roxo arqueou uma das sobrancelhas, claramente confuso.

— Por que eu iria querer isso?

— Hmn, por quê não? É um presente.

ZeWu-Jun, naquele exato momento, sorriu de forma tão radiante que poderia ter brilhado tanto quanto o sol, estendendo a flor para si.

— Certo... Eu fico com ela, se insiste. — Como um cachorro que volta ao seu dono com o rabo entre as pernas, segurou em mãos a magnólia oferecida à si. Olhando de perto, havia reconhecido-a. Havia centenas delas espalhadas por todo o recanto das nuvens.

Era a primeira vez que não havia se forçado a agir de forma tão bruta na frente de alguém.

E era a primeira vez, desde de sua infância, que alguém havia te dado um presente sem a intenção de o arrancar de si depois.

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⏰ Última atualização: Nov 13, 2021 ⏰

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Dor, se flor. || XICHENGOnde histórias criam vida. Descubra agora