capítulo três: Luz (Jiang Cheng)

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Caro Líder Jiang,

Agradeço sua gentileza e preocupação , e juntamente sobre as informações das conferências de líderes! Devo confessar, sinto falta de ver todos interagindo tão bem.

Como você esteve, afinal? Seu sobrinho, jovem mestre Jin, está bem?

Infelizmente não posso lhe trazer muitas notícias por meio dessa carta, não há muito acontecendo em minha volta. Ainda sim, me agrada ver o nascer do sol e o florescer das magnólias locais. É bem confortável.

Quem sabe, quando tudo melhorar, possamos tomar um chá juntos? Creio que não seja má ideia.

Atenciosamente, Zewu-Jun.”

Jiang WanYin leu aquelas palavras incontáveis vezes. Diversas. Talvez centenas de milhares. Não sabia mais contar, aparentemente.

Sempre que estava a caminho de Gusu para que seu sobrinho ficasse próximo de seus amigos e fazer compras, ouvia os residentes locais falando sobre Lan Xichen. Que não haviam respostas e muitas dúvidas sobre seu bem estar. Então como caralhos ele havia conseguido uma resposta para sua carta? Por que Líder Lan havia o respondido?

Era a vez do pobre-diabo sentir-se coberto de dúvidas. Ao mesmo tempo que seu coração tornava-se taquicardio ao tentar compreender tudo aquilo.

Sentia admiração singela por Zewu-Jun desde seus anos de estudo em Gusu. Não que fosse nada demais, mas aquele homem o inspirava. Era um líder justo e com um grande futuro. Aquela admiração manteve-se com Jiang Cheng durante anos, e estava claramente se fazendo presente no momento. Era uma honra receber uma carta do líder do clã Lan.

Não que ele fosse tolo o suficiente para admitir isso para alguém, obviamente.

Puxou uma caixa de madeira de dentro de seu armário, então. Procurando fazer o mínimo de barulho possível. Estava um tanto empoeirada, mas seguia sendo a mesma e em segurança.

Ainda que hesitante, abriu-a, segurando o ar de seus pulmões ao ver o tecido roxo com a estampa de YunmengJiang protegendo um material delicado dentro dela. Não iria abrir. Não conseguia. Seu peito apertou.

Naquela pequena caixa, guardava apenas coisas que lhe importavam. E aquilo... Argh.

Tudo doía. Sua cabeça, seus braços, olhos, peito. Tudo era doloroso. Lembrar-se de seu passado, da queda, do fogo e dos gritos de dor. Do sangue escorrendo pelas lâminas resplandescentes na noite em que estrelas cadentes tornaram-se flechas em chamas. Odiava lembrar-se do Píer de anos atrás, e odiava por não ter impedido.

Se tivesse chegado um pouco mais cedo... Se aquela noite não tivesse sido tão tempestuosa...

Novamente seu passado se fez presente em sua mente, e a culpa o fez apertar levemente a folha em sua mão. O papel...

Seus olhos se voltaram novamente para a delicada e levemente amassada folha branca entre seus dedos. Sentia que podia respirar de novo. Uma risada soprada saiu de seus lábios enquanto relia o destinatário escrito com seu nome.

Aquele idiota me sugeriu um chá mesmo estando em reclusão...”, pensava, negando com a cabeça e sorrindo como um tolo.

— Zewu-Jun, Zewu-Jun... – Suas palavras saíram arrastadas enquanto guardava a carta da caixa de madeira. – O quão solitário você deve se sentir para responder cartas de uma pessoa como eu?

──── 鹰 ────

E... Foi assim que tudo começou, diário. Com uma simples troca de cartas.

Obviamente a culpa é de Lan Xichen por me falar de magnólias estúpidas e me chamar para tomar chá! Acha que ele colocou alguma coisa dentro do líquido? Acredito que seja impossível. Nunca ouvi falar de algum efeito colateral.

Se bem que meu corpo também é culpado, como um líder, eu deveria ter um sistema imunológico mais forte... Tsc.

Isso me irrita pra caralho. Quando acha que vai parar? Sinceramente, é ridículo. Se alguém soubesse do que se trata, provavelmente eu seria dessecado até a morte! Eu não sei o que há de errado comigo, simplesmente não faço ideia. E não sei quem pode em ajudar. Estou perdendo as esperanças.

Estou morrendo, os espinhos se tornam cada vez mais afiados.

O que eu posso fazer...? Se não consigo lidar sozinho, a quem devo recorrer?

Uma luz, caro diário. Eu apenas preciso de uma luz.

Dor, se flor. || XICHENGOnde histórias criam vida. Descubra agora