𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐎𝐈𝐒 | 𝗧𝗛𝗘 𝗕𝗘𝗚𝗜𝗡𝗡𝗜𝗡𝗚 𝗢𝗙 𝗧𝗛𝗘 𝗘𝗡𝗗

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Um carro passou pela rua, fazendo a tampa de um dos velhos boeiros de Starcity tremeram

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Um carro passou pela rua, fazendo a tampa de um dos velhos boeiros de Starcity tremeram. Ao mesmo tempo, o som do copo de whisky batendo na bancada do velho bar de esquina, se fez presente. Em um gesto sugestivo, de que era para ser enchido novamente, ogarçom lhe serviu outra dose. Já passava das onze e meia da noite. Não que o dono do bar estivesse com pressa pra fechar, mas estava ficando preocupado. Havia uma certa frequência em que via a moça por ali e ao dizer pela sua cara, hoje foi um dia péssimo.

Maya virou o copo em um único gole, queimando. Agradecendo em um aceno silencioso com a cabeça. O garçom sorriu e seguiu para o próximo cliente em uma conversa animada. Inebriada demais para sentir qualquer coisa, deixou o copo novamente sobre a mesa, pensando sobre uma possível nova dose.

O sino da porta tintilou. Alguém havia chegado ao bar. Haviam muitas pessoas que frequentavam aquele lugar. Maya conhecia a grande maioria. Sabia seus trejeitos e passos. Sabia de côr cada respirada nova, os tropeços nos pés, os cheiros. Tudo guardado em sua mente. Gravado e tatuado em todos os seus sentidos.

Mas esse, ela conhecia muito além daquele lugar. Os passos calculados e precisos. O olhar queimando em suas costas, vidrados entre decepção e culpa. As palmas das mãos se apertando, suadas. Ela podia sentir o cheiro, inebriando seus sentidos que ficaram imediatamente em alerta. Maya sentiu um arrepio na espinha, ela não gostava disso.

Sentando sobre a cadeira ao seu lado, ela ouviu um suspiro. Braços apoiados de bruços sobre a bancada de madeira maciça do bar. Maya olhou para o seu copo, traçando a borda com os indicadores. Ela não veio aqui para conversar, veio para ficar sozinha. Já havia vozes demais em sua mente.

Com um último suspiro, dessa vez mais leve; foi gesticulado para o garçom trazer uma dose de bebida. Virando de lado, ergueu a cabeça e deixou que as palavras soassem levemente. Era um dia ruim, não era preciso mais palavras ruins.

── Hey.- cumprimentou.

Maya resmungou em resposta, algo como um "eai". Ouve uma longa pausa, um silêncio gritante. As conversas altas do bar preenchendo o vazio entre as duas pessoas. A tv foi trocada de canal, algo para o canal de notícias e a explosão do prédio feita por assaltantes mais cedo. Desde que Starcity afundou, literalmente, as coisas ficaram um pouco complicadas. Fora dos eixos.

Não se sabe exatamente qual dos dois abriu a boca para falar primeiro, mas foram interrompidos pelo garçom trazendo a dose do mais novo cliente ao seu lado. Um aceno silêncio de agradecimento foi dado.

── Olha... - pausa. - Eu sei que não é problema meu. Eu sei que você vem tendo dias bem ruins. Não cabe a mim dizer que você está errada em encher a cara para esquecer seus problemas, mas você não acha que já bebeu o suficiente. Pelo menos por hoje? Quando foi a última vez que você foi pra casa? Sei lá, talvez dormir um pouco não faça mal. Acho que você está precisando, suas olheiras são bem visíveis e horríveis. - disse bebendo um gole da bebida que desceu queimado em um careta.

𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒 ─ 𝗱𝗶𝗰𝗸 𝗴𝗿𝗮𝘆𝘀𝗼𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora