04 Acidente

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"Onde vai?"

Quis saber o pai de Jake ao vê-lo sair de casa à noite daquela sexta feira.

"Ao trabalho".

Sem mais palavras,este saiu.

**

Mari rolava a chave do carro de um lado para o outro em cima da mesa,pensando na vida. Seu pai adentrou pela sala abraçado com Laila.

" Vamos jantar. Quer nos fazer companhia? "

"Sabe que dia é hoje?" 

Ela perguntou levantando o olhar a vendo a figura alta de seu pai vestido elegantemente um termo preto de linho e Laila em um belo vestido lilás. Sentiu raiva dos dois.

"Sei sim. "

Ele disse com pesar.

"E ainda assim vai sair?"

"Ficar em casa não mudará nada minha filha. Sinto muito. Boa noite".

Esperou até ouvir o barulho do carro de seu pai se distanciar naquela noite fria e morta. Enfiou as chaves dentro do bolso do jeans. Fez o que costumava fazer sempre que se sentia assim. Desceu até a garagem e pegou seu conversível. Pisou fundo e arrancou pelas ruas mais desertas que conhecia. Corria e ultrapassava todos os sinas vermelhos possíveis. As lagrimas invadiram seus olhos e o vento as espalharam por seu rosto. Dirigia insana e sem pensar. Estava acostumada. Nunca lhe acontecia nada. Mas daquela vez foi pouco diferente. A rua não estava tão deserta como parecia,e no cruzamento do sinal vermelho,por pouco não foi atingida em cheio por um outro carro. O motorista desviou em cima e ela com o susto perdeu o controle do carro. Bateu em uma árvore. As pessoas dos pequenos comércios que haviam ali saíram assustadas para socorrer .

Jake caminhava tranquilamente pela calçada quando viu tudo. Viu o conversível preto passar em alta velocidade por ele e pensou ter reconhecido quem o dirigia. Viu o outro carro desviando assustado no cruzamento e viu a batida de leve na árvore. Junto com o bando de curiosos,correu até o carro na árvore.

Mari estava desacordada e um filete de sangue descia de sua testa. O carro não havia sofrido grandes amassos.

"Ela é louca! Cruzou o sinal! Eu não tive culpa!"

Gritava o outro motorista ao lado de fora tentando ser acalmado pelos moradores.

"Ei,psiu. Acorde."

Ela abriu os olhos devagar e o pensamento de Jake foi o mesmo de algumas noites atrás quando a encontrará na praia. Jamais havia visto um azul tão infinito. Ela o reconheceu também.

"Eu morri?"

Ele riu.

"Ainda não".

Mari fechou os olhos e franziu a testa.

"Como se sente?"

"Estou tonta"

"Vou te levar ao hospital. Consegue mudar de lugar?"

"Não preciso de hospital"

"Cala a boca"

MariOnde histórias criam vida. Descubra agora