02 - Jake

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Ela correu entre os carros e chegou à calçada. Pedro correu logo atrás, a seguindo enquanto ela entrava na praia,indo em direção ao mar.

" Mariana! Mariana! Vem,estamos atrasados! Não é hora para brincadeiras!"

" Vem amor,vem curtir um pouco essa praia comigo!"

" Mari estamos atrasados,teu pai noz espera."

Pedro gritava parado na calçada. Mari de distanciava aos poucos dando passos curtos de costas em direção ao mar.

"Vem Pedro! Vem!"

Ela esticou os braços e ele bufou.

" Quando é que vai crescer Mariana?"

Virou-lhe as costas e entrou no carro.

"Idiota"

Ela sussurrou baixinho. Olhou ao seu redor e viu o posto em que se encontrava vazio. A noite estrelada brindava sua visão e o mar parecia bem agitado. Retirou as sandálias e caminhou segurando-as até chegar na beira mar,onde sentiu a água gelada cobrir-lhe os pés e arrepiar todo seu corpo. Soltou as sandálias na areia e foi entrando aos poucos. Aquela altura seu vestido fino e bege já estava encharcado e flutuava acima de sua cintura. As pontas de seus longos cabelos negros dançavam no ritmo das ondas. Ela mergulhou e emergiu sentindo-se de alma limpa. Foi indo cada vez mais a fundo e a fundo. Mas o mar não estava para calmaria naquela noite.

"É melhor sair"

Pensou,mas as ondas cada vez mais altas não a deixaram. A sugavam para trás com toda força.

" Calma Mariana. O segredo é não se desesperar ".

Em vão. As ondas agora a afundavam e ela não podia mais respirar com facilidade. Estava a cada segundo mais e mais longe da margem. O pânico e o desespero de estar sendo arrastada e afogada em uma praia aparentemente vazia tomaram conta de si. Tentou gritar mas mal o podia fazer. Estava sem forças e fraca por tentar se debater e nadar contra a maré. Rendeu-se.

*

Por sorte não estava sozinha naquela praia. Sentado ao longe, Jake fumava seu cigarro tranquilo, olhando o balanço do mar. Estava de saco cheio da festa que acontecia alguns metros ali atras na casa de praia de um de seus amigos. Sentou-se para espairecer. Viu quando alguém chegou na praia,viu quando a pessoa que estava com ela a deixou sozinha,e a viu entrar no mar.  Apesar de Mari não gritar,ele a viu debater-se e sumir na água negra. Jogou o cigarro de lado e correu arrancando o cassaco pelo caminho. Tirou os sapatos e entrou.

*

Deitou-a na areia e tentou reanima-la. Ela tossiu depois de alguns segundos,cospindo um pouco de água. Abriu os olhos lentamente. Jake se admirou,nunca em sua vida havia visto par de olhos tão azuis e vivos como os dela. Deixou seu corpo pesado cair ao lado da recém salva e fechou os olhos respirando aliviado.

Mari olhou para cima e se lembrou de tudo o que havia acontecido. Sentia um pouco de dor na garganta ao respirar mas foi passando conforme se acalmava. Sentou-se devagar e viu Jake deitado ao seu lado.

"Há outras maneiras mais fáceis e rápidas de morrer. Morrer agonizando em uma praia não me parece uma boa."

Ela o olhou assustada.

" Pera aí, eu não estava... Aa... Tentando me matar! Não é nada disso que estás a pensar.

Um riso frouxo escapou de Jake.

- Não precisa explicar .Deve ter seus motivos.

Ela riu-se nervosa 

"Não há motivos!Já disse que não estava fazendo nada disso. Foi um acidente."

O silêncio dele a incomodou.

"Não acreditasse não é?"

"Relaxa guria. Não me deve satisfações."

Ela ficou de pé e bateu a areia do corpo.

"Não devo mesmo! Não lhe pedi para me salvar."

"Ainda por cima és mal criada?"

"Isso és tu que estás dizendo!"

"Pois eu deveria mesmo tê-la deixado morrer."

" Urgh! Grosso e estúpido!"

Saiu batendo pés brava mas não deu se quer cinco passos e foi interrompida pela voz de seu salvador.

"Melhor não ir por esse lado. Foi lá que teu amigo te abandonou"

"O que disse?"

"Eu vi quando te deixaram para trás"

"Eu não fui deixada para trás! Fiquei porque quis!"

"Ok"

"Estou a falar a verdade"

"Já disse que tu não me deve satisfações. Só um obrigada por ter salvo minha vida caríssimo. Isto já é de bom tamanho"

"Ainda por cima faz piada! Poupe-me! Não lhe agradecerei nem que me paguem para isso!"

"Ok"

Passou por ele e catou o cassaco dele que havia ficado ao chão. Jogou o mesmo sobre os ombros.

"Ei,estranha! Isto é meu"

"Agora não mais".

MariOnde histórias criam vida. Descubra agora