Resquícios

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Mari entrou em seu carro e debruçou-se sobre o volante, chorando. Deixou as lágrimas escorrerem e sentiu vontade de gritar. Não sabia o que estava sentindo além de uma grande confusão. Quando se acalmou, dirigiu até sua casa. Com a cabeça cheia, terminou de arrumar algumas coisas, não sentiu o tempo passar. Olhou as horas e já eram quase 18, tomou um banho, colocou um vestido preto de manga comprida e com um decote maravilhoso atrás, prendeu o cabelo em um coque meio frouxo, passou seu batom vermelho, colocou uma sandália de salto não tão grossa, mais fina, pegou sua bolsa e foi encontrar-se com seu pai na empresa.

Ao chegar, subiu direto para a sala dele, onde Olavo já a esperava. Entrou:

"Minha filha! Como está maravilhosa! Vai á algum lugar mais tarde?"

"Sim, pretendo sair para me divertir, ando precisando"

"Aconteceu alguma coisa ?"

"Nada que o senhor deva se preocupar." - Puxou a cadeira e sentou-se.

"Bom, pedi para o Pedro marcar essa reunião pois precisamos ter uma conversa séria e um pouco indigesta".

"Sou todo ouvidos"

"Já sei que está doente pai, e já faz um tempo que sei"

Ao ouvir essas palavras, Olavo não demonstrou reação, continuou sério, apenas ouvindo:

"Sei também do seu interesse para que eu assuma a empresa quando você não estiver mais aqui. Entretanto, como já deixei claro, não tenho tanto interesse pelos negócios. Sei que sou sua única herdeira, e sei que você e a mamãe construíram isso aqui para mim. Por isso, tenho uma proposta para lhe fazer".

"Mari, minha querida, sinto não ter lhe contado antes sobre minha doença, porém hoje é dia de comemorar. Acabo de receber a notícia de que meu câncer está em remissão. Mais algumas sessões de tratamento e estarei curado!"

Mari não podia acreditar no que ouvia! Levantou-se sorrindo e com os olhos cheios de lagrimas e abraçou o pai:

"Não estás mentindo para mim, estás ?" - Perguntou soltando-se do abraço.

"Claro que não minha filha, eu não brincaria com isso! Mas, vamos, diga, qual sua proposta?"

"Quero aprender sobre os assuntos da empresa, me comprometo com você a isso, mas primeiro quero adquirir conhecimento específico, fazer um curso, ou quem sabe, o Pedro possa me ensinar a distância, já que estou voltando para Londres em poucos dias."

Olavo sorriu:

"Claro, tens toda razão, precisa capacitar-se! Pedro pode ensinar-lhe, conversarei com ele. E quando estiver pronta e quiseres voltar, tudo aqui será seu."

"Não terei presa, pai, agora que o senhor ficará bem e poderá tocar esse negócio ainda por muitos anos...

Eles riram juntos, Mari continuou:

"Mas quero pedir-lhe também algo em troca. Quero que vá para Londres, passar um tempo comigo, como fazia quando eu era menina e você aparecia nas férias e faziamos coisas de pai e filha."

Os olhos de Olavo se encheram de lágrimas:

"Claro minha filha, claro"

Os dois se abraçaram novamente, fazendo as pazes e conversaram por mais um tempo ajustando pequenos detalhes. Mari sentia certo alívio por ter conseguido resolver as coisas com seu pai, mas o nó na garganta por saber que Bianca havia acordado e que agora sim, as coisas entre ela e Jake terminariam de vez e ela só queria fazer uma coisa: Encher a cara.

~~

Foi sozinha para um barzinho que tinha shows a noite. Estacionou, entrou, sentou no bar e pediu uma bebida, a mais forte que tivera ali. Tomou uma, duas, três, até perder as contas.

MariOnde histórias criam vida. Descubra agora