-- 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐒, 𝖾𝗋𝖾𝗆𝗂𝗇 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼.

strangers to friends.

❛ 𝐀𝐑𝐌𝐈𝐍

Eu me lembro. Me lembro de quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez na porta do colégio. Sua babá havia me levado por engano e só percebeu que eu não era o pequeno herdeiro quando chegamos em sua casa. Ela se desculpava milhares de vezes com sua mãe e com a minha. Você ria da situação enquanto eu ainda estava assustado, escondido atrás de minha progenitora.

— Oi, novo Eren! — Você se aproximou de mim, ainda rindo. Eu não entendi naquele dia o porquê de tudo ser tão cômico para você.

Não respondi. Estava envergonhado.

— Ei, tia! — Disse você puxando a barra do vestido de minha mãe para chamar sua atenção. — Esse loirinho não fala? — Ela riu em resposta antes de olhar para mim e dizer: "Diga um "oi" ao Eren, não seja mal educado, querido."

— Oi.

— Você fala!

E então, você sorriu para mim pela primeira vez e eu não consegui evitar sorrir de volta. Seu sorriso era contagiante, você poderia iluminar o mundo inteiro com aquele sorriso se quisesse.

Eu deixei você me guiar a partir daquele dia. Me mostrar o parquinho do nosso colégio no qual eu nunca havia brincado antes, seus brinquedos favoritos e até se sentar comigo no recreio após a aula de matemática.
Me dei conta que havia feito meu primeiro amigo. E eu não poderia estar mais feliz. Você foi a primeira pessoa que segurou minha mão e insistiu em ser meu amigo mesmo com toda minha timidez. Impressionantemente você nunca saiu do meu lado, crescemos juntos. Éramos inseparáveis, éramos melhores amigos, almas gêmeas. Éramos destinados a estarmos juntos, você me disse isso uma vez e eu cegamente acreditei.

— Você promete que sempre será meu amigo até mesmo quando você for o garoto mais popular do ensino médio? — Estávamos sentados no gramado verde de sua casa. Era o último dia das férias de verão, no próximo dia já começaria uma nova etapa de nossas vidas. Você estava animado para isso, e eu tinha medo de lhe perder.

Você riu, mas isso não me confortou. Acho que você percebeu, já que me conhecia bem, se virou para mim e começou seu monólogo do qual me lembro até os dias de hoje.

— Claro que prometo, bobão. — Você continuava rindo enquanto se deitava na grama. — Eu li um livro na casa da minha vó que um dos personagens dizia "somos destinados a estarmos juntos, nada vai nos separar".

— O que você quer dizer com isso?

— Que somos destinados a ficar juntos também. A final, somos melhores amigos para sempre, né?

Me deitei ao seu lado na grama fria recém cortada que pinicava, com um sorriso de satisfação em meus lábios.

— Sim, melhores amigos para sempre.