friends into lovers?

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TW: bullying e assédio.

❛ 𝐀𝐑𝐌𝐈𝐍

A adolescência. Fase de descobrir mais sobre si próprio, crescer, de ter primeiras vezes fazendo coisas que nunca pensou que faria... É uma ótima etapa da vida. Se você for popular, tiver amigos ou ambos.
O que não foi o meu caso. Mas foi o seu caso. Você saia para festas quase todos os finais de semanas, tinha amigos e tinha até rumores de que você namoraria com a garota mais gata da escola, Historia Reiss. Todos achavam inacreditável o quanto você se tornou popular em tão pouco tempo e sendo um novato, mas eu já esperava por isso. Você era o sol, você nunca viu a escuridão, seu brilho iluminava qualquer um, até mesmo eu. Eu queria ser sua lua, mas eu não era, eu não era nem mesmo uma estrela. Você tinha todo o sistema solar para si próprio. Tinha novos amigos mais interessantes que o loiro estranho que você conheceu quando pequeno no jardim de infância. Não tive a mesma sorte, a única coisa que recebi foi bullying. Eu nem havia me descoberto ainda e boatos sobre minha sexualidade já rondavam pela escola apenas por causa de meu jeito de me vestir.
E quando me dei conta, você não sentava mais ao meu lado nas aulas de gramática, nem nos recreios e não me dava mais carona até minha casa. Eu sentei e assisti você se afastar.

- Hey, ouvir dizer que você é o viadinho do primeiro ano. - Tentei apenas ignorar e seguir meu caminho, mas o dono da voz agarrou meu braço e me prensou contra a parede do vestiário masculino. - Docinho, não se faça de difícil...

- Eu sei que vocês, viadinhos, adoram chupar um pau, quero te ajudar com isso.

Não era a primeira vez que isso acontecia, mas era humilhante do mesmo jeito. Eu só queria correr daquele lugar, mas o garoto não me deixava passar.

- E-eu não sou gay. - Sussurrei em resposta virando meu rosto para não o encarar, e de imediato o ouvi rir.

- Você escutou isso, Marcel? - O jeito que ele ria fazia meu estômago embrulhar. - Ele disse que não é gay, vou ter que ter uma prova.

O amigo dele apenas deu de ombros e continuou a fumar seu cigarro, era inacreditável. Ele colocou uma de suas mãos em meu rosto, me forçando a o olhar. Eu não sabia o que estava por vi, mas fechei os olhos na tentativa falha de tentar sair dessa.

- Deixa o loirinho em paz, Galliard.

O assediador, que agora eu sabia que se chamava Galliard, se afastou de mim de imediato. Aquela voz me era familiar. Achei que podia ser você, me salvando como sempre, mas abri meus olhos e você não estava lá.

- Vem. - Meu salvador misterioso me cobriu com sua jaqueta do time de futebol, provavelmente porque achou que eu estava tremendo por estar com frio, sendo que na realidade eu só estava assustado.

- Obrigado, de verdade. - Minha voz ainda estava trêmula, mas tentei ao máximo expressar minha gratidão. - Você foi muito corajoso em enfrentar os garotos do segundo ano.

O garoto de cabelos em um tom claro de rosa sorriu para mim por alguns segundos enquanto me guiava para fora do vestiário.

- Fico feliz que consegui te ajudar! E aliás, meu nome é Jean, Jean Kristen, muito prazer.

- O prazer é todo meu, meu salvador. — Brinquei na tentativa de tornar a conversa mais leve, não queria falar nem mais um segundo sobre o acontecido. — E eu me chamo Armin Arlert, sou do primeiro ano.

- Sinceramente, achei que não iria funcionar e eu tomaria uma surra. - Ele admitiu soltando uma breve risada após sua fala. - Sou um novato aqui também, provavelmente só me respeitaram porque virei capitão do time de futebol e eles não querem ser expulsos na véspera do campeonato.

Jean me acompanhou até minha sala enquanto me contava sobre como amava futebol, esportes definitivamente não são minha "praia", mas era interessante o ouvir falar sobre o que gostava, a conversa era leve e nem um pouco entediante. Ele tem esse poder de sempre te envolver na conversa, independente do assunto.

No recreio, ele sentou ao meu lado junto de dois amigos seus, Connie e Sasha, e nos apresentou. Eles formavam um trio engraçado.
Voltei para casa nesse dia com o humor melhor do que esperava, até que no final das contas nem tudo foi horrível.

- Armin, tem visita para você, querido. - Minha mãe gritou do andar de baixo.

Me perguntava quem deveria estar procurando por mim às onze da noite de uma sexta-feira, provavelmente não era meu pai, ele só vinha às terças e sábados, e eu não tinha amigos, então apenas desci as escadas e não consegui conter uma risada amarga ao ver quem me esperava em frente a minha porta.

- O que você está fazendo aqui, Yeager? - Eu tentei dizer com o tom mais duro que eu conseguia sem o olhar. Eu estava chateado, com saudades e com raiva também. Ele havia prometido que seríamos melhores amigos para sempre.

- Você não devia estar se divertindo com seus novos amigos em qualquer outro lugar?

- E você, não deveria estar usando a jaqueta do Jean e desfilando com ele por aí? — Eren rosnou, virando o rosto para não me encarar, como uma criança mimada.

— Você veio aqui só para me dizer isso? — Cruzei os braços ainda não acreditando em seu comportamento infantil.

Sem responder, seus braços me envolveram. Senti o calor aconchegante e conhecido de seu corpo ao retribuir o abraço. Era bom. Muito bom.

- Eu fui um idiota... - Ouvi seu sussurro perto de meu ouvido, sua cabeça deitada em meu ombro. - Eu sabia que estavam fazendo bullying com você, mas me afastei com medo de acharem que eu era gay.

Eu lhe afastei. Na época eu já entendia seu medo, mas mesmo assim eu o achei um péssimo amigo. Acho que não estava totalmente errado.

- É sério que você não me ajudou quando eu mais precisava porquê não queriam que achassem que você fosse gay? - Acho que o nojo na minha expressão era nítido, porque você cambaleou para trás comprimindo os lábios. — Eu fui assediado, Eren, se o Jean não tivesse chegado naquela hora eu poderia ter sido estrupado.

Um calafrio percorre por todo meu corpo só de pronunciar essas palavras. As palavras maldosas que Galliard havia me dito ainda eram constantes em minha mente. Já havia ouvido comentários maldosos antes, mas nunca senti tanto medo quanto naquele dia.

- D-desculpa... - Lembro bem de como respirou fundo naquela hora e olhou nos fundos dos meus olhos. - É que na realidade, eu acabei de me descobrir gay, Armin.

- Eu havia me afastado porque percebi que comecei a sentir coisas por você... E achei que me afastar faria isso acabar, mas não acabou. Não vai acabar tão cedo, acho. - Você passava suas mãos pelo seu cabelo impacientemente. Eu não entendia se isso era uma declaração de amor ou uma brincadeira, e não gostava de ambas das opções. - Não quero mais negar meus sentimentos por você.

Antes que eu pudesse processar tudo o que havia escutado, você precionou seus lábios doces sobre os meus, me dando meu primeiro beijo. Eu fiquei estático no começo, mas acabei me entregando por um tempo antes de o afastar por instinto e correr para dentro de casa com o coração acelerado de tão confuso, o deixando só na porta de minha casa.

-- 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐒, 𝖾𝗋𝖾𝗆𝗂𝗇 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora