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O porto estava movimentado. Era um dia ensolarado, diferente daquele à três dias atrás, o qual deixara o convés encharcado. A noite em que Armin ajudou Annie depois de um pesadelo. A loira afastou o pensamento enquanto apertava a mala entre os dedos. Seus olhos velozes procuravam com agilidade o rosto familiar de seu pai. Ele com certeza estaria esperando por ela, certo? A não ser que estivesse trabalhando...

Depois de procurar diversas vezes com os olhos, Annie desistiu. Talvez ele realmente estivesse ocupado. Respirou fundo. A presença de Armin ao seu lado a deixava tensa. Eles não haviam trocado literalmente nenhuma palavra desde a noite passada.

Os flashbacks do que tinha acontecido estavam vívidos ainda em sua mente, e os toques de Armin pelo seu corpo ainda pareciam reais e presentes, embora já houvesse se passado horas. Ela já havia começado a se odiar em partes por tudo que aconteceu. Todos os beijos, todos os toques, tudo, tudo. Entretanto, a outra metade ainda gritava por mais daquilo. Annie fazia questão de afogar essa metade no fundo de seu cérebro.

A fila à sua frente começou a andar logo depois da rampa ter sido baixada, e ambos seguiram a multidão ainda em silêncio. Mesmo sem a coragem de falar nada um para o outro, eles ainda pareciam certos de que não queriam se separar, ou ir para longe, embora fosse claro que eles tivessem que se separar em breve, uma vez que Annie iria para casa e Armin... não.

Ao colocar seus pés em terra firme, a loira sentiu uma grande onda de alívio. Estava em constante estado de alerta dentro daquele navio, e nem ao menos sabia o motivo. Olhou ao redor, ainda atrás de seu pai. Armin estava parado, observando a imensidão de pessoas e prédios. 

Uma mão tocou seu ombro. Annie pulou com o susto, e virou-se, pronta para quebrar o braço de quem quer que fosse que tenha a tocado. Mas, assim que virou e encontrou aqueles olhos, a sua guarda abaixou. Com um sorriso, o homem a puxou para um abraço.

— Pai — ela murmurou.

— Minha Annie, minha criança — disse o homem enquanto a abraçava. Apertada naquele ato de afeto, a garota quase esqueceu de onde estava. Queria afundar no cheiro de casa e nunca mais sair. Trêmula, Annie suspirou. 

Seu pai afastou-a para olhar em seu rosto. A mão quente na sua bochecha a dizia que ele tinha orgulho dela. O olhar bondoso a dizia que nada do que fizera, não importa o quão errado fosse, o faria deixar de estar orgulhoso e feliz por elas estar de volta.

— Senti tanto sua falta, sei que foram apenas algumas semanas desde que nos vimos no Estrondo, mas parece que foram meses — ele disse. E com isso, pareceu notar a presença de Armin. — Você é o homem que matou Eren Yeager.

Não era uma pergunta. O rosto de Armin adquiriu um tom extremamente avermelhado e ele pigarreou antes de dizer um "sim". É verdade: aquela era a fama que Armin tinha para o mundo de fora. O homem que matara Eren Yeager. 

— Pai, este é Armin Arlert — disse Annie. — Um amigo de Paradis.

Antes que Annie pudesse continuar a falar, seu pai agarrou a mão de Armin, dando um aperto consideravelmente apertado. A loira podia ver que o homem estava extremamente emocionado, e Armin, assustado com o ato.

— É um prazer vê-lo, sr. Arlert. Todos de Marley devemos nossa vida à você. Ainda estamos em reconstrução em algumas partes, mas a maioria dos prédios já voltaram a funcionar. O Estrondo quase nos exterminou por completo, graças à você, estamos vivos.

— B-Bom, não foi apenas eu, isso tudo foi graças à todo o esquadrão de militares de Paradis... — Armin gaguejou.

Annie lançou-lhe um olhar que dizia que era melhor que ele deixasse seu pai agradecê-lo e pensar o que quisesse. Armin desistiu de tirar a vitória sobre seu nome. Quando o pai de Annie afastou-se, ele agarrou a mala novamente, nervoso por ter contato com algum ser humano fora da muralha. 

𝑚𝑦 𝑦𝑒𝑙𝑙𝑜𝑤 {𝐚𝐫𝐦𝐢𝐧 + 𝐚𝐧𝐧𝐢𝐞}Onde histórias criam vida. Descubra agora