heterochromia | vhope HIATUS

#18

O vento frio cortava o corpo de Hoseok, fazendo-o fechar os olhos, sentindo a energia pesada que aquele lugar transmitia, ao seu ver. Ergueu seu olhar novamente, abraçando um buquê de flores contra seu corpo. Observou todos aqueles túmulos diante de seus olhos, olhou alguns deles, pensando em quantas histórias e sonhos poderiam estar ali, enterrados.

Seguiu o caminho que já conhecia dentro daquele cemitério, parando em frente a um túmulo simples, uma estrutura pequena com os nomes "Jung Miyeon" escritos. Um sorriso pequeno e triste surgiu em seu rosto.

Hoje seria o aniversário de sua mãe, ela estaria completando cinquenta anos se ainda estivesse viva. Essa data, 17 de agosto, era uma data muito comemorada quando ele era mais novo e a mulher ainda estava com ele, porque ela sempre amou festejar um ano a mais de vida. Depois que Miyeon se foi, Hoseok deu o melhor de si tentando fazer esse dia ser um dia alegre, pois era isso que ela merecia, toda a alegria do mundo, porém era impossível não sentir seu coração pesar de tanta saudade.

Com os olhos marejados, Hoseok se abaixou perto do túmulo de sua mãe e deixou ali em cima um buquê lindo de margaridas brancas como leite.

ㅡ Quando eu era pequeno, meu sonho era trabalhar para poder te dar flores todas as semanas, porque você amava tanto elas, principalmente as margaridas. ㅡ Hoseok piscou, sentindo as primeiras lágrimas descerem pelas suas bochechas. ㅡ O sorriso que aparecia no seu rosto todas as vezes que eu te dava algumas flores roubadas dos jardins da vizinhança era tão gratificante, fazia valer à pena cada grito que o vizinho da esquina dava quando me pegava em flagrante. Agora eu posso te dar quantas flores eu quiser, mas eu não recebo seu sorriso de volta...

O moreno fechou seus olhos, lembrando do rosto angelical de sua mãe o dizendo para não roubar flores dos vizinhos, mas ao mesmo tempo sorrindo, enquanto as colocava em um pote com água.

Sem se importar se sujaria suas roupas, Hoseok se sentou no chão, com as pernas cruzadas, aproveitando cada memória que lhe vinha a mente.

ㅡ Você vivia fazendo planos para quando eu estivesse casado e com filhos, me deixava feliz pensar em um futuro com você ao meu lado, me aconselhando e me dizendo o que fazer. ㅡ Respirou fundo. ㅡ Eu não estou casado hoje, mas eu tenho a Yeonjoo, você amaria tanto conhecer ela, ela amaria te conhecer também, eu sempre conto para ela histórias sobre você e ela fica encantada, eu tenho certeza que vocês seriam melhores amigas. ㅡ Hoseok sorriu fraco, imaginando.

Um zelador do cemitério passou por Hoseok, perguntando-o se estava tudo bem, ainda que com lágrimas no rosto, o homem assentiu, dizendo que sim, vendo o senhorzinho se afastar em seguida. Queria que sua mãe tivesse chegado até aquela idade também.

Ficou alguns minutos quieto, tentando controlar o sentimento que invadia cada parte de seu corpo, era como uma saudade extrema que se mostrava muito mais presente no dia de hoje do que no resto do ano.

Doía. Doía muito não ter sua mãe aqui para cuidar de si e ser cuidada. Hoseok odiava o fato de que era muito novo para defendê-la de seu pai quando ele a fazia sofrer, odiava tanto ela não ter tido bons dias e anos antes de falecer, porque ela merecia isso. Achava injusto viver em um mundo onde boas pessoas eram obrigadas a viver infelizes enquanto pessoas más continuavam tendo vidas boas.

"Coisas ruins acontecem com pessoas boas." era uma frase que resumia bem Jung Miyeon.

ㅡ Tem esse homem... Ele chama Kim Taehyung, eu estou apaixonado por ele. ㅡ Hoseok riu fraco. ㅡ No momento ele está com raiva de mim por causa de um mal entendido, eu também estou com um pouco de raiva, mas eu ainda fico feliz quando penso na pessoa que ele é e nos momentos que nós já tivemos. Eu tentei ligar para ele depois da discussão, porque você sempre dizia que nós não devemos deixar as pessoas que nos fazem bem escapar tão fácil, então eu acreditei que me diria para ligar para ele, ele não me atendeu, eu desisti por enquanto, acho melhor eu esperar ele se acalmar.