ME DERAM A IDEIA, E O QUE EU FIZ? ISSO MESMO, ESCREVI

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Opa, tudo bem?

A Wakwnda_ comentou sobre fazer uma história do zelador, já que os jovens sempre usam o quartinho dele para se... Pegarem, então o que eu fiz? Isso mesmo, uma história sobre um zelador.

Ela é triste, e já explicando, o personagem tem Alzheimer. Eu fiz ela bem rápida, e eu me baseei em algumas coisas da vida real também.

Mas, vamos a história.

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Meus olhos cansados passaram por cada canto daquele velho armário pouco iluminado e empoeirado, eu suspirei e joguei o pano sobre meu ombro. Aqueles adolescentes outra vez se atracando no meu cantinho, ainda não sei como o diretor não fez uma proibição contra os jovens se "pegarem" — como eles mesmos diziam — dentro da escola. 

Eles deviam estudar, isso sim. Matemática, português, geografia...eu sentia tanta falta daquela época, quando era apenas o Zezinho, não o seu Zê. Se eu tivesse aproveitado mais talvez não estivesse limpando a sujeira que eles fazem no meu armário e nessa escola. Mas eu não ia reclamar, eu tinha emprego, eu levava dinheiro pra casa, e dava pra cuidar dos meus filhos e netos.

— Seu Zê? — Ouvi chamarem e me virei, vendo Pedro, um dos meus amigos daqui, eu sorri e tentei ficar de pé, ele me ajudou. 

— O que faz aqui, Pedrinho? Faltando aula de novo? Sabe o que eu lhe disse- 

— Sim, sim: "Estude para ser alguém no futuro, e não ser como eu". A professora Ângela faltou, e eu acabei decidindo ver como o senhor estava. — Ele passou os olhos pelo armário e suspirou. — Parece que o pessoal tem te dado muito trabalho ultimamente. Precisa que eu ajude a limpar? Eu não me importo. 

— Não, menino. Está tudo bem, acostumei com esse tipo de bagunça a uns dez anos. Sabe, esses adolescentes de hoje em dia só pensam em sexo, eles deviam se preocupar com não terem filhos cedo. Milena e eu tivemos nosso primeiro quando ela tinha dezesseis, eu assumi o menino, João Augusto, rapagão bonito ele era. Sinto falta dele, mas ele me deixou minha netinha, a Maria. Já viu ela, né? É a cara do pai. — Pedro me ajudou a sentar no banquinho de madeira e pegou um pano do cesto, jogando álcool para limpar a bagunça e a poeira. — Foi uma dor imensa quando ele morreu, morreu jovem, uns anos mais velho que você, depois minha filha, Elena ficou doente, depois do parto dos gêmeos, o Felipe e o Miguel, estamos gastando muito com os remédios. Mas o marido, André conseguiu emprego numa empresa, ele consegue comprar os remédios e eu ajudo cuidando dos meus netinhos. 

— Queria poder ajudar de algum jeito, eu vi o que os meninos fizeram na semana passada, o senhor me disse que não queria ir ao hospital. Mas está abatido, eles fizeram muitos machucados em você quando te jogaram no chão, idiotas. Quase não cheguei a tempo com a Bianca. O diretor não fez nada, mas só porque Marcos é filho dele. Ele é um baita idiota! 

— Menino, senta aqui do meu lado, eu vou te contar uma história da minha juventude, quando eu corria atrás de galinha lá em Santa Catarina, pra trocar por carrinho de Rolimã. — Bati no banquinho do meu lado, Pedro soltou o pano e sentou, eu suspirei olhando o teto, pensativo, lembrando daquelas boas memórias. — Tudo começou quando-... 

(1950)

Eu tinha dez anos naquele ano, tinha acabado de fazer e agora era um moço, como mamãe dizia. Minha mãe não pode fazer uma festa daquelas bem chique pra mim, como os filho dos ricaço da minha cidadezinha, mas ela e minhas irmãs prepararam um bolinho de milho verde, a gente tinha pouca comida, mas meu pai disse pra eu guardar um pedaço de bolo pros próximos dias. Mas eu era menino, esfomeado, eu queria botar aquele bolo pra dentro, então, toda noite antes de deitar, eu pegava um pedaço pequeno do meu bolinho e comia. 

𝑭𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒔 𝑨𝒃𝒔𝒖𝒓𝒅𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑹𝒖𝒊𝒏𝒔... - 𝕃𝕚𝕒𝕣 'Onde histórias criam vida. Descubra agora