Prólogo

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Quando Diana Donati entrou no pequeno quarto de Melina Lermen, acompanhada pelo motorista daquela família abastada, a Sra. Lermen ainda chorava e Dieteze, a governanta, com os olhos em um porta-retrato sobre o criado-mudo, parecia aflita. O motorista pigarreou para chamar a atenção das ocupantes do quarto, mas só a Sra. Lermen, sentada na peseira da cama, com os cabelos grisalhos revolvidos e a maquiagem borrada pelas lágrimas, virou-se na direção da porta.

— Graças a Deus — disse, indo até Donati.

Com o QI acima da média, Diana Donati, de 31 anos, era uma mulher geniosa, mas brilhante. Neta de imigrantes italianos, trabalhava como colunista freelancer de um jornal local e, na maior parte do tempo, consultora particular. Por possuir memória fotográfica, costumava escutar seus clientes atentamente, determinando que nenhum detalhe fosse ocultado durante o depoimento, e, então, ao organizar as informações num ângulo apropriado, mostrava-lhes aquilo que não conseguiam enxergar. No entanto, quando o transtorno do cliente não podia ser resolvido em seu bucólico escritório, situado no Edifício Eldorado, zona oeste de São Paulo, era preciso sair e analisar os detalhes com os próprios olhos a fim de encontrar a ordem no aparente caos. 

DIANA DONATI - O Caso do BastardoOnde histórias criam vida. Descubra agora