Capítulo Vinte e Oito

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Abri a mão e alguns flocos de neve caem na mesma.

O capuz da minha capa estava preso na minha cabeça para não voar, queria ver a neve que cobria os jardins. Vê-la em um lugar aberto é diferente do que nas ruas de pedra de Tiberian.

Sempre gostei do inverno, é minha estação preferida.

Ajeitei a capa voltei a andar, minhas pegadas faziam um caminho de neve.

- Ei! Você!- me virei e vi Morrigan. A garota se aproximou segurando a saia do vestido cinza claro, usava botas e luvas de renda da mesma cor, o cabelo meio preso, diferente do meu que estava solto, ela usava uma capa curta cinza com o capuz.- Quem é você de verdade?- Disse parando de andar ficando na minha frente.

- Meu nome é Elizabeth, mais conhecida como Dama da noite, assassina de Tiberian.- disse inclinando um pouco a cabeça, Morrigan deu dois passos para trás com medo.- Não precisa ter medo de mim, não sou um monstro.

- Você mentiu? Esse tempo todo?

- Sim.

- Até sobre a nossa...nosso início de uma amizade?-agora ela realmente parecia estar chateada e um sentimento de culpa passou pelo meu peito.

- Isso não, eu nunca tive a intenção de ser sua amiga, te ajudei com seu problema e ficamos próximas, não podia sair do meu disfarce.

- Quais eram as suas intenções aqui?

- O príncipe sabe quais eram minhas intenções.

- Se você é a Dama da noite então...

- Sim, mas já está resolvido e eu estou trabalhando com o príncipe agora.

- Eu confiava em você.

- Ninguém nunca pode confiar em mim, nem eu confio em mim mesma.- admito, percebi isso com esses últimos dias, com essas sensações e sentimentos que estou vivendo.

Ficamos em silêncio, abracei meu corpo por causa do vento frio, olhei para as minhas botas cobertas da neve.

- Ainda podemos ser amigas?- voltei a olhar ela.-Meus pais cismaram que vão ficar mais um tempo nesse castelo, até a neve abaixar, ficar sozinha é um saco.

- Tudo bem.

- Sério? Assim, eu não ligo que você é uma assassina...na verdade eu já ouvi histórias suas e fico honrada que te conheço pessoalmente, apenas...apenas continue conversando comigo como antes.

- Claro.- sorrimos fraco, me aproximei, estendi o cotovelo e a Lady aceitou.- Vamos para dentro, está congelando aqui.

- Podemos pedir um bolo escondido? Minha mãe está trancada no quarto dela.

- Com chocolate quente?

- Sim!- disse animada e eu ri.

Quando anoiteceu, depois do jantar, eu não fui para o meu quarto, andei em direção aos quartos dos empregados e bati na porta de Liandra.

A garota atendeu, ela estava de roupão e camisola, Liandra tentou fechar a porta mas eu coloquei meu pé impedindo.

- Não estou aqui para brigar, apenas quero conversar.- meio hesitante, Liandra deixou eu entrar.

Me sentei na cama dela e a garota se aproximou aparentava ter medo.

- Por que você contou a verdade para o príncipe?

- Porque eu estava com medo, você havia mentido sobre uma coisa importante. E também, ele é o príncipe, qualquer coisa que ele perguntar tem que ser respondida com verdade.

- Tudo bem. Eu estava errada, eu admito.

- Depois que eu vi você correndo eu me senti culpada, me desculpa.

- Tudo bem, também peço desculpas por ter mentido.

Terminei de conversar com Liandra até estar tudo bem entre nós, depois eu voltei para meu quarto.

Abri a porta do mesmo enquanto eu tirava minhas luvas e vi uma caixinha com um bilhete em cima da minha cama.

- Ah não.- digo fechando a porta, me aproximo da caixinha já esperando o pior mas primeiro eu leio o bilhete.

Para você.

Aleksander.

Era a letra de Aleksander , abri a caixinha e inclinei a cabeça tirando o que tinha dentro. Era uma pulseira de ouro e havia uma pedra safira, a mesma cor dos olhos dele.

- Até que ele tem bom gosto.- coloco a pulseira no meu pulso direito, era bonita.

Andei na direção do banheiro para começar a trocar de roupa.

A Dama Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora