Capítulo Trinta e Seis

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Nunca estive em um baile e me senti tão isolada.

O salão de baile estava cheio, nevava do lado de fora mas o salão estava aquecido. Pessoas dançavam, bebiam, comiam e conversavam.

Aleksander andava pelo salão conversando com diversas pessoas, tinha tirado a capa e devolvido o cetro, apenas a coroa brilhava na sua cabeça.

Não conversei muito com Morrigan para que a mãe dela não me veja com sua filha e faça algum escândalo. Vi Liandra andando com uma bandeja e bebida mas decidi não a atrapalhar.

Já tinha comido algumas comidas e estava na minha segunda taça de vinho, apenas olhava as pessoas se divertindo. Os vestidos coloridos, os homens de ternos, eu era a única praticamente com um vestido preto.

Eu senti um pressentimento estranho, como se algo ruim fosse acontecer, rezava para que nada acontecesse hoje comigo ou com Aleksander.

Vi Baltazar e Genevive dançando entre outros casais. Eu acho que Baltazar tem alguma culpa, mas não sei se ele é totalmente o assassino, mas eu o entenderia se ele fosse o vilão.

Além de que, quando você está na sucessão do trono você quer a coroa, é a ganância e maldição da realeza.

Arthur conversava com alguns homens rindo e provavelmente contando piadas. Aleksander estava a poucas pessoas distante de mim.

Levantei meu olhar enquanto terminava de beber o vinho da minha taça. Acabei trocando olhares com Aleksander e sorri fraco.

- Senhorita Elizabeth?- me virei para o lado oposto onde tinha um empregado ofegante.

- Eu mesma.- ele estendeu uma carta.

- Acabou de chegar para a senhorita, disseram que é urgente e tem um homem no jardim da frente que também que vê-la.

- Obrigada.- segurei a carta e ele pegou minha taça se afastando.

Olhei e tinha a palavra urgente com o meu nome e escrito Dama da noite. Abri a carta rasgando o envelope e pegando o papel de dentro.

Eliza, sou eu Eric Herondel.

Meu coração apertou, eu o conhecia, era o braço direito de Matthew e melhor amigo do mesmo. Ele que foi meu treinador com armas.

Venho por meio dessa carta para dar notícias críticas e nada boas. O prédio de Matthew pegou fogo durante a madrugada do meio dessa semana.

Cinco assassinos morreram, outros conseguiram escapar junto com os funcionários. Já Matthew, ele está em um estado crítico.

Coloquei a mão na boca segurando as lágrimas, olhei para trás e percebi que Aleksander vinha na minha direção. O deixei para trás, segurei a saia do meu vestido e fui na direção da porta dupla do salão.

Quando estava no corredor, meus saltos faziam barulho, quase correndo, voltei a ler a carta mesmo com a pouca iluminação.

Matthew se encontra com graves queimaduras nas panturrilhas, coxas e braços, os curandeiros disseram que eles vão curar elas mas Matthew está em coma induzido para aliviar a dor.

Mas essa não era a pior parte, me encontre no jardim, estou te esperando.

Lágrimas caíram dos meus olhos, segurei a minha saia e sai correndo o mais rápido que conseguia por causa dos saltos.

Os guardas abriram as portas e o vento frio fez meu corpo tremer. Desci as escadas e me aproximei do homem de capa escura perto de um cavalo.

Ele era alto, tinha a pele clara, cabelos longos ruivos amarrados em um rabo de cavalo, os olhos eram verdes e tinha algumas sardas pelo rosto.

- Eric.- quase gritei em lágrimas, o homem se virou, ele me abraçou e não liga a se minha maquiagem estava borrando.- O que...Como....- engoli o choro e separei o abraço.- Como Matthew está?

- Mesmo estado que eu escrevi na carta, vivo mas em coma, eu vim para Novya resolver alguns assuntos pendentes e sabia que você tinha que ser avisada da situação.

- Qual a pior parte?- digo limpando minhas lágrimas e abracei meu próprio corpo.

- A pior parte foi que tudo foi um aviso para você.

Não.

- Como assim?- minha respiração falhou, não sabia se era pelo frio ou por medo.

- Na ala médica eu recebi uma carta que era para Matthew, o nome era da mesma pessoa que te contratou para matar o príncipe. Na carta dizia que era mais um aviso e o último, o próximo seria a sua morte, definitiva.

Meu corpo tremeu, vento frio passou por nós.

- Os guardas não deixaram eu entrar mas eu tive que falar com você, isso me preocupa. Matthew e o resto vamos ficar bem, mas e você? Isso foi claramente para te afetar emocionalmente, porque a pessoa sabia que o prédio era importante para você.

- Você não tem nenhuma ideia de quem é a pessoa?- Eric negou.

- Apenas sei que vem desse castelo.- uma esperança acendeu dentro de mim.

- Como assim?

- Não sei quem escreve a carta, mas teve um mensageiro que disse que uma delas veio do palácio, claro que ela passa na mão de vários mensageiros até chegar em Tiberian.

- Já é alguma coisa. Está ficando tarde, não quero que ande pelas ruas vazias.- ele riu.

- Eu sei me cuidar Eliza, vou voltar para Tiberian pela manhã.

- Cuide de Matthew por mim, por favor. Não sei quando que vou poder visita-lo.

- Vou cuidar.- nos abraçamos uma última vez, ele subiu no cavalo e foi embora.

Entrei no castelo e fui direto para meu quarto, não iria voltar para o baile.

Tirei minha maquiagem, meus pés ficaram descalços, meu vestido lindo foi trocado pela minha camisola simples, e meus cabelos caíram nos meus ombros.

Eu chorei, não sabia quanto tempo mas chorei apenas de pensar na possibilidade de perder Matthew, perdi meu quarto, minhas coisas, livros, mesmo que a maioria estivesse aqui comigo. Momentos e lembranças dos treinos foram queimados.

Talvez fosse madrugada quando bateram na porta do meu quarto. Limpei as lágrimas, com medo e peguei a adaga mais próxima. Me levantei da cama, abri a porta com adaga em mãos.

- Pelos céus você está aqui, pensei que tinha fugido novamente.- Aleksander disse parecendo aliviado mas sua expressão mudou quando me olhou.- O que houve? Por que estava chorando?

Ele entrou e fechou a porta, estava sem a coroa, o casaco já tinha alguns botões abertos, joguei a adaga na cômoda.

- Ei me diz o que houve? Você saiu correndo no baile e não apareceu mais, eu achei que você tinha fugido de novo.- segurou meu rosto com as duas mãos, algumas lágrimas caíram dos meus olhos.- Liza...- abraçou meus ombros.

Eu expliquei a carta, o encontro com Eric e a descoberta, Alek me entregou um copo com água.

- Tá tudo bem, amanhã vamos resolver isso.- assenti e ele me abraçou.

A Dama Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora