Capítulo Quatro

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Acordei no susto e olhei para a porta do meu quarto enquanto ofegava, nada aconteceu, as trancas continuavam intactas.

- Foi só um pesadelo...foi só um pesadelo.- me sentei devagar na cama enquanto tirava o cabelo do meu rosto.

Respirei fundo vendo que já era de manhã, levantei da cama e comecei a me arrumar. Coloquei botas pretas que iam até metade da panturrilha, uma calça escura, um corpete preto e uma blusa branca de manga por baixo do corpete.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, coloquei duas adagas presas nos suportes nas minhas coxas, a terceira escondi dentro da bota direita. Coloquei uma capa longa marrom por cima e sai do meu quarto.

Depois de tomar café no refeitório do primeiro andar, fui avisada que minha carruagem havia chegado. Eu iria de carruagem mas antes de chegar em Novya, eu iria de cavalo.

Peguei minhas duas bolsas que eu levaria, colocando elas nos meus ombros, sai do prédio vendo Matthew conversando com os condutores. Coloquei minhas bolsas dentro da carruagem e me virei para falar com Matthew.

- Boa sorte na missão, a pessoa da carta disse que eles já estão esperando uma Milena Brekker, uma garota do campo para trabalhar no castelo. Faça direito.

- Sempre faço.

- Se precisar de algo, escreva uma carta com códigos.

- Tá bom.- ele apertou meu ombro e sorriu fraco, sorri de volta e subi na carruagem.

Matthew fechou a porta e bateu duas vezes nela, a carruagem começou a se movimentar com o relinchar dos cavalos. Estiquei minhas pernas no sofá da carruagem e afastei um pouco as cortinas para olhar as ruas pela janela.

Eu dormi boa parte da viagem, mas isso fez que eu acordasse com dor no pescoço, eu li alguns folhas que Matthew havia me dado com os costumes de Novya e como se comportar como uma empregada.

Eu já tinha me passado por uma empregada em outro trabalho, mas era na casa de um nobre comum.

O que me preocupava era como eu vou matar o príncipe.

Ao anoitecer, uma chuva começou a cair na estrada, perguntei para os homens que conduziam a carruagem se eles estavam bem, eles fizeram que sim.

A carruagem parou na primeira hospedaria que achamos, coloquei minha bolsa com roupas no ombro e o capuz na minha cabeça. A carruagem estava na área coberta da hospedaria, mas para entrar nela eu deveria passar pela chuva.

Corri segurando meu capuz sendo atinginda pela forte chuva, trovões ecoavam nos céus. Ia entrar na porta da hospedaria quando um homem com capa preta esbarrou em mim e quase caímos.

- Olha por onde anda.- digo.

- Desculpa.- sua voz não era grossa, mas também não era fina, não vi seu rosto por causa do capuz. Passei na frente dele entrando no saguão da hospedaria.

Olhei para os lados, minha capa pesava sobre meu corpo por estar molhada, fui na direção da bancada com uma senhora.

- Boa noite.- sorriu amigavelmente.

- Boa noite, tem algum quarto vago?- levantei um pouco o capuz para ela ver meu rosto.

- Sim, você chegou a tempo, daqui a pouco estaremos lotados. Para quantas noites?

- Apenas essa.- ela assinou alguns documentos.

- Cinquenta Frags, senhorita...

- Brekker.- abri minha bolsa para pegar o dinheiro, percebi que o sujeito de capa preta esperava sua vez, atrás de mim. Entreguei as moedas para a senhora.- Tem algum jantar?

- Sim, por causa da chuva estamos fazendo sopa de carne com legumes ou só legumes.

- Eu vou querer uma sopa de carne com legumes, tem como levar para o meu quarto?

- Sim.- ela anotou em um papel e me entregou as chaves.- Quarto cento e vinte, suba as escadas, no final do corredor esquerdo.

- Obrigada.- a senhora sorriu, ajeitei a alça da minha bolsa e me afastei puxando o capuz para frente, passei pelo homem e senti seu olhar queimar nas minhas costas.

Subi as escadas e fui para o meu quarto, era um quarto de hospedaria normal, acendi a lareira para esquentar o quarto. Tirei a capa molhada colocando perto da lareira para secar com o calor, tirei as adagas e os suportes colocando na cama de lençóis cor creme.

Depois de meia hora, bateram na porta do meu quarto, atendi e agradeci pela sopa que tinha pedido. Tranquei a porta e coloquei uma cadeira na frente da mesma.

O cheiro estava muito bom e estava quente, me sentei perto da janela e comecei a comê-la enquanto olhava a chuva e os trovões iluminando o céu escuro.

A Dama Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora