[02] Cool Kids

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[Centro de Tokyo, Janeiro, Férias - Eijirou Kirishima]

O colégio tinha acabado e a maior parte dos alunos decidiram fazer seus cursos em universidades no centro de Tokyo e, naturalmente, deixarem a casa dos pais. Eu não fui diferente, o único problema era encontrar um local para morar com o pouco dinheiro que eu recebia por mês, até eu encontrar um emprego bom na capital, precisaria de alguém para dividir um aluguel comigo. Eu vinha discutindo isso com meus amigos, inclusive falei muito com o Denki sobre, mas ele acabou percebendo que nossas faculdades tinham direções opostas e não levamos esse assunto para frente.

A única pessoa na qual eu tinha presumido que negaria qualquer um dos meus pedidos, na verdade, me veio com uma oferta no dia da formatura.
— Ei Kirishima, ouvi dizer que você ainda não tem nenhum lugar no centro para morar, — Confirmei com a cabeça um pouco sem jeito. — A gente 'tá mesma universidade e eu fechei o aluguel de um apartamento lá perto com dois quartos, estava pensando alugar o quarto vago 'pra qualquer um disposto a pagar, então, se você quiser, ele é seu.

— Sério Bakugou? Eu aceito, claro que eu aceito. — Fiquei extremamente empolgado com aquela situação, afinal eu tinha resolvido o último problema que me faltava.

— Se você não pagar em dia eu te chuto pela janela tá me ouvindo? Mais tarde te mando mensagem com o endereço e o valor do aluguel, te vejo daqui uma semana idiota.

Naquela semana, depois de receber todas as informações, eu fiz minhas malas, me despedi dos meus pais e fui de metrô até o endereço. Talvez eu estivesse sendo precipitado demais, mas eu já convivi com ele uma vez, então pensava que não seria muito diferente dos dormitórios.

Eu estava errado.

No início, semanas antes das aulas realmente começarem, estava tudo indo de certa maneira bem, a maior parte das noites ele saia e me deixava sozinho, mas eu não me interessava em saber o porquê, afinal, a vida era dele. Eu pensava isso até o dia em que ele chegou em casa com a cara esfolada, as roupas sujas, e cheirando a álcool, mal tinha feito seus dezenove anos e já estava desse jeito, com toda certeza tinha se metido com quem não devia.

Depois dele passar pela porta e cair no chão de joelhos, fui eu quem o levou para o chuveiro, fui eu quem cuidou dos machucados no rosto e no abdômen e fui eu quem o colocou na cama. Definitivamente ele estava fora de si, porque o Bakugou que eu conhecia teria impedido a todo custo ter alguém cuidando dele.

Toda a fragilidade dele naquele momento me deixou um tanto sensibilizado, não me era comum, na verdade nunca nesses últimos três anos eu tinha visto ele daquele jeito, muito pelo contrário, ele sempre me pareceu um homem bem forte, coisa que eu admirava muito.

— Ei, não vai embora por favor. — Bakugou murmurou para mim, ele ainda não estava dormindo, mas com certeza não estava muito ciente do que dizia, antes de eu conseguir ir embora de seu quarto, ele segurou meu pulso de maneira fraca e pediu novamente como uma súplica. — Não vai embora de novo Izuku.

Eu demorei muito tempo para assimilar o que ele queria dizer me chamando de Izuku, mas eu não era nenhum idiota, talvez eu só estivesse negando a realidade da situação, por fim ignorei o fato dele ter dito o nome de Midoriya e me deitei junto com ele.

Na manhã seguinte dei a sorte de acordar antes do Bakugou, fiz algo para nós dois comermos e deixei a parte dele em cima da mesa junto com uma aspirina porque ele com certeza acordaria de ressaca, logo em seguida voltei para o meu quarto.

Horas depois ele acordou, normalmente eu nem sabia que quando ele já estava de pé, essa era uma das coisas que eu percebi nessas primeiras semanas morando com ele: Katsuki era uma pessoa quieta demais, quer dizer, ele era silencioso demais. Mas nesse exato instante estava esbravejando todos os palavrões possíveis, alguns que eu nem sabia que existiam. Não tinha ideia do que havia acontecido e nem gostaria de saber ou me intrometer, mas inconscientemente ouvi ele ir até a cozinha comer o que eu havia deixado e em seguida ligar para alguém.

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